Membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB, polícia militarizada) dispersaram a concentração opositora na zona de Paraiso quando tentavam marchar para o centro, o que ocasionou o enfrentamento com alguns manifestantes, que responderam lançando pedras contra os agentes.”Denunciamos um manifestante ferido de bala na Praça La Estrella de San Bernardino. #UnidosContraElGolpe”, afirmou em sua conta no Twitter o deputado Jorge Millán, em referência aos fatos ocorridos em outra zona do centro da cidade, dos quais não foram revelados detalhes, nem os autores do disparo.
Crise
A quarta-feira, a Venezuela foi marcada por manifestações a favor e contra o governo de Nicolás Maduro. Oposição e situação prometem ser a maior mobilização dos últimos tempos. Desde cedo, milhares de venezuelanos – convocados pelo governo – saíram as ruas da capital para comemorar os 207 anos do primeiro grito de independência contra o império espanhol. Vestidos de vermelho, eles protestam “em defesa da paz e da soberania”. Ao mesmo tempo, outras multidões – convocadas pela oposição – marcharam para denunciar o “golpe” do presidente Maduro.As manifestações ocorrem em um momento de incerteza no país, com diversos protestos antigovernamentais que deixaram ao menos seis mortos – entre eles um agente policial – dezenas de feridos e mais de 500 detidos, dos quais mais de 200 estão privados de liberdade, segundo balanços da oposição e da ONG Fórum Penal Venezuelano.Na véspera dos protestos, Maduro convocou os militares, as forças de segurança e também as milícias civis armadas para protegê-lo contra um suposto golpe de Estado que, segundo ele, estaria sendo tramado pelos Estados Unidos com o apoio de seus adversários.O anúncio de Maduro repercutiu na vizinha Colômbia, que tem uma fronteira de 2,2 mil quilômetros com a Venezuela. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, disse que alertaria a Organizaçao das Nações Unidas (ONU) para a “preocupante militarização da sociedade venezuelana”. Ele pediu à chanceler colombiana, Maria Angela Holguin, que está em Nova York, para tratar do tema nesta quarta-feira com as autoridades da ONU.A Venezuela enfrenta atualmente uma séria crise econômica, marcada por uma inflação anual de 700% e escassez de medicamentos e alimentos. O país também está cada vez mais isolado internacionalmente e o governo é acusado de violar a ordem democrática.A crise humanitária fez com que, entre 2014 e 2016, o número de venezuelanos que ingressam e permanecem no Brasil anualmente tenha aumentado mais de cinco vezes. O último levantamento da organização não-governamental Human Rights Watch, divulgado na terça-feira (18), mostra que mais de 12 mil venezuelanos ingressaram e permaneceram no Brasil desde 2014.