Memória de um artista que explorou a Amazônia e morreu afogado no Guaporé em 1828

Aimé-Adrien era francês e produziu gravuras sobre indígenas, fauna e flora.

Selo dos Correios, 1992: homenagem a Taunay. Foto: Reprodução

Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com

Este 5 de janeiro de 2025, marca exatamente 197 anos desde a morte de Aimé-Adrien Taunay. Ele morreu enquanto atravessava a nado o Rio Guaporé, em Vila Bela da Santíssima Trindade, na época capital da província do Mato Grosso, que abrangia os atuais estados de Rondônia e Mato Grosso do Sul.

Ele foi um genial artista francês, nascido em 1803, em Paris. Aimé-Adrien se destacou como ilustrador científico e participou de importantes expedições exploratórias no século XIX no Brasil. Há importantes pinturas produzidas por ele sobre hábitos e costumes, incluindo os dos indígenas da Amazônia Legal.

‘RELATO DE VIAGEM’ (RÉCIT DE VOYAGE). Na página inicial, alguém anotou: “Caderno de notas de Amado Adriano Taunay [grafia em português]. Afogado nas águas do Guaporé a 5/1/1828”. O bloco, agora pertencente ao acervo do Museu Paulista da USP. Foto: Reprodução

O jovem francês fez parte de uma das mais importantes viagens ao Brasil Profundo no século XIX: a Expedição Langsdorff, que ocorreu entre 1824 e 1829. Com 39 homens a princípio, cruzaram o equivalente a nove estados brasileiros. Ao chegar ao Mato Grosso em 1827, a expedição era liderada pelo etnógrafo, médico e barão alemão (naturalizado russo) Georg Heinrich von Langsdorff (1774-1852).

Em Cuiabá (MT), a expedição se dividiu. Langsdorff seguiu pelo Rio Arinos, enquanto o grupo liderado por Aimé-Adrien Taunay partiu em 28 de novembro de 1827 para Vila Bela, e dali desceria pelo Mamoré e Madeira ao Rio Amazonas e Rio Negro. Foi durante essa viagem que Aimé-Adrien morreu afogado no Rio Guaporé, aos 25 anos de idade, enquanto tentava atravessá-lo a nado na fronteira entre o Brasil e a Bolívia.

Ruínas da antiga igreja onde Aimé foi sepultado. Foto: Júlio Olivar

Mesmo no dia de sua morte, o artista continuava desenhando. Seu corpo foi sepultado na Igreja de Santo Antônio dos Militares, ao lado do jazigo do grande geógrafo, engenheiro e explorador português Ricardo Franco de Almeida Serra (1748-1809), que esteve entre os construtores do Real Forte Príncipe da Beira, localizado agora em Rondônia.

Sobre o autor

Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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