O governo da Colômbia decidiu suspender o início das negociações de paz com o Exército de Libertação Nacional (ELN), maior grupo guerrilheiro Coldo país sul-americano depois das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), que deveriam ter começado nesta quinta-feira (27) em Quito, no Equador.
A notícia foi anunciada pelo ministro do Interior do país, Juan Fernando Cristo, que disse que o motivo da suspensão das negociações é a exigência do Estado da libertação do ex-congressista Odín Sánchez Montes de Oca. O político colombiano está sendo mantido em cativeiro pelo ELN há cerca de seis meses, quando se entregou ao grupo em troca de seu irmão e ex-governador do departamento de Chocó, Patrocinio, que foi capturado em 2013.
O ELN surgiu em 1965 da insurgência de guerrilhas de extrema esquerda na Colômbia. De acordo com a análise da socióloga Sara Tufano as guerrilhas surgiram num contexto muito diferente do que se imagina nesse período de guerra frio. A desideologização dos Partidos Liberal e Conservador, a abstenção eleitoral, o recrudescimento da violência política, o aumento da repressão e uma crise de legitimidade do regime politico, segundo a pesquisadora, foram os fatores que levaram as guerrilhas a surgirem muito mais como um reflexo da política na Colômbia do que uma importação da União Soviética, durante o período.O ImpasseDe acordo com o ELN o acordo já prévia a libertação de presos antes e após o acordo de paz entre governo e guerrilha. No dia 6 de Outubro houve a libertação do ex-prefeito de Charalá, Fabio Ardila Leon e nos dias posteriores mais um civil. Segundo o exército no caso da libertação de um terceiro retido, é necessário que se chegue antes a mesa de negociação. “Nós todos estamos dispostos a cumprir este acordo quando a primeira rodada de negociações começar assim como foi acordado”, disse o ELN em nota.De acordo com o comandante Pablo Beltran, negociador-chefe do ELN, disse: “Estamos cumprindo tudo que foi acordado (…). Desde a noite passada a delegação de negociações [está] em Quito”. Em nota o ELN também afirmou que o governo cancelou a mesa de negociação devido ao sequestro de Odin Sánchez, “que, entre outras coisas, junto com seu irmão Patrocinio, são pessoas pouco grata dos fundos públicos do departamento de Choco e das as pessoas da região sofreram terror paramilitar”. Em nenhum trecho da nota eles citam qualquer motivação para a soltura.Para eles essa ação é o medo que a elite do país tem da participação ativa das pessoas nos meios políticos. “Muitos obstáculos indicam o medo das elites dominantes e o governo, o desenvolvimento deste processo e, especialmente, a presença da maioria dos colombianos, suas comunidades e suas organizações no sentido de uma participação direta e ativa da sociedade e, particularmente, as pessoas colombiana. Tomando as ruas por organizações e comunidades, conselhos e assembleias populares, fazer você pânico da oligarquia colombiana”, finalizaPara a imprensa do país, é necessário a soltura do ex-congressista para que as negociações de paz se firmem, ao contrário do que pensa a ELN. A decisão que o presidente da República [Juan Manuel Santos] tomou é que, enquanto não temos certeza de que Odín Sánchez está são e salvo, com a sua família e que foi ‘devolvido’ ao seio da sociedade ‘chocuana’, não começará a mesa de negociações no Equador. Sendo assim, enquanto o ex-congressista não for libertado “ninguém viajará ao Equador”, disse o ministro.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, confirmou através da sua conta no Twitter, que deu “instruções para que a equipe do governo que negociará com o ELN suspenda a sua viagem a Quito até que Odín Sánchez seja liberto”. Com a decisão do governo colombiano, agora se inicia o processo de negociações para a libertação de Sánchez. Até o momento os dois lados do acordo esperam em Quito para começar ou interromper de maneira definitiva o acordo.