O Hospital Ophir Loyola, do Pará, foi selecionado para participar de um estudo internacional que busca identificar novos genes associados à Doença de Parkinson. A pesquisa, financiada pela Parkinson’s Foundation e a Michael J Fox Foundation, ambas instituições norte-americanas, é realizada em dez países latino-americanos e busca identificar novos alvos terapêuticos para o tratamento e melhorar o diagnóstico e a previsão de risco em populações latinas.
A doença é a segunda enfermidade neurodegenerativa mais comum da humanidade e causa lentificação de movimentos, tremores, rigidez muscular e problemas de equilíbrio. É caracterizada pela degeneração progressiva dos neurônios produtores da dopamina, um neurotransmissor que, dentre outras funções, controla os movimentos corporais. Em geral, acomete pessoas acima de 50 anos de idade, porém também pode afetar pessoas entre 30 e 40 anos, normalmente, nos casos de causa genética.
A maioria dos estudos já realizados sobre a Doença de Parkinson envolve populações asiáticas ou europeias, com poucas informações sobre os latinos. Isso significa que milhões de indivíduos deixaram de se beneficiar dos avanços da medicina personalizada.
Após essa análise, o especialista em medicina genômica do Hospital Cleveland Clinic, nos EUA, Ignácio Mata, criou o Consórcio Latino-Americano de Pesquisa sobre a Genética da Doença de Parkinson (Large-PD) em parceria com cerca de 40 instituições do Brasil, Argentina, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador, Honduras, México, Peru e Índias Ocidentais (Ilhas do Caribe). Somente no Brasil, mais de dez instituições irão participar do recrutamento. Na região Norte do país, participarão Belém e Manaus.
Na capital paraense, o Hospital Ophir Loyola, certificado como Hospital de Ensino e Pesquisa, é o representante do Pará por desenvolver um Ambulatório de Distúrbios do Movimento. Uma média de 200 pessoas serão recrutadas, mediante a assinatura de termo de aceite. Em todo o Brasil, um total de 2 mil pessoas devem participar do estudo.
Metodologia – O estudo irá utilizar análise de associação genômica ampla ou GWAS (genome-wide association study). Em termos mais simples, consiste na investigação de milhões de variantes genéticas em cada paciente e assim mapear grande parte do genoma do indivíduo. Posteriormente, tenta-se checar se alguma característica da Doença de Parkinson está associada a uma ou várias variações analisadas, o que permite entender melhor os mecanismos da doença. E também possibilita identificar mutações raras que causam as formas genéticas do Parkinson.
Benefícios – Entre os resultados esperados, almeja-se a descoberta de pacientes e famílias portadoras de mutações já conhecidas causadoras de Doença de Parkinson, a fim de que possam se beneficiar de aconselhamento genético, aponta Lopes. Assim como “a identificação de novas mutações causadoras de doença ainda não descritas, pois a população amazônica nunca foi explorada sistematicamente com essa finalidade”.
Outro desfecho provável é que pessoas com mutações em alguns genes, como LRRK2 e GBA, poderão se beneficiar de tratamentos adicionais, não disponíveis para quem não tem mutações nestes genes. Logo, mapear a existência destes pacientes na população será útil para o oferecimento de novas medicações.