Ciência contribui com o avanço da produção de arroz no Tocantins

Uma das preocupações para a cadeia do arroz no Tocantins é a segurança alimentar, o que significa a necessidade de melhoria na sustentabilidade das lavouras,

Estudos científicos desenvolvidos no Tocantins revelam que o Estado já está produzindo sementes de arroz genuinamente tocantinense e que estará disponível aos produtores nas próximas safras. A geração da variedade de arroz BRS TO é fruto da parceria da Embrapa Arroz e Feijão com a Universidade do Tocantins (Unitins) Agro, que há anos tem investido em pesquisa sobre o segmento. Um trabalho oriundo do projeto Polo Tecnológico de Pesquisa Agropecuária do Tocantins (Tecnorte), apoiado pelo Governo do Tocantins por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt), desenvolve pesquisas na área de melhoramento genético de grãos, dentre outras técnicas de cultivo e produção.

Foto: Divulgação

“Graças à parceria, foi possível gerar tecnologias, cultivares desenvolvidas e adaptadas às condições de clima e solos do Tocantins, a qual favorece produtividade (média superior a 100 sc/ha), principalmente na região de Lagoa da Confusão e Formoso do Araguaia. Desta forma, a Embrapa tem trabalhado em rede de cooperação por meio de parcerias, esforço conjunto e compartilhamento de infraestrutura para conduzir projetos de pesquisa que atenda a demanda dos produtores de arroz do Tocantins, com máxima otimização de recursos”, explicou o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão (GO) que atualmente é chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa Pesca e Aquicultura, o agrônomo e doutor em Entomologia, Daniel Fragoso.

O Projeto Tecnorte é fomentado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) através do convênio Estruturante gerenciado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Tocantins (Fapt). Uma parceria que tem viabilizado recursos para melhorias da infraestrutura de pesquisa no Centro de Pesquisa Agroambiental da Várzea – CPAV em Formoso do Araguaia-TO e o Complexo de Ciências Agrárias – CCA situado no Centro Agrotecnológico de Palmas, ambos da Unitins onde são conduzidos os trabalhos de pesquisa científica na área agrícola pela Unitins. As tecnologias desenvolvidas nesses centros atendem as demandas de pesquisas em culturas de terras altas (cerrado) e de várzea (região sudoeste do Estado), ou seja, são beneficiados produtores de todos os municípios tocantinenses.

“A parceria tem viabilizado efeitos positivos, tanto no plano de geração de conhecimentos científicos, de qualificação de pesquisadores, como no aporte de recursos financeiros para a estruturação dos projetos de base rural apoiados pela Fapt. O que representa avanço da Ciência, Tecnologia e Inovação no Tocantins, por meio da união de esforços entre setor público com a iniciativa privada em prol da segurança alimentar do nosso Estado”, relatou o presidente da Fapt, Márcio Silveira.

O Contrato de Cooperação Técnica entre a Embrapa e a Unitins foi assinado em maio de 2013. Desde então, pesquisadores das duas instituições vêm conduzindo atividades de pesquisa em parceria. O que representa a busca por inovações para a sustentabilidade produtiva e a excelência da qualidade do arroz por meio do desenvolvimento de novos cultivares. Desta forma, a Embrapa executa o trabalho por meio de um programa contínuo fomentado pela Empresa, que atualmente conta com apoio financeiro também da iniciativa privada por meio de contrato de cooperação técnico-financeira com empresas produtoras de sementes que anualmente estão aportando R$ 240 mil cada durante cinco anos: Uniggel Sementes, Sementes Simão e Brazeiro Sementes. Ao fim desse prazo, existe a possibilidade de renovação do contrato por igual período.

A Embrapa oferece para o Tocantins opções de variedades de arroz tanto para o cultivo irrigado – BRS Catiana, BRS Pampeira, BRS A702 CL e BRS A704 –, como para cultivo em terras altas – BRS A501 CL e BRS A502. “No planejamento, é programado o lançamento de uma nova cultivar de arroz a cada dois anos para atender à demanda dos produtores de arrozes tocantinenses”, explica o pesquisador. Hoje, a BRS Pampeira está em mais da metade da área de arroz no Estado.

Ciência no campo

A adoção de práticas agronômicas de manejo e o investimento em tecnologias no campo para aumentar a produtividade devem ser uma prioridade do produtor, além da valorização de técnicas recomendadas pela pesquisa, a começar pela época de semeadura e pela irrigação que são fundamentais. Outro ponto importante é a reorganização das áreas quanto ao sistema de drenagem, irrigação e domínio sobre o fluxo das águas para potencializar usos, diversificar cultivos e reduzir estresses das plantas.

Uma das preocupações para a cadeia do arroz no Tocantins é a segurança alimentar, o que significa a necessidade de melhoria na sustentabilidade das lavouras, minimizando riscos de impactos ambientais negativos no ambiente, bem como o cuidado com os recursos naturais e a proteção do solo, o uso de produtos biológicos e a conservação da qualidade da água. Ou seja, é necessário adotar um conjunto de práticas agronômicas de manejo integrado que são recomendadas.

Nas últimas safras, com o predomínio de cultivares com genética da Embrapa na região tropical, tem sido possível reduzir em até 50% o número de aplicações preventivas com fungicidas, contribuindo diretamente para maior sustentabilidade da produção, com redução tanto de custos como de resíduos químicos nos grãos. A resistência genética às principais doenças da cultura do arroz, principalmente à brusone, também é fruto de pesquisa.

Transferência de tecnologias

Uma observação importante para o fortalecimento dos produtores de arroz é que sigam as recomendações adequadas para a cultura, por meio da assistência técnica especializada ou por meios virtuais confiáveis, que se dá pelo apoio contínuo da transferência de tecnologias, tornando as informações agronômicas mais acessíveis, bem como utilizando sistemas e formas mais eficientes para a melhoria do processo produtivo.

Ou seja, a transferência de tecnologia tanto pela pesquisa como pela extensão, juntamente com os produtores, para que todo o processo produtivo possa alcançar as melhorias necessárias. Reunindo esses segmentos produtivos com as ações do setor público, da iniciativa privada e da pesquisa, o caminho se fortalecerá e trará benefícios aos produtores de arroz irrigado do Tocantins.

Dados do arroz

No Tocantins, deverão ser registrados ligeiros aumentos nos três indicadores: 0,3% na área plantada com arroz irrigado; 0,6% na produção; e 0,3% na produtividade. Em números absolutos, a previsão da Conab feita no mês passado indica uma produção de 636,2 mil toneladas em uma área de 111,2 mil hectares, chegando-se a uma produtividade média de 5.721 kg/ha em 2020/2021. Esses números são periodicamente atualizados pela companhia, podendo, portanto, ser alterados.

Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em boletim divulgado em março, a safra de arroz irrigado em 2020/2021 no País deve ser 2,2% menor que a anterior. Isso deverá acontecer mesmo com o projetado aumento de 2,3% na área plantada. A causa da queda na produção é que a produtividade média no Brasil deverá ser 4,3% menor em 2020/2021 na comparação com a safra anterior. 

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