Foto: Rosinaldo Machado
Por Júlio Olivar – julioolivar@hotmail.com
Rosinaldo Machado, dono de um acervo de mais de 120 mil registros fotográficos acumulados ao longo de mais de cinquenta anos em Rondônia, afirma que nunca presenciou uma situação semelhante à atual no Rio Madeira. “Vários trechos estão secos”, observa.
Apesar do cenário preocupante, as imagens capturadas são esteticamente impressionantes. “Cada foto é uma poesia, apesar do tema triste”, comenta a artista plástica Angella Schilling. Alguns comparam as imagens aos ‘bolaines’ – buracos misteriosos encontrados nas praias do Mar Morto, no Oriente Médio.
Machado utiliza sua profissão como uma forma de ativismo ambiental. Além de registrar a seca atual, ele se dedica ao tema há décadas. Anualmente, o fotógrafo acompanha a soltura de quelônios no Vale do Guaporé, na fronteira do Brasil com a Bolívia, e participa das atividades culturais ribeirinhas no distrito de Nazaré, no baixo Rio Madeira. Essa vivência o deixa indignado com a situação atual, “que é causada pelas pessoas. Não é um fenômeno fortuito”, afirma.
Há dez anos, ele fotografou a histórica cheia do Madeira, atribuída ao aquecimento global, que causou enormes prejuízos à região. Agora, o problema é a falta de água. No último sábado, 21 de setembro, Machado registrou uma série de imagens impactantes na altura do povoado de Belmont, em Porto Velho. A paisagem parecida com as praias do Mar Morto é impressionante. Desde 1967, quando a região começou a ser monitorada, não se via uma seca tão severa.
A menor marca no Madeira foi registrada nesta segunda-feira, 23, com o rio atingindo apenas 25 centímetros, o que interrompeu as operações portuárias. A esperança é que, em outubro, a situação melhore parcialmente. O porto da capital escoa para exportação cerca de 200 mil toneladas por mês de grãos, mas a meta para o próximo mês é reduzir esse volume pela metade. “Se chover”, ressalva a Sociedade de Portos e Hidrovias de Rondônia (Soph/RO).
Sobre o autor
Júlio Olivar é jornalista e escritor, mora em Rondônia, tem livros publicados nos campos da biografia, história e poesia. É membro da Academia Rondoniense de Letras. Apaixonado pela Amazônia e pela memória nacional.
*O conteúdo é de responsabilidade do colunista