Txai Suruí ganhou notabilidade após discursar na COP em 2021
Desde o final de semana passado começaram a chegar a Belém (PA) cerca de mil lideranças indígenas de todos os países da região e representantes da sociedade civil para participarem da Cúpula da Amazônia, realizada nos dias 8 e 9 de agosto, com as presenças de presidentes de oito países membros da OTCA (Organização do Tratado de Cooperação Amazônica).
Coordenadora da Juventude Indígena de Rondônia, Txai Suruí, acompanhou a plenária indígena e não poupou críticas ao governo brasileiro. Segundo ela, os originários não assumiram papel de protagonismo nas discussões e deliberações, “mesmo estando há milhares de anos na Amazônia”. A liderança rondoniense disse que sentiu “um isolamento” dos povos da floresta no evento.
A Cúpula da Amazônia foi uma espécie de introdução à COP-30 (Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que também acontecerá em Belém, em 2025, conforme a decisão anunciada pela ONU (Organização das Nações Unidas).
Ameaças de morte
A indígena Txai Suruí tem 25 anos, é filha da ativista Neidinha Suruí e do cacique Almir Suruí, de Cacoal (RO). Ela é graduada em direito e ficou conhecida em 2021 após discursar durante a COP-26 na Escócia. Além de sua militância, tornou-se notável para a imprensa internacional, inclusive assinando uma coluna na Folha de S. Paulo, um dos maiores jornais do país.
Sua projeção e falas contundentes – afirma, por exemplo que “o agro é morte”, parafraseando o slogan da campanha publicitária “O agro é pop” – acabou gerando ameaças à vida da ativista. Principalmente após o filme “O território” que chegou a ser cotado para o Oscar. e teve Txai como uma das produtoras e sua mãe, protagonista do documentário que mostra invasões de terras do povo Uru-Eu-Wau-Wau.
Além de Txai e sua mãe, cinco indígenas deste povo e o grafiteiro paulistano Thiago Mundano foram emboscados, recentemente, em uma estrada de acesso ao posto da Funai em Porto Velho. Nas redes sociais, assim ela se pronunciou sobre o caso:
“Meu nome é Txai Suruí e, há algumas semanas, eu e minha mãe fomos pegas numa emboscada e mantidas reféns durante cinco horas por invasores da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, em Rondônia, no norte do Brasil. Esses homens pensam que sou sua inimiga porque dediquei minha vida a proteger a floresta. Mas eles não se dão conta de que eu também estou lutando por eles.
A Amazônia, onde meu povo vive há mais de 6 mil anos, está perto de um desastre ecológico irreversível que pode transformar a floresta em uma grande savana. É o chamado ‘ponto de não retorno’.
Se não evitarmos esse colapso, a atmosfera será tomada pelo gás carbônico, que causa as mudanças climáticas. A Terra poderá secar e 10 mil espécies poderão ser tragicamente extintas. E todos e todas nós – povos indígenas, fazendeiros, cidadãos do Brasil e do mundo – teremos que lutar para sobreviver.” (…)
Sobre o autor
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