Vários jornalistas foram agredidos nesta quarta-feira (31) por militares da Guarda Nacional durante um protesto contra o presidente Nicolás Maduro em Caracas, na Venezuela, afirma a agência AFP. A agência Efe, por sua vez, contabilizou que houve dezenas de feridos em manifestações na capital, segundo declarações de diferentes autoridades. Somando os relatos, são pelo menos 89 os feridos em incidentes violentos nesta quarta. As informações são do G1.
Os centros assistenciais do município de Baruta atenderam pelo menos 50 feridos nesta quarta-feira (31), segundo afirmou o serviço de saúde dessa localidade em sua conta no Instagram.
Já o prefeito do município de Chacao, o opositor Ramón Muchacho, indicou que 39 pessoas que sofreram ferimentos na manifestação foram socorridas por pessoal médico de sua localidade.
O deputado Tomás Guanipa declarou em uma coletiva de imprensa, em nome da coalizão opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD), que “mais de 80 pessoas ficaram feridas somente em Caracas”.
Os municípios de Baruta e Chacao, no leste de Caracas, são diariamente palco de protestos opositores que, desde o último dia 1º de abril, deixaram 59 mortos e cerca de mil feridos, segundo cifras do Ministério Público venezuelano.
Fotógrafos
Luis Robayo, fotógrafo da AFP, denunciou que foi golpeado por militares que tentaram prendê-lo quando tirava fotos dos confrontos entre manifestantes e a Guarda Nacional na autoestrada Francisco Fajardo, no leste de Caracas. “A Guarda Nacional começou a passar de moto. Se aproximaram e um guarda me bateu várias vezes na cabeça; me empurraram, caí, me levantaram pelo colete e a câmera caiu”, revelou Robayo.
Segundo o fotógrafo, um guarda tentou tirar sua máscara contra gases e colocá-lo em uma motocicleta para prendê-lo, “mas outro, o chefe, determinou que partissem”. Um motorista contratado pelo fotógrafo disse que os militares levaram seu carro, máscara contra gases e outros objetos.
Francisco Bruzco, fotógrafo do site Crónica Uno, denunciou ao Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa (SNTP) que membros da Guarda Nacional roubaram sua câmera e o agrediram. Marco Ruiz, secretário-geral do SNTP, denunciou que o jornalista Kenyer Jaramillo, da Caracas Rádio, foi detido durante horas pela Guarda Nacional em El Paraíso, no oeste da capital, onde também ocorreram manifestações.
O Ministério Público pediu em 18 de maio à Justiça medidas especiais para proteger os jornalistas que cobrem os protestos. A atual onda de protestos contra Maduro, iniciada há dois meses, já deixou 60 mortos e mais de mil feridos, além de quase 3 mil detidos.
Falta de acordo
Ainda na quarta, a Organização dos Estados Americanos (OEA) suspendeu, por consenso, a reunião de consulta de chanceleres sobre a Venezuela devido à falta de acordo sobre as propostas de declaração apresentadas.
Diante do impasse nas negociações, que chegou a ponto de impedir a aprovação de uma declaração, até mesmo de obter um texto de consenso, as delegações acordaram tentar agendar outra reunião antes da Assembleia Geral da OEA, que será realizada entre 19 e 21 de junho no México.
Os chanceleres e representantes dos 34 países da Organização iniciaram a reunião com divergências de ideias sobre como encontrar um caminho viável para o país, sacudido por uma profunda crise. As tensões provocadas pela convocação fizeram com que, até a véspera, apenas pouco mais da metade dos ministros de Relações Exteriores tivessem confirmado sua presença.
Foi justamente a decisão do Conselho Permanente da OEA de convocar a reunião de consultas o que motivou a reação da Venezuela de iniciar formalmente a saída da entidade continental, um processo que deve demorar dois anos até se concretizar.