As nanopartículas de ouro têm aplicações variadas, incluindo desde o uso para diagnósticos médicos até controle de atividade microbiana.
Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia e Biodiversidade da Rede Pró-Centro Oeste conseguiu sintetizar nanopartículas de ouro em temperatura ambiente e sem aditivos químicos, o que torna o novo método mais prático e barato. As nanopartículas de ouro têm aplicações variadas, incluindo desde o uso para diagnósticos médicos até controle de atividade microbiana.
A síntese dessas nanopartículas foi feita a partir da mistura de um sal de ouro, que age como precursor da nanopartícula metálica, e a infusão de um extrato vegetal de Ipê (Handroanthus impetiginosus) ou de Jacarandá (Jacaranda mimosifolia).
“Ao contrário dos processos convencionais, que envolvem, normalmente, altas temperaturas, substâncias tóxicas como agentes redutores e estabilizantes das nanopartículas obtidas, esse método oferece uma abordagem mais sustentável, econômica e de menor impacto ambiental. Além disso, a utilização de extratos biológicos derivados de plantas proporciona uma fonte renovável e abundante de matéria-prima para a fabricação das nanopartículas”, explica o professor Marcos José Jacinto, do Laboratório de Materiais Inorgânicos da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).
Diferente do ouro metálico como é conhecido, as nanopartículas de ouro são materiais tão pequenos que, quando dispersas em meios líquidos, têm aparência de uma solução transparente, com tons que podem ir do verde claro ao lilás, dependendo do tamanho das mesmas. A quantidade de precursor e extrato utilizados resulta em tamanhos diferentes e, portanto, em cores de soluções diferentes provenientes do fenômeno da Ressonância Plasmônica de Superfície.
Esse fenômeno ocorre quando a luz interage com partículas metálicas na nanoescala, gerando intensas oscilações eletrônicas que podem trazer mudanças em propriedades ópticas do material, como a mudança de cor observada.
“Além disso, é importante ressaltar que as soluções contendo as nanopartículas de ouro são estáveis e transparentes, evidenciando a qualidade nanoestrutural desses materiais. Essa estabilidade é fundamental para sua aplicação em diferentes campos da ciência e tecnologia, onde a uniformidade e consistência das propriedades das nanopartículas são essenciais”, completa.
Essas descobertas são resultado do projeto de doutorado do pesquisador Reginaldo Vieira da Costa, orientado pelo professor Marcos José Jacinto. A ideia agora é utilizar essas nanopartículas em outras pesquisas sobre fotodegradação de pesticidas e atividade antimicrobiana.
“A capacidade de obter partículas de diferentes tamanhos e morfologias em temperatura ambiente, de forma simples e eficiente, amplia as possibilidades de aplicação desses materiais em diversas áreas, como catálise, diagnóstico médico, fotônica e sensores”,
concluiu o professor.
O projeto teve financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (FAPEMAT).