Rondon, a República e o amor que ficou de fora da Bandeira Nacional

O patrono de Rondônia foi um idealista romântico inspirado no Positivismo.

Em 1958, seu sepultamento, envolto pela Bandeira Nacional. Colorização da imagem: Luís Claro

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

Rondon, a República e o amor que ficou de fora da Bandeira Nacional
Rondon em 1914, nos “sertões de Vilhena”, sul de Rondônia. Foto: Divulgação

No 15 de Novembro de 1889, enquanto o Império ruía, um jovem alferes mato-grossense, Cândido Mariano da Silva Rondon, entregava à Marinha o comunicado que oficializava a República. Tinha 24 anos e já carregava o peso da história. Era discípulo de Benjamin Constant, mentor do novo regime e propagador do Positivismo, igreja fundada pelo filósofo francês Augusto Comte — filosofia que inspirou o lema da bandeira: “Ordem e Progresso”.

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Mas faltou uma palavra: Amor. No túmulo de Rondon (FOTO), no Rio, está gravado o lema completo: “O Amor por princípio, a Ordem por base, o Progresso por fim”. O filósofo maranhense Raimundo Teixeira Mendes, criador da bandeira republicana, suprimiu o amor. Dizem que era subjetivo demais para um país militarizado. Outros acham que foi um erro filosófico. A discussão chegou ao Congresso em 2003, pois queriam incluir o amor. Não vingou.

Rondon seguiu fiel ao mestre. Batizou o filho de Benjamin, aderiu à Igreja Positivista. Começou sua saga pelas selvas, estendendo linhas telegráficas e promovendo o contato com povos indígenas. Andou o equivalente a duas voltas ao mundo. Foi indicado três vezes ao Nobel.

Hoje, Rondônia carrega seu nome. Terra de Rondon. E a bandeira nacional, embora verde e amarela desde o Império, ainda guarda mistérios. As cores não representam floresta ou ouro, como dizem por aí. São brasões da família real. O azul e o branco vêm de Portugal. E as estrelas? Representam estados, mas não seguem rigor astronômico.

No fim, a República nasceu de um golpe militar, inspirada por filósofos pacifistas. E o amor, que deveria estar na bandeira, ficou apenas na lápide de Rondon — nosso Herói da Pátria. Um idealista quase romântico.

Foto: Divulgação

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Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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