Governo da Colômbia e Farc assinam acordo de paz

Foto: Divulgação/SIG

Após mais de 50 anos, chegou ao fim na noite desta segunda-feira (26), com a assinatura do acordo de paz entre o Governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), um dos piores conflitos internos da América Latina. A medida é o primeiro passo para o fim do período que afetou milhões de colombianos desde que a guerrilha foi criada, na década de 1960. O próximo passo será a homologação através de um plebiscito, no próximo sábado (2), onde a população decidirá de aceita ou não o acordo.

O acordo de paz prevê essencialmente a deposição de armas por parte das Farc. Após isso, a guerrilha receberá um tipo de anistia e se tornará um movimento ou partido político. A medida é bilateral, ou seja, o governo também adotará o cessar-fogo.

O cumprimento do processo será acompanhado por observadores da Organização das Nações Unidas (ONU). A assinatura do acordo de paz é coordenado pelo presidente Juan Manuel Santos. Estima-se que nos últimos 50 anos, o conflito tenha provocado a morte de mais de 220 mil pessoas, que quase 50 mil tenham desaparecido e outras 6,6 milhões de pessoas tenham deixado as suas casas.

Festa e protesto

Enquanto o presidente Juan Manuel Santos e as Farc se reuniam em Cartagena das Índias para a aguardada assinatura do acordo de paz, a capital Bogotá celebra o histórico pacto com marcha e muita música. Manifestantes caminharam entre a Plaza de Toros La Santamaría e a Plaza de Bolívar, no coração da metrópole, onde acontece um show com várias bandas locais. O espetáculo só foi interrompido para a transmissão da assinatura do acordo através de telões.

No entanto, nem tudo é festa. O antecessor de Santos, Álvaro Uribe, comandou um protesto contra o acordo com as Farc. Acompanhado de dezenas de seguidores, muitos deles vestidos com camisas da seleção colombiana de futebol, o ex-presidente tentou chegar ao centro da cidade, apesar das restrições impostas pelas forças de segurança. Durante a marcha, Uribe, que sempre defendeu o uso da força contra a guerrilha, fez críticas ao governo por ter dado “impunidade total aos maiores delinquentes de todos os delitos atrozes, do narcotráfico, do recrutamento de crianças e da violação de mulheres”.

“É um acordo que dá mau exemplo”, disse o ex-presidente, que também reconheceu erros em sua postura contra as Farc, mas garantiu que estava “avançando em segurança e políticas sociais”. O ato comandado por Uribe mostra que o acordo promovido por Santos não tem apoio unânime da população, que dará sua opinião sobre o tema no plebiscito.

Apoio internacional

Buscando dar apoio ao processo de paz na Colômbia, tanto os Estados Unidos quanto a União Europeia anunciaram nesta segunda a retirada das Farc de suas listas de grupos terroristas. No caso dos norte-americanos, a mudança ocorrerá assim que o acordo for assinado. “Nós estamos preparados para rever e dar um juízo sobre isso quando chegarem os fatos”, declarou o secretário de Estado John Kerry. Já na UE a alteração é imediata. “A Colômbia manda uma mensagem de paz. A União Europeia dá o seu apoio e suspende as Farc da lista de organizações terroristas”, escreveu no Twitter a alta representante de política externa e segurança do bloco, Federica Mogherini.

*Com informações da Agência Ansa

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