Lucchesi (à direita) está com o presidente da ARL, Diego Vasconcelos, em Rondônia. Foto: Divulgação
Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com
O escritor e historiador Marco Lucchesi, ex-presidente da Academia Brasileira de Letras (ABL) e atual presidente da Fundação Biblioteca Nacional, esteve em Porto Velho nesta quarta-feira (12) para cumprir agenda institucional.
Pela manhã, Lucchesi participou de atividade no campus local do Instituto Federal de Rondônia (IFRO) e visitou a Biblioteca Municipal Francisco Meirelles. À tarde, foi recebido na sede da Academia Rondoniense de Letras (ARL).
Com simpatia, o visitante cumprimentou os presentes, conversou sobre literatura e destacou a boa impressão de sua primeira visita ao estado. Durante o encontro, recebeu obras produzidas por autores locais.
Carioca, Lucchesi ocupa desde 2011 a cadeira nº 15 da ABL e é professor titular da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 2017, aos 54 anos, tornou-se o mais jovem presidente da Academia Brasileira de Letras.
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Música para saudar Lucchesi
Quem imagina um “imortal” sisudo, de fardão engomado e semblante austero, logo se surpreende ao encontrar Marco Lucchesi. Um dos nomes mais respeitados da literatura brasileira, ele carrega consigo a simplicidade e o carisma que desarmam qualquer expectativa.
Na visita que fez à sede da Academia Rondoniense de Letras, em Porto Velho, foi recebido sem protocolos, no jeito descontraído dos porto-velhenses. O encontro virou sarau: Ernesto Melo e Carlinhos Maracanã puxaram canções populares e os demais imortais cantaram também; até o Hino de Rondônia ganhou ritmo de samba. E não demorou para que o próprio Lucchesi se juntasse à roda, entoando com voz firme “Nada além”, clássico de Nelson Gonçalves, e “Nervos de aço”, de Lupicínio Rodrigues. O riso fácil do homenageado foi a senha da aprovação ao ambiente.

Entre música e conversa, ficou claro que o essencial não estava nas formalidades, mas na fraternidade de estar entre confrades. Houve também espaço para reflexões sérias: Lucchesi, que veio à Amazônia em missão da Biblioteca Nacional em parceria com a Marinha, falou sobre o desafio da leitura na era digital. Para ele, nenhuma mídia é inimiga da outra; o risco está em escolher apenas um caminho.
“Uma leitura lenta, devagar, faz o mundo desacelerar para um mergulho mais profundo, que requer tempo, preparação e espaço”, disse. E concluiu: “É preciso construir uma pedagogia da leitura”.
Assim, entre samba, poesia e pensamento, Marco Lucchesi deixou em Porto Velho não apenas sua voz, mas também a lembrança de que a literatura é encontro — e que, às vezes, se canta.
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Sobre o autor
Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista
