Batedeira de açaí que funciona a partir da geração de energia solar recebe primeira patente do Amapá

A batedeira não tem necessidade de armazenamento por baterias e é criação de docente e ex-alunas de Engenharia Elétrica da Unifap com supervisão do professor doutor Alaan Ubaiara.

Docente e ex-alunas do curso de Engenharia Elétrica, da Universidade Federal do Amapá (Unifap), criaram um modelo de utilidade que se transformou na primeira patente concedida pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) ao Amapá. O professor doutor Alaan Ubaiara e as egressas Allana Feijão e Anita Almeida inventaram uma batedeira de açaí que funciona com energia solar sem necessidade de armazená-la em banco de baterias. O nome da invenção é “despolpadeira fotovoltaica de açaí”


Modelos de utilidade são objetos de uso prático, ou partes deste, suscetíveis de aplicação industrial, que apresentem nova forma ou disposição. De acordo com Ubaiara, a ideia da invenção surgiu a partir de observações em campo, quando estava em atividade em comunidades da zona rural.

“Várias atividades produtivas que são desenvolvidas dentro de comunidades ainda são realizadas de forma artesanal, sem a utilização de qualquer tipo de equipamento elétrico, e muitas podem ser facilitadas pelo uso de equipamentos motrizes, que funcionam por meio de um motor elétrico. Optamos por desenvolver um protótipo pensando na cadeia produtiva do açaí, uma das mais relevantes para o Amapá”, afirma o pesquisador.
Foto: Divulgação/Assesp Unifap

O equipamento, segundo o pesquisador, pode ser utilizado em comunidades que participam da cadeia produtiva do açaí e que possuem dificuldades de ter acesso à energia elétrica, assim como de maneira pessoal, para consumo próprio da polpa do açaí.

“A despolpadeira tem essa utilidade muito grande: ao mesmo tempo que possibilita para quem mora na zona rural, sem acesso à energia elétrica convencional, poder desenvolver uma atividade produtiva, ela pode melhorar a sua forma de segurança alimentar”, avalia Ubaiara.

Como funciona 

Batedeiras de açaí que funcionam a partir da geração de energia solar já existem no mercado. No modelo de utilidade patenteado pela Unifap, contudo, essa geração de energia está acoplada à despolpadeira, não tendo a necessidade de armazenar energia utilizando banco de baterias como nas batedeiras de açaí comerciais existentes. 

A máquina é acionada por um equipamento elétrico chamado conversor de frequência, que é alimentado por placas solares, barateando os custos, diminuindo a manutenção e com mais durabilidade.

“A inovação foi juntar equipamentos que já existiam no mercado (batedeira de açaí, conversor de frequência e placas solares), fazer isso funcionar conectado de forma direta, sem uso de banco de bateria, realizando toda uma programação para que esse conversor de frequência pudesse funcionar acoplado diretamente à batedeira e isso não existia no mercado”,

aponta o docente.

O modelo de utilidade é resultado da pesquisa desenvolvida para o trabalho de conclusão de curso das ex-alunas de Engenharia Elétrica, Allana Feijão e Anita das Graças, cuja ideia inicial foi de Ubaiara, que já tinha interesse em desenvolver tecnologias sociais para fomentar a cadeia produtiva do Estado.

As duas ex-alunas foram selecionadas no Prêmio Samuel Benchimol em 2016, garantindo recursos para o desenvolvimento da pesquisa. O prêmio possibilitou a compra dos equipamentos necessários para montar o protótipo da despolpadeira de açaí fotovoltaica e realizar testes para criar uma máquina funcional.

Foto: Divulgação/Assesp Unifap

Proteção da propriedade industrial e intelectual 

Patente é uma concessão pública, conferida no Brasil pelo Inpi, que garante ao titular do documento a exclusividade da exploração comercial da sua criação. Ela protege todo o esforço de criação que um indivíduo faz ao colocar uma ideia na prática, seja uma invenção, seja uma produção intelectual.

A Unifap possui, atualmente, 20 pedidos de registro de patentes no Inpi. O diretor do Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia (Nitt), Felipe Monteiro, ressalta que a patente, além da importância para o Amapá pelo seu ineditismo, contribui para a expertise da Universidade.

“Ganhamos know-how, sabemos agora como proceder com o pedido de patentes, conseguimos cumprir com todas as etapas solicitadas pelo Inpi e conseguimos vencê-las, contribuindo, dessa forma, para a concessão da patente”, adita Felipe Monteiro.
Foto: Divulgação/Assesp Unifap

O Nitt é responsável por receber todos os pedidos de patentes gerados a partir da produção intelectual da comunidade acadêmica da Unifap e auxilia o(a) inventor(a) a fazer a redação da patente.

“Nós auxiliamos com a descrição do pedido, o relatório descritivo do material e fazendo a reivindicação junto ao Inpi. A Unifap paga a taxa de solicitação de depósito de patente cobrada pelo Inpi e o Núcleo vai acompanhando o processo. Caso o Inpi solicite modificações na redação da patente, também auxiliamos o(a) inventor(a) a atender as exigências do Instituto”, informa o diretor. 

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