Composta por nove estados brasileiros, a Amazônia Legal possui uma grande diversidade de startups e negócios que atuam com foco em inovação. A fim de identificar insights relevantes sobre esse ecossistema, o Observatório Sebrae Startups analisou 646 empreendimentos já cadastrados na Plataforma Sebrae Startups e acaba de lançar o Mapeamento das Startups e Negócios Inovadores da Amazônia Legal.
Para realizar o levantamento, foram analisadas as startups inovadoras que possuem potencial de escalabilidade. Em relação ao estágio de maturidade, foram incluídas tanto as que estão na fase de ideação quanto aquelas que já podem se considerar empresas consolidadas – seja pelo critério de faturamento ou quantidade de funcionários -, mas que ainda se consideram startups ou negócios inovadores.
A Amazônia Legal é uma divisão geográfica e administrativa estabelecida pelo governo brasileiro nos anos 1950, com o objetivo de promover o desenvolvimento social e econômico dos estados que compõem a região amazônica. Segundo o estudo, o Pará lidera em número de startups e negócios inovadores, totalizando 147 e, correspondendo a 23% do total. Ele é seguido por Amazonas, com 116 desses empreendimentos (18%), e pelo estado do Maranhão, com 82 startups e negócios inovadores (13%). Os estados de Rondônia com 76, Amapá com 69, Acre com 64, Mato Grosso com 45, Tocantins com 28 e Roraima com 19 representam 46% do total de negócios mapeados.
Faturamento e segmentos de atuação
As informações sobre faturamento das startups e negócios inovadores se conectam com o estágio em que as empresas se encontram, sendo:]
“Sem faturamento” com 38% empresas em estágio inicial;
“Entre R$ 81 mil a R$ 360 mil” com 36,3% em crescimento intermediário;
“Entre R$ 360 mil e R$ 4,8 milhões” com 9% no topo, refletindo suas respectivas maturidades e contribuições para a economia.
Além desses, apenas 0,6% encontra-se na faixa entre R$ 4,8 milhões e R$ 300 milhões, enquanto que 16,1% não informou o faturamento.
Esses dados evidenciam a diversidade e a dinâmica do cenário desses empreendimentos, destacando seu percurso desde a concepção até o sucesso estabelecido.
Seguindo um panorama nacional, 39,6% dessas empresas consideradas trabalham atualmente com o modelo de negócio B2B , focados em vender os produtos para outras empresas e 32,5% no modelo B2B2C. Além disso, 34,8% das startups e negócios inovadores na Amazônia Legal estão na fase de obtenção de clientes e captação de investimentos, 68,3% são consideradas microempresas e grande parte atua nos segmentos de Alimentos e Bebidas, Agronegócio, Saúde e Bem-Estar e Impacto Socioambiental.
O mapeamento aponta que cerca de 9.8% das startups e negócios inovadores estão há 10 anos ou mais no mercado, enquanto aproximadamente 76,7% foram criadas nos últimos 5 anos. Esse cenário revela o crescimento do setor nos últimos anos na região.
Diversidade de gênero e faixa etária
Conforme identificado em diferentes estudos do Observatório Sebrae Startups, na Amazônia Legal ainda há uma disparidade entre gêneros na liderança das startups e negócios inovadores. São 61% de empresas que contam com homens como fundadores, enquanto apenas 33,4% possuem mulheres como fundadoras. Reforça-se a importância de buscar a equidade nos quadros societários, através de oportunidades e incentivo da participação das mulheres no ecossistema das startups e dos negócios inovadores.
Já na análise da faixa etária dos sócios, o perfil é mais diversificado e dinâmico. A maioria (36%) está situada entre 41 e 55 anos, equilibrando experiência e criatividade. A presença significativa de sócios entre 31 e 40 anos (32,4%) e jovens de 21 a 30 anos (24,5%) contribui para expertise e inovação. Faixas acima de 56 anos com 5%, e até 20 anos com 2,2%, demonstram o potencial existente, que contribui com a colaboração intergeracional alinhada com a natureza progressista das startups e dos negócios inovadores.
Ecossistemas de inovação
Além dos dados coletados na plataforma Sebrae Startups, o estudo contemplou informações adquiridas nos últimos 3 anos com o Inova Amazônia, que é uma estratégia focada em fomentar, apoiar e desenvolver pequenos negócios, startups, empreendimentos e ideias inovadoras alinhadas à bioeconomia, que tenham como premissa a atuação direta ou indireta para preservação ou uso sustentável dos recursos da biodiversidade do bioma Amazônia. O programa tem como objetivo gerar novos negócios, agregar valor às empresas existentes e fortalecer o ecossistema de bioeconomia amazônico, por meio da inovação, da sustentabilidade e da conexão entre empreendedores da região e de outras localidades.
Além desta e outras iniciativas do Sebrae, que totalizam 29 em toda a Amazônia Legal, a região ainda conta com 13 centros de inovação, 9 aceleradoras, 22 núcleos de inovação tecnológica, 3 parques tecnológicos e 34 pré-incubadoras ou incubadoras.
“Esses dados somente reforçam os nossos pilares de atuação enquanto Sebrae, que são promover sustentabilidade, inclusão e inovação. Não há como inovar sem cuidar da vida e do meio ambiente ao qual pertencemos, por isso, precisamos sempre alinhar as áreas de sustentabilidade e inovação. Teremos, com isso, resultados significativos na diminuição das desigualdades. Tenho a certeza de que estamos sendo indutores de desenvolvimento do nosso país”, afirmou o presidente do Sebrae Nacional, Décio Lima.
Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae acrescenta que o mapeamento serve como bússola para direcionar os esforços do Sebrae, maximizando seu impacto no desenvolvimento empreendedor da Amazônia Legal.
Amazônia Legal
Essa área abrange cerca de 5.217.423 km², correspondendo a 59% do território brasileiro, e é caracterizada por limites territoriais definidos com base em considerações sociopolíticas, não exclusivamente geográficas. A Amazônia Legal foi delimitada para enfrentar os desafios econômicos, políticos e sociais compartilhados historicamente por esses estados, proporcionando uma estrutura para o planejamento e implementação de políticas públicas específicas. Sua extensão territorial incorpora não apenas o bioma Amazônia, mas também 37% do bioma Cerrado e 40% do Pantanal matogrossense.
Fábio Zanuzzi, diretor técnico do Sebrae em Santa Catarina, estado responsável pelo Polo de Referência em Startups, onde são conduzidas as pesquisas do Observatório, afirma que vem sendo desenvolvido um modelo para atuação sistêmica em startups, criando um ambiente propício para surgir soluções e negócios, desburocratizar políticas públicas, facilitar o acesso a investidores, fomentar a inovação e o empreendedorismo. “Uma das características marcantes do Polo de Referência em Startups é sua ampla rede de parceiros estratégicos, formada por grandes empresas, investidores, aceleradoras e instituições de ensino renomadas. Essa rede permite ao Polo conectar empresários a diversos assuntos importantes, como fundos de investimento, aspectos jurídicos, parcerias com universidades e monitoramento da maturidade”.
Para acessar o estudo completo e dados por estado, clique AQUI.