Mas nem tudo está perdido, pois, mesmo com o crescimento da poluição, existem pessoas que lutam pelos rios sobreviventes. Um exemplo disso é o trabalho voluntário do jornalista Jó Fernandes Farah, que criou uma página nas redes sociais para proteger o Igarapé da Água Branca, no bairro Tarumã.
Há 20 anos, Farah se mudou para o Tarumã, e uma das áreas próximas a sua casa é o Igarapé da Água Branca, que nasce dentro da Aeroporto Internacional Eduardo Gomes, na área de proteção ambiental da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), e segue vivo até desaguar na Cachoeira Alta. Visando impedir qualquer tipo de ação contra o igarapé, o jornalista utiliza as redes sociais como uma aliada.
“A gente decidiu abrir a página para informar tudo o que acontece no Igarapé da Água Branca. Denunciamos quem destrói, pois, dessa forma, os responsáveis ficam com receito, afinal, ninguém quer se envolver em crime ambiental”, disse o jornalista, que ressaltou o monitoramento 24 horas da área.
Uma área viva
Segundo Farah, mais de duas mil árvores frutíferas foram plantadas nas margens do igarapé. Entre as frutas escolhidas estão o buriti, açaí, mamão, banana e bacaba, todas consumidas pela fauna da região. “Não é muito difícil você vê sinais de desmatamento no Tarumã, e a consequência desse ato, é que muitos animais ficam sem alimentos. Depois que plantamos, os animais não correm mais risco, podem ficar sossegados”, revelou.
Apoio e projetos
A iniciativa do jornalista rendeu bons frutos. Atualmente, tanto a Universidade Estadual do Amazonas (UEA) quanto a Universidade Federal do Amazonas (Ufam) realizam projetos no Igarapé da Água Branca. “Esse é um grande reforço para a nossa luta, mais uma forma de garantir a perenidade do igarapé”, ressaltou o jornalista.
Além de realizar pesquisas na água e solo do Igarapé da Água Branca, as universidades organizam passeios com alunos da Rede Municipal de Ensino, criando assim uma imersão na realidade em que os igarapés se encontram. “Levamos essas crianças para que elas conheçam um igarapé vivo dentro de Manaus. É incrível que alguns dos alunos nasceram na cidade, e as únicas referências que eles têm são aqueles que se transforaram em esgotos a céu aberto”, lamentou Farah.
De pai para filho
A paixão de Farah pela natureza passou para seus quatro filhos. A conexão deles com o igarapé é forte. “Todos aprenderam a nadar no Igarapé da Água Branca. Há 20 anos, lutamos para deixá-lo limpo. Fico feliz por dar essa oportunidade para meus filhos, hoje em dia, a maioria dos igarapés de Manaus estão morrendo, quantas pessoas vão perder essa oportunidade no futuro?”, questiona.
Na opinião do jornalista, Manaus não é uma cidade preparada para enfrentar uma possível crise hídrica. “Os nossos administradores não dão valor a esse recurso, pois, enquanto o mundo está brigando por água, a gente que possui esse liquido em abundância estamos perdendo, pouco a pouco. E se um dia, o Igarapé da Água Branca morrer, pode ter certeza que divulgaremos todos os responsáveis por isso”, declarou.