Durigan explicou que o marco espacial foi criado com séries de variáveis ambientais e se trata de uma nova classificação hidrológica que vai além do monitoramento. “A bacia hidrográfica da Amazônia vai além de fronteiras humanas. É a maior bacia de água doce do planeta e é bastante complexa. Essa abordagem tem como intenção trabalhar essa complexidade e gerar informação para as decisões tomadas a cerca dela”, afirmou ao Portal Amazônia.
Para isso, os cientistas envolvidos no estudo dividiram a bacia em diversas sub-bacias definidas por 11 ordens diferentes de rios. Em nota foi informado que sete níveis diferentes de bacias foram definidos. O nível 1 é a principal bacia amazônica e as bacias dos grandes afluentes, como o Ucayalli (Peru) e Madeira, foram definidas como nível 2, e assim em diante. Essas informações fazem parte do artigo ‘An explicit GIS-based river basin framework for aquatic ecosystem conservation in the Amazon’, publicado no periódico Earth System Science Data.
A medida que os estudos forem divulgados, estarão disponíveis para consulta no site, explicou Durigan. De acordo com o geógrafo uma das metas é tentar incentivar a construção de estratégias e planejamentos para a região, de forma integrada. “Aos poucos vamos disponibilizando as informações mais detalhadas, toda a base do SIG também será disponibilizada. Esta é uma iniciativa que envolve de instituições públicas à ongs com o propósito de gerar movimento multisetorial, não apenas no Amazonas”, disse. Durigan refere-se aos Andes, por exemplo, em que uma das vertentes é a análise dos fluxos de seus nutrientes para a Amazônia.
O marco se baseia no conceito de usar as bacias como unidades espaciais de análise, “quer dizer, quando usar uma análise de desmatamento fazer baseado nas bacias e avaliar o estado de cada uma, por exemplo”. O diretor da WCS afirmou que este é o início e que muitos passos ainda serão seguidos. “Os próximos passos envolvem uma maior articulação entre os atores chave que vivem e atuam na região, articular as instituições hoje que desenvolvem políticas de desenvolvimento regional, de gestão, tentar construir uma agenda para gerar ações concretas, entre outros”, disse Carlos Durigan.