Depois de duas semanas de intensas negociações, a 23ª Conferência do Clima da ONU (COP-23), realizada em Bonn, na Alemanha, termina nesta sexta-feira (17), quando as delegações dos 197 países se reúnem para aprovar o documento final desta edição.
A expectativa é que Fiji, ilha que preside a COP-23, apresente um formato para o chamado “Diálogo Talanoa“, que pode conduzir uma conversa entre os países em 2018 na tentativa de aumentar a ambição das metas nacionais.
Apesar de ter sido assinado há dois anos, o Acordo de Paris sobre as Mudanças Climáticas foi um dos norteadores das reuniões, principalmente após o presidente Donald Trump anunciar a retirada dos Estados Unidos do pacto mundial. A Conferência do Clima será encerrada com a pressão para que se decida como viabilizar as metas do acordo, que prevê que o planeta se aqueça no máximo 2ºC até 2030, em relação aos níveis pré-industriais.
Depois que Nicarágua e até a Síria, imersa numa guerra civil que se arrasta desde 2011, anunciaram que vão aderir ao Acordo de Paris, os Estados Unidos passam a ser o único país a rejeitar o compromisso, o que aumentou ainda mais o isolamento norte-americano nesta COP.
Os líderes europeus Emmanuel Macron, presidente francês, e a anfitriã alemã, Angela Merkel, aproveitaram para reforçar o discurso de que é preciso agir rapidamente. No entanto, a chanceler da Alemanha está em plena negociação para tentar formar um novo governo, e o tema coloca em lados opostos seus dois potenciais aliados – os Verdes e os Liberais.
Ao longo dos últimos dias, ao menos 20 países, dentre eles Reino Unido, Canadá, França e México, também compuseram uma aliança para reduzir o uso do carvão – combustível fóssil e altamente poluente. A Alemanha, China e Rússia se negaram a integrar a aliança. Atualmente, o combustível é responsável por 40% das emissões de gases poluentes do mundo – e os países estão mobilizados para diminuir o seu uso.A ONU espera que tudo fique alinhado para que, em 2018, o Acordo de Paris entre em vigor plenamente. Durante as negociações, as tensões ficaram em torno da divisão de responsabilidades entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. Na tentativa de convencer todas as partes a metas mais ambiciosas, Fiji propõe que o diálogo aconteça com empatia. A próxima COP, que ocorre na Polônia em 2018, deve concluir o “livro de regras” estabelecido desde Paris até agora.
Por sua vez, o Brasil se comprometeu a promover uma redução das emissões de gás carbônico de 37% abaixo dos níveis de 2005, até 2025 e, posteriormente, 43%, até 2030. Para isso, o país precisa adotar medidas para aumentar a participação da bioenergia sustentável na matriz energética para aproximadamente 18% até 2030. Além disso, o governo brasileiro anunciou que quer sediar a edição de 2019 da cúpula. A iniciativa foi informada pelo ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, que disse em comunicado que a COP25 será um “grande marco” para a implementação do Acordo de Paris e que o Brasil está “encantado de mostrar sua disponibilidade para receber esse importante evento”.
Por causa de um sistema de rotação da ONU, já está previsto que a COP25 seja realizada em um país da América Latina ou do Caribe.