O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, e o líder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Rodrigo Londoño Echeverri, assinaram um novo acordo de paz nesta quinta-feira (24), em Bogotá, capital da Colômbia. Este é o segundo acordo firmado entre o governo e o grupo guerrilheiro pelo fim do conflito armado que dura mais 50 anos e vitimou milhões de colombianos. O primeiro acordo, assinado em setembro, foi rejeitado pela população em plebiscito realizado no último dia 2 de outubro.
A assinatura do novo acordo teve uma cerimônia mais discreta que o anterior, firmado em 26 de setembro, na cidade de Cartagena das Índias, com a presença de chefes de estado e órgãos internacionais. O ato foi celebrado no Teatro Colón e contou com presença de vítimas do conflito armado, diplomatas, magistrados, políticos, meios de comunicação e representantes da sociedade civil.
Alterações no acordo
Tanto o primeiro quanto o segundo acordo de paz receberam críticas ferrenhas do ex-presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, que liderou um movimento para rejeitar o acordo e quer mudanças mais profundas na nova versão.
A principal crítica sobre o novo acordo diz respeito ao modo como Santos está conduzindo a aprovação: Desta vez, o documento será submetido apenas ao Parlamento e não passará pelo crivo das urnas.
Na última terça-feira (22), Santos havia reconhecido que o tratado não agradará a todos. O novo pacto mantém aberta a porta da política para os membros das Farc e não enquadra o narcotráfico como crime de lesa humanidade. Além disso, assim como o anterior, não prevê que guerrilheiros cumpram pena em prisões comuns, como defende Uribe.
As negociações entre Bogotá e as Farc para encerrar o conflito mais longevo da América Latina já duram mais de quatro anos e renderam a Santos o Prêmio Nobel da Paz em 2016, mesmo após o primeiro acordo ter sido rejeitado pelo povo.
Pelo novo tratado, os membros da guerrilha terão cinco cadeiras garantidas no Senado e na Câmara dos Deputados nos próximos dois ciclos legislativos. Além disso, o narcotráfico só ficará isento de anistia caso o combatente o tenha usado para enriquecimento pessoal, item que não estava detalhado no pacto anterior.
O documento também tira a possibilidade de participação de magistrados estrangeiros no Juizado Especial da Paz e determina que bens e ativos em poder das Farc sejam usados para indenizar vítimas do conflito. Estima-se que mais de 260 mil pessoas tenham morrido em 52 anos de hostilidades na Colômbia.