Cultivares de feijão-caupi são apresentadas como alternativas para fortalecer agricultura familiar no Pará

As cultivares lançadas em abril deste ano resultam de 40 anos de pesquisa em melhoramento genético de feijão-caupi, também conhecido como feijão da colônia.

O Dia de Campo aconteceu na sede da Embrapa em Belém. Foto: Divulgação

O Dia de Campo de apresentação das novas cultivares de feijão-caupi desenvolvidas pela Embrapa reuniu 115 pessoas na sede da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém (PA). Produtores rurais, técnicos da extensão rural, pesquisadores e representantes de secretarias de agricultura, instituições de pesquisa e fomento, federações e movimentos sociais conheceram as quatro cultivares voltadas ao fortalecimento da agricultura familiar do estado do Pará.

As cultivares BRS Bené (grãos marrons graúdos), BRS Guirá (grãos pretos), BRS Utinga (grãos brancos graúdos) e BRS Natalina (tipo “manteiguinha”), lançadas em abril deste ano, resultam de 40 anos de pesquisa em melhoramento genético de feijão-caupi, também conhecido como feijão da colônia.

Na abertura do evento, Walkymário Lemos, chefe-geral da Embrapa Amazônia Oriental, afirmou que uma das missões da pesquisa agropecuária é gerar tecnologia para contribuir com a redução da fome e da pobreza. “Nesse sentido, um dos nossos maiores desafios é fazer com que a ciência chegue até o homem do campo e às populações nas cidades”, afirmou.

Grãos da BRS Utinga. Foto: Ronaldo Rosa

Ele ressaltou ainda que lançamentos como esse de feijões-caupi vão ao encontro das diretrizes do governo brasileiro, que é o de redução da pobreza com segurança alimentar para a população brasileira, “especialmente aquelas com maiores vulnerabilidades socioeconômicas na Amazônia”, completou o gestor.

Para o empresário rural e agricultor Benedito Dutra, parceiro da Embrapa Amazônia Oriental, o feijão-caupi tem potencial para atender tanto a agricultura familiar quanto a empresarial. “As cultivares vão permitir ao produtor a retomada da produção de caupi na região Bragantina, no Nordeste do Pará”, afirmou.

Nos últimos dez anos, a produção paraense de feijão sofreu uma queda de cerca de 40%, ficando em 21 mil toneladas na safra de 2021/2022. Desse total, 19 mil toneladas são de grãos de feijão-caupi, de acordo com dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Dutra lembrou o histórico de atuação da pesquisa com o melhoramento do feijão-caupi e que desde 2005 a Embrapa disponibiliza cultivares desse grão para o estado do Pará. “Mas é por meio de políticas municipais e estaduais que o caupi pode fortalecer a agricultura familiar paraense”, reforçou. 

Novidades no melhoramento genético

O pesquisador Rui Gomes, da Embrapa Amazônia Oriental, apresentou o trabalho de melhoramento genético do feijão-caupi na instituição e detalhou as características de cada cultivar. Ele ressaltou a importância da equipe de pesquisa que atua em diferentes áreas do conhecimento para o desenvolvimento das cultivares apresentadas em campo.

As cultivares BRS Bené (grãos marrons), BRS Guirá (grãos pretos), BRS Utinga (grãos brancos) e BRS Natalina (tipo “manteiguinha”) têm potencial produtivo superior às tradicionais atualmente cultivadas no estado do Pará; porte ereto e semi ereto, facilitando tanto a colheita manual quanto mecanizada; e excelente qualidade de grão.

O público presente ao Dia de Campo conheceu ainda novidades da pesquisa: duas novas cultivares de feijão-de-metro, que também é um tipo de feijão-caupi. Com vagens nas cores verde-oliva e roxo-avermelhado, as cultivares BRS Raíra e BRS Lauré estão em fase final de experimentação em campo e deverão ser disponibilizadas em 2024 aos agricultores familiares paraenses.

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