Floresta Nacional de Tefé, no Amazonas, tem potencial turístico para observação de pássaros

O birdwatching ou “passarinhar”, como é chamado carinhosamente pelos adeptos brasileiros, é um movimento que ganha força e mobiliza milhões de apaixonados pelo mundo. O hobby de observar pássaros em habitats naturais é um ramo promissor para o ecoturismo na Amazônia. Lar de cerca de 1.300 espécies de aves, o bioma oferece variedade e beleza de fauna, em lugares ainda pouco conhecidos por turistas, domésticos ou internacionais. É o caso da Floresta Nacional de Tefé, foco de uma pesquisa recente que identificou 198 espécies de aves na região.

Entre os animais observados, estão espécies altamente atrativas para “passarinheiros”, como a choquinha-do-madeira (Epinecrophylla amazônica), formigueiro-dataoca (Hafferia fortis), marianinha-de-cabeça-amarela (Pionites leucogaster) e saíra-diamante (Tangara velia). Destaques para o gavião-real (Harpia harpija) e para a choca-pintada (Megastictus margaritatus), ave com distribuição restrita e difícil de observar.

O estudo foi conduzido por profissionais com experiência em turismo sustentável de natureza e observação de aves na Amazônia: Pedro Nassar, coordenador do Programa de Turismo de Base Comunitária do Instituto Mamirauá, e Jéssica dos Anjos, bióloga que trabalhou como guia naturalista na Pousada Uacari.

Foto: Divulgação/Instituto Mamirauá


Conheça a Floresta Nacional de Tefé

Localizada próxima ao município de Tefé, região central do estado do Amazonas, a Floresta Nacional (Flona) de Tefé é uma área de proteção ambiental com mais de 800 mil hectares.

A Flona é vizinha de uma gigante da conservação, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, onde atividades turísticas de base comunitária já são realizadas há mais de 20 anos com a Pousada Uacari.

A pousada oferece pacotes especiais e já é um ponto conhecido por observadores de aves. A inclusão da Floresta Nacional de Tefé no circuito de passarinheiros pode fortalecer o segmento na região e ser uma alternativa de renda para os moradores locais.

“Por se tratar de uma área protegida, de grande potencial para observação de aves, com ecossistemas diferentes dos encontrados na Reserva Mamirauá, como florestas de igapó e em especial a terra firme, pensamos em criar um pacote de observação de aves conjunto, contendo visitas à RDS Mamirauá e à FLONA de Tefé”, afirmam Pedro Nassar e Jéssica dos Anjos.

Foto:Divulgação/Instituto Mamirauá

Os pesquisadores ressaltam a riqueza de aves que existem nas duas unidades de conservação, que estão em lados diferentes do rio Solimões. “A Flona de Tefé está localizada ao sul do rio Solimões, enquanto a RDS Mamirauá está localizada ao norte. Sabe-se que, para muitas espécies de aves, o rio Solimões é uma barreira, agindo como um divisor natural para essas espécies”.

Em busca das aves

Para conhecer melhor a diversidade de aves na Floresta Nacional de Tefé e poder oficializar a criação de um pacote turístico de observação de aves, os pesquisadores fizeram um levantamento de espécies em março desse ano. A equipe visitou três comunidades da floresta e percorreu 29,25 quilômetros em terra firme e 18,73 quilômetros em igapó, totalizando mais de 40 horas de atividade.

Foto:Divulgação/Instituto Mamirauá

As observações começavam cedo pela manhã, por volta de 6h, e no início da tarde, e seguiam trilhas na mata usadas pelos moradores para coleta de castanha e outras que já estão sendo preparadas para a atividade turística.

“As espécies foram identificadas por visualização ou por registro sonoro.  Foram amostrados ambientes de terra firme, igapó e igarapés e suas matas ciliares. Identificamos 198 espécies de 48 famílias de aves, algumas com grande apelo para o turismo, seja por sua beleza, raridade, dificuldade de observação ou grau de ameaça”, explicam os pesquisadores.

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