De maneira educativa e divertida, estudantes aprendem no Circuito da Ciência do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC) sobre a vida do Gavião-real (Harpia harpyja), uma das maiores e mais poderosas águias do mundo. O Circuito da Ciência é um projeto de sensibilização ambiental, que alia lazer e conhecimento científico, e acontece uma vez por mês, no Bosque da Ciência, espaço de visitação do Inpa.
Na oportunidade, guias conduzem a visita de professores e alunos pelos estandes das exposições distribuídas no Bosque. As atividades são organizadas pelos eixos de saúde, práticas ambientais e biodiversidade, promovendo uma imersão dos estudantes no universo científico. Palestra e gincana também estão no roteiro do circuito.
Liderado pela pesquisadora Tânia Sanaitotti, o projeto Harpia atua há mais de 20 anos no estudo e conservação do Gavião-real. A equipe do projeto no Inpa, realizado em parceria com outras instituições, é quem conduz as crianças no entendimento sobre o comportamento, hábitos alimentares, locais de vivência da ave e ameaças sofridas na natureza.
A espécie é considerada quase ameaçada de extinção no mundo e em situação de vulnerabilidade no Brasil. As principais ameaças são a caça e a perda de habitat pelo desmatamento e plantio de soja. No circuito, os alunos podem ver de pertinho, por exemplo, ossos das presas da ave, as mudanças de colorações e painéis sobre a tecnologia das armadilhas fotográficas que ajudam os pesquisadores a monitorar ninhos e o comportamento da espécie.
Em cativeiro, a espécie consegue viver 51 anos, na natureza os pesquisadores ainda não sabem ao certo. No meio ambiente, o gavião-real exerce papel importante para a regeneração da floresta. “Como predador do topo de cadeia, o Gavião-real faz um controle da população dos indivíduos na natureza que se alimentam de animais, frutos e folhas. A ausência de predadores de grande porte tem uma interferência direta na regeneração da floresta, o que causa um grande impacto”, explicou a integrante do projeto Harpia, a bióloga com doutorado em Ecologia Helena Aguiar.
Aranhas
Tradicional no Circuito, a exposição dos Invertebrados Terrestres Vivos continua atraindo a atenção dos visitantes ao mostrar e manipular aracnídeos vivos e outros invertebrados. As aranhas caranguejeiras se destacam nesse mundo de descoberta, curiosidade e aventura.
“Apesar de as caranguejeiras serem grandes e apresentarem pelos que podem assustar, não são perigosas, diferente das aranhas armadeira e marrom que são menores e têm veneno neurotóxico”, explicou a pesquisadora Elisiana Oliveira.
As aranhas possuem o veneno para imobilizar as presas, pois são predadoras e contribuem para o equilíbrio ecológico. Elas costumam se alimentar de animais nocivos para a agricultura (grilos, gafanhotos, mosquitos, baratas), não avançam e fogem quando se sentem ameaçadas. As caranguejeiras, por exemplo, lançam os pelos como defesa.
“Estou gostando bastante da visita, pois estou aprendendo várias coisas sobre a Amazônia, como o mata-matá e plantas medicinais, que me chamaram a atenção”, disse o aluno do 9º ano da Escola Estadual Antônio Bittencourt, Kauã Dutra, 13, que tem interesse em cursar faculdade de biologia ou física.
O público-alvo do projeto são alunos do 6º ao 9º ano do ensino fundamental de escolas públicas e particulares. O agendamento pode ser feito pelo sistema eletrônico http://abc-bosque.inpa.gov.br/. No endereço é possível obter informações e as datas das próximas edições do Circuito na Ciência.
Nesta edição, o projeto recebeu as escolas Municipais Professor Roberto dos Santos Vieira e Ana Mota Braga, a Escola Estadual Antônio Bittencourt e o Instituto de Educação do Amazonas (IEA).