Durante todo o ano passado, cerca de 27 mil venezuelanos apresentaram pedidos de asilo em vários países, uma cifra que tem crescido até alcançar os 52 mil pedidos de janeiro a junho deste ano.
“Estes dados representam apenas uma fração do total de venezuelanos que podem necessitar de proteção internacional, dado que muitos não se registram como solicitantes de asilo, apesar de que fugiram por causa da violência e da insegurança, assim como pela incapacidade de poder sobreviver”, afirmou numa coletiva de imprensa o porta-voz da Acnur, William Spindler.
“Graças a uma larga tradição de solidariedade nos países latinoamericanos, os cidadãos venezuelanos podem residir nos países limítrofes sob distintos tipos de residência temporária”, disse Spindler.
Ele alertou contudo que “por causa de obstáculos burocráticos, de períodos de espera muito grandes e do alto preço das taxas, muitos venezuelanos optam por ficar numa situação irregular, em vez de usar os procedimentos de asilo ou migratórios para se regularizar”.
Segundo a Acnur, muitos dos 300 mil venezuelanos que residem na Colômbia, dos 40 mil em Trinidad e Tobago, e dos 30 mil no Brasil “podem estar nesta situação”.
Julgamento militar
Por outro lado, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu ao governo venezuelano que não use a Justiça Militar do país para julgar civis, uma prática a que têm sido submetidos quase 50 pessoas e a que o governo não parece querer renunciar.”Urgimos ao governo que deixe de usar imediatamente a Justiça Militar para julgar civis, algo que é contrário à lei internacional de direitos humanos, particularmente com respeito ao devido processo e garantias”, afirmou a porta-voz do órgão, Elizabeth Throssell.
O vice-presidente da Venezuela, Tareck el Aissami, advertiu ontem que a Justiça Militar encarcerará aqueles que obstaculizem a eleição da Assembleia Constituinte, que terá lugar no próximo dia 30 e a que se opõe a oposição.