Zelador cuida sozinho de museu em Porto Velho

Memorial Jorge Teixeira foi a residência oficial dos governadores até 1987.

O Memorial Jorge Teixeira: espaço cultural esquecido. Foto: Divulgação

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

O Memorial Governador Jorge Teixeira, localizado na capital rondoniense, enfrenta um estado de abandono há cerca de um ano. O único responsável pela preservação do espaço cultural é o zelador Salomão Arlindo, que recebe um salário mínimo mensal. “Comprei uma roçadeira por conta própria e faço o que posso. Mas faltam recursos para produtos de limpeza e sacos de lixo”, relatou Salomão, que trabalha no local há duas décadas. Ele faz campanha para arrecadar doações por pix.

O Memorial, que integra o roteiro turístico da cidade, está aberto à visitação mediante agendamento. Sem os devidos cuidados, a manutenção do espaço depende inteiramente do dedicado funcionário, e corre o risco de ser fechado. Nas redes sociais, vídeos de Salomão realizando a manutenção do imóvel geraram elogios à atitudes, mas críticas às instituições públicas. Comentários apontam que as autoridades não dão a devida atenção ao patrimônio histórico de Rondônia.

Inaugurado na década de 1990, o museu abriga diversas relíquias relacionadas à biografia de Jorge Teixeira, o último governador do Território Federal de Rondônia e o primeiro do estado. Teixeirão, como era conhecido, governou de 1979 a 1985, e foi uma figura mítica na política local. Dois municípios, Teixeirópolis e Jorge Teixeira, além do Aeroporto Internacional de Porto Velho, foram nomeados em sua homenagem.

Salomão Arlindo: sacrifício pessoal para cuidar de um espaço público. Foto: Reprodução/Facebook

O Memorial GJT funciona na antiga residência oficial dos governadores, construída no final da década de 1940, à rua José do Patrocínio, 501, esquina com Euclides da Cunha; está no Centro Histórico, próximo ao antigo Palácio Presidente Vargas, sede do Poder Executivo estadual até 2015. O local possui uma estátua de bronze de Teixeirão no jardim frontal, de onde se avista o Rio Madeira e a Usina Hidrelétrica de Santo Antônio.

A historiadora Yêdda Borzacov e a jornalista Maria Aparecida de Souza, conhecida como Cida, se dedicaram à preservação do espaço enquanto puderam. Mantido por uma associação em convênio com o Governo Estadual, o Memorial foi sendo abandonado com a avançada idade de Yêdda e a morte de Cida, em 2020. Elas atuaram voluntariamente, mesmo aposentadas do serviço público, para garantir a preservação do local, por amor à história.

O acervo

Repleta de condecorações, indumentárias, objetos pessoais, obras de arte e documentos, o espaço onde está o Memorial Governador Jorge Teixeira foi habitado por governadores durante quase quatro décadas. Ângelo Angelim foi o último residente do casarão, em 1987.

Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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