“A gente já começou a fazer o desenho de um evento em que sejam colocadas coisas práticas e objetivas, e de que forma a gente pode avançar nesse processo de proteção das nossas florestas, entendendo que o homem está no ponto central dessas discussões. Não tem como você preservar a floresta sem que haja desenvolvimento humano, sem que haja dignidade humana, sem que haja o respeito por aquelas pessoas que mais preservam, que são o nosso povo”, declarou ele, durante o encontro promovido pelo Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (SDSN-A) e Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano.
Além disso, Wilson Lima aproveitou a Cúpula para tratar de futuras parcerias. Ele esteve reunido com Johan Eliasch, representante especial do primeiro-ministro do Reino Unido para o Clima e Florestas. Eles alinham parceria e agora vão desenhar como o Reino Unido poderá investir no Amazonas.
“O Reino Unido faz parte dos países que querem investir, nos próximos cinco anos, algo em torno de R$ 100 bilhões, e a gente já começou a conversar com o representante para que poder fazer esse desenho de investimentos para o estado do Amazonas. Os nossos técnicos da Secretaria de Meio Ambiente, juntamente com os técnicos do Reino Unido, já começaram a se reunir, em parceria com a Fundação Amazonas Sustentável, para a gente captar esses recursos e entender de que forma é que o Reino Unido pode dar sua contribuição”, afirmou o governador.
Manaus foi escolhida sede da próxima reunião anual do Fórum Global de Governadores na última edição do encontro, ocorrida no mês de maio, em Caquetá, na Colômbia. A secretária-executiva do GCF, Colleen Scanlan-Lyons, também participou da cúpula dos governadores da Pan-Amazônia no Vaticano. “Não há como preservar a floresta sem garantir os direitos essenciais e a qualidade de vida do povo que mora na Amazônia”, disse.
Cúpula
O governador Wilson Lima defendeu a promoção da dignidade humana no processo de desenvolvimento sustentável na Amazônia, durante a Cúpula dos Governadores dos Estados da Pan-Amazônia, no plenário da Academia de Ciências do Vaticano.
“O evento que aconteceu aqui reuniu os governadores da Pan-Amazônia, e é o primeiro evento realizado depois do Sínodo. Tudo o que foi discutido aqui está muito alinhado com os cardeais, com o que a Igreja Católica tratou nesses últimos quase 30 dias. E, dentre os compromissos que nós firmamos aqui, uma posição forte dos governos que têm interesse em preservar a Amazônia, em preservar os recursos naturais, e que eles digam, de forma prática, de que forma que isso pode chegar até as pessoas que mais precisam, que é o homem da floresta”, disse ele.
Além do governador Wilson Lima, participaram do encontro os governadores Waldez Góes, do Amapá, que também é presidente do Consórcio Interestadual para a Amazônia Legal; Helder Barbalho, do Pará; Flávio Dino, do Maranhão; e Wellington Dias, do Piauí, que representa o Consórcio do Nordeste. Dom Cláudio Hummes, relator-geral do Sínodo para a Amazônia e presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica, além de Marcelo Sanchez Sorondo, Chanceler da Academia de Ciências do Vaticano, conduziram a reunião.
O Amazonas ainda esteve representado pelo diretor da Fundação Amazonas Sustentável (FAS), Virgílio Viana, que apoiou o evento, bem como as instituições Conservation Internacional e Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam). Também estiveram presentes o pesquisador Thomas Lovejoy; o ministro do Meio Ambiente da Colômbia, Ricardo José Lozano Picón; o secretário de Assuntos de Soberania Nacional do Governo Federal brasileiro, Fabio Mendes Marzano; os chefes do Executivo de nove países que compõem o território amazônico; a deputada estadual Joana Darc, representante da Assembleia Legislativa do Amazonas; e o secretário de Meio Ambiente do Amazonas, Eduardo Taveira.
“Abre-se um caminho importante. Primeiro, de diálogo, no caso do Brasil, com o Governo Federal, que também tem os seus representantes aqui junto a esse evento que está acontecendo na Cúpula, e um alinhamento para destacar que o desenvolvimento sustentável só vai acontecer se tiver um investimento, primeiro, nas pessoas que moram na região, tanto ribeirinhos, indígenas e quilombolas, quanto os moradores das cidades também da Amazônia”, disse o secretário de Meio Ambiente do Amazonas.
Carta – Os governadores assinaram uma declaração dos governadores da Pan-Amazônia. Eles destacaram a fundamental importância da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a região pan-amazônica, evento conduzido pelo Sumo Pontífice, o Papa Francisco, que, na visão dos chefes de estado, ampliou o chamamento em defesa da Amazônia e de um modelo de desenvolvimento sustentável com ênfase na justiça social, solidariedade, respeito à natureza e às populações originárias e tradicionais, especialmente indígenas.
“Também ficou claro aqui na carta que nós assinamos, que o artigo 6 do Acordo de Paris precisa ter clareza, ele precisa ser regulamentado, que é o artigo que trata sobre as compensações financeiras em torno do carbono. Como é que isso, de fato, acontece? E aqui há um entendimento de que nós precisamos passar para situações práticas e objetivas. E eu entendo que, a partir da reunião que nós tivemos aqui, nós já temos um amadurecimento significativo para a COP (Conferência das Partes, órgão da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), que acontece no Chile agora, e o evento que acontecerá em Manaus, que é o Fórum Mundial de Governadores para Climas e Florestas”, explicou Wilson Lima.
Na carta, os governadores ainda manifestaram compromisso com o desenvolvimento sustentável da Amazônia fundamentado em uma economia verde, no desmatamento ilegal zero, na defesa dos direitos dos povos indígenas e das populações tradicionais, incluindo ribeirinhos, caboclos, extrativistas e quilombolas; e no conceito de ecologia integral.
Os participantes definiram que a próxima Cúpula dos governadores da Pan-Amazônia será em Belém, capital do Pará.