Grupo Rede Amazônica a caminho dos 50 anos
Acontece no dia 25 de janeiro de 1975, na Avenida Ataíde Teibe, 1.282, no bairro do Trem, a inauguração da TV Amapá. O sistema operacional, apesar de poucos recursos, era perfeitamente compatível com o processo de inauguração da empresa.
A primeira câmera era uma AVC, em preto e branco Sony, considerada moderna para a época, tendo sido, mais tarde, substituída por outra Sony, modelo 1.600 e 1.800, em cores.
A TV Amapá foi a primeira emissora de televisão do então Território Federal do Amapá, hoje Estado do Amapá. A população da cidade não se contentava somente com a Rádio Difusora e Rádio Educadora, além do Cine Amapá – a casa dos grandes espetáculos. Os jornais eram esporádicos e sem periodicidade definida, o que levava a população a ficar, de certo modo, no isolamento. Por isso mesmo, a chegada da TV Amapá fora recebida com muita euforia.
Quem pôde na época, logo procurou adquirir seu aparelho de televisão. Era comum as pessoas se acotovelarem diante das residências que já possuíam aparelhos de televisão.
A primeira transmissão fora algo impressionante, extraordinário, cuja, imagem chegava aos aparelhos com perfeição, sem chuviscos, salvo alguns aparelhos de televisão mal sintonizados.
Não havia um só curioso, por mais tímido que fosse, que não arriscasse perder alguns minutos, diante do aparelho de televisão. Afinal de contas, era a coqueluche do momento.
O sonho havia tornado-se uma realidade, o desafio da primeira equipe de jornalismo fora grande, embora com pouca experiência, porém, com muita vontade de produzir, partindo para as ruas em busca de notícias para o novo veículo de comunicação.
Era uma corrida contra o tempo, mas contava com o talento do locutor e apresentador Benedito Andrade, que, por sua experiência, salvava o texto e valorizava as imagens. Sua maior perspicácia era a arte do improviso.
A TV Amapá foi montada em praticamente quinze dias, operando com câmeras fixas e fazendo uso de slides, o que facilitava a ilustração dos telejornais na época.
Na verdade, adaptava-se o momento à prática do jornalismo do rádio para a televisão. A esta altura, atuava um cinegrafista e o apresentador. Para aquele momento, poderíamos dizer que eram de nível extraordinário.
Outro apresentador que deixou sua marca foi Sebastião Oliveira – o segundo apresentador, tendo ingressado na emissora um ano após sua inauguração. Este, por sua vez, foi locutor comercial e locutor noticiarista.
Benedito Andrade e Sebastião Oliveira lembram a emoção de informar e anunciar a tragédia do barco Novo Amapá u incidente fluvial de grandes proporções, que ocorrera nas águas do rio Cajari.
Alguns desses pioneiros da TV Amapá já se foram, mas muitos ainda estão entre nós, como Correia Neto, Hélio Penaforte – este, responsável pelos primeiros documentários da TV Amapá. Destacamos, também, a figura de Damião Jucá, que deu importante contribuição no desenvolvimento da emissora, pois, na época, fora cinegrafista, operador, motorista, iluminador e técnico, responsável pela manutenção dos equipamentos.
Outro que dera importante contribuição neste processo foi Júlio Duarte que começou na emissora como auxiliar de serviços gerais e, mas tarde, cinegrafista, tendo chegado a diretor do Programa Documentos da Amazônia, veiculado pelo Amazon Sat em âmbito nacional.
Em 1981, a emissora mudou de prédio. Nesta inauguração, importantes personalidades fizeram-se presentes, dentre elas a eterna madrinha da Rede Amazônica, senhora Nazira Chamma Daou, o diretor-presidente Dr. Phelippe Daou, diretores, funcionários e demais convidados.
Esta cerimonia, como não poderia deixar de ser, fora marcada com uma missa solene, celebrada pelo Bispo de Macapá – Dom José Maritano.
Apesar de toda luta contra o tempo, repórteres, operadores, técnica e administração, trabalham em sintonia, formando uma equipe coesa.
A TV Amapá vai se mantendo no ranking de audiência em todo Estado, com vasta programação diária.
Hoje, a TV Amapá está completamente digitalizada, fazendo parte desse conglomerado empresarial a Rádio Amapá FM.
Discurso do diretor-presidente Dr. Phelippe Daou no ato da inauguração da TV Amapá em 25 de janeiro de 1975
Excelentíssimas autoridades, minhas senhoras, meus senhores, senhor Jorge Edo, nosso companheiro de jornada amazônica, companheiros da Rede Amazônica de Televisão, senhor Jorge Vieira – secretário de Radiodifusão do Ministério das comunicações, senhor governador Arthur de Azevedo Henning.
A 16 de novembro último, em solenidade presidida pelo Ministro das Comunicações Euclides Quandt de Oliveira e, que contou com a honrosa presença de Vossa Excelência, senhor governador, assinamos em Brasília o contrato efetivando a concessão do Canal 6 de Televisão, nesta capital, conquistada em concorrência pública e outorgada pelo Presidente da República.
Pouco mais de dois meses após, estamos inaugurando a TV Amapá, que completa a Rede Amazônica de Televisão.
Permita-nos aqui, fazer um parêntese para informar aos que ainda não a conhecem que a Rede Amazônica de Televisão tem apenas dois anos e quatro meses de existência.
Nasceu a TV Amazonas em Manaus, a 1º de setembro de 1972 e se foi formando com a TV Rondônia a 13 de setembro de 1974, com a TV Acre a 16 de outubro de 1974, com a TV Roraima a 22 de dezembro de 1974 e, hoje com a TV Amapá.
Como veem, num período de quatro meses, foram postas a funcionar quatro estações de televisão, exceto que modestas e simples, mais estações geradoras, decentes e condizentes com a realidade regional.
Agimos com muita pressa, lavramos com o apoio e o estímulo do Ministério das Comunicações todos os recordes do setor, numa região que sempre foi desafio à Nação Brasileira.
É que preferimos arcar com os ônus dos erros impostos pela pressa, pois a pressa é inimiga da perfeição, do que perder tempo precioso na busca da perfeição para o nosso empreendimento, pois o tempo é irrecuperável e o perfeccionismo não é bom amigo do desenvolvimento acelerado.
Temos sido, até aqui, mas ideal do que empresa e ainda seremos por muito tempo. Mas orgulha-nos saber que o Presidente Geisel também pensa que, na nossa imensa região as coisas têm de ser feitas com pressa, como revelou aos empresários amazonenses na sua recente visita a Manaus. Do contrário, os problemas não serão enfrentados, nem as dificuldades superadas e, não se conseguirá fazer o relógio dom progresso que, por muito tempo, esteve parado ou muito se atrasou na Amazônia.
Concluída a fase de implantação, partimos agora, para a consolidação da Rede Amazônica de Televisão, que mais compete às populações a que está servindo, do que mesmo a nós, pois o seu crescimento e o seu sucesso estarão sempre condicionados a ajudar que nos for conferida, transformando cada emissora em porta-voz autentico de suas aspirações, em veículo de sua informação, do seu entretenimento e de sua educação.
No caso específico do Amapá, queremos ressaltar que, desde o instante em que requeremos ao Ministério das Comunicações a abertura da concorrência pública para este Canal de Televisão, temos contado com a boa vontade do Governo Territorial. Não se acreditava na viabilidade de uma estação de televisão em Macapá, como de resto em outros centros amazônicos. O assunto constituía aventura. No entanto, nosso requerimento logrou êxito, havendo o então governador José Lisboa Freire reafirmado junto ao ex-Ministro Hygino Corsetti a necessidade de Macapá possuir a sua Televisão. Fique bem claro que o ex-governador Freire não pedia por este Canal de Televisão. O Ministro atende ao nosso pleito. Foi publicado o Edital de concorrência. Todos quanto o quisessem, poderiam nela inscrever-se. Participaram vários concorrentes e, fomos um deles. Houve mudanças de governo no território e no país, porém, o assunto não arrefeceu. Pelo contrário, o governador Arthur de Azevedo Henning imprimiu maior aceleração. Enquanto o processo de concorrência corria o seu trâmite normal, requereu e obteve do Ministro das Comunicações, já ao tempo o comandante Quandt de Oliveira, grande entusiasta da Amazônia – autorização, a título precário, para montar uma estação com finalidades educativas. Através dela, desde a Copa Mundial de 1974, a população de Macapá passou a desfrutar dos benefícios da televisão. Nessa iniciativa, Macapá como Boa Vista, Porto Velho e Rio Branco, contou com o braço forte, com a compreensão e o patriotismo do Dr. Jorge Vieira, elemento de vanguarda na conquista da Amazônia pela radiodifusão de sons e de imagens, numa rara felicidade neste instante, abrilhantamento esta festa doa amapaenses.
Em meados de novembro último, como já referimos, a concorrência foi julgada, contemplando-nos com a vitória do Canal 6 de Macapá por suprema decisão do Presidente Geisel.
Desde esta data, passamos a cuidar da efetivação da TV Amapá. E do governador Henning sempre tivemos palavras e incentivo para a concretização desta emissora.
Ele tem a consciência plena do alto valor da televisão na vida da comunidade. Que uma televisão é infraestrutura de qualquer programa de desenvolvimento. E de certo, ele a utiliza o mais possível, na conscientização do povo sobre a nova era do Amapá e sobre o imenso esforço do Governo Federal para integrar esta unidade ao país, dando assim, a sua valiosa e imprescindível cooperação na realização dos objetivos desta estação que, hoje, passa a ser patrimônio legítimo da população amapaense.
É de ser ressaltado, também, que o governador Henning, num gesto muito cativante e numa homenagem carinhosa à gente de Macapá e ao empresariado realizador, preferiu fazer-se presente a este ato, sacrificando sua participação com Conselho Deliberativo da Sudam, que ontem instalou sua reunião mensal em Goiânia.
Agora, umas palavras ao altivo e hospitaleiro povo de Macapá. A TV Macapá lhe pertence por inteiro. Ela preenche um lugar que estava vago e cujo direito de ocupação conquistamos, limpamente, em concorrência pública. O seu pessoal, de todos os escalões, está sendo recrutado aqui mesmo. Não é fácil fazer televisão. Vamos errar muito, até chegarmos às condições ideais de operação e produção. Mas também foi assim e, será sempre assim no começo da televisão em qualquer outra unidade brasileira e pelo mundo afora. Não é a toa que o povo diz que é errado que se aprende. Vamos errar bastante e aprender muito com a gente local, que tem de se preparar para os embates do futuro, para as lutas em prol do desenvolvimento do Amapá, sob todos os aspectos. Queiram desculpar-nos, desde logo, pelas falhas operacionais que serão cometidas e nos ajudem, como puderem, para que elas sejam, o quanto antes, corrigidas. Impõem-se a compreensão e a solidariedade de todos.
A programação da emissora, por sua vez, estará em função dos ingressos publicitários. A televisão não tem outra fonte de receita a não ser a resultante da propaganda comercial. Os programas são de alto custo, exigindo contrapartida de anunciantes para sua aquisição. Não se poderá desejar uma programação de gabarito, se não forem proporcionados pelo empresariado e pelo Governo como empresário, os recursos necessários ao seu entendimento. Não pretendemos doações, nem subvenções. Queremos e podemos prestar serviços e receber a justa contraprestação.
Quanto à posição da TV Amapá, ela será igual à das emissoras que compõem a Rede Amazônica de Televisão.
A sua ação será independente, respeitosa e vigorosa na defesa dos interesses da terra e do seu povo.
Pugnaremos sempre pela ocupação, desenvolvimento e integração do Amapá ao todo nacional, participando, dessa maneira, ativamente, do processo deflagrado pelo Governo Federal, para arrancar a Amazônia do secular abandono em que se encontrava e, transformá-la em suporte da economia brasileira.
Sempre acreditamos no futuro da Amazônia e no valor de sua gente que, embora aquele secular abandono, soube brilhantemente, preservar a soberania brasileira, nestes três quintos do nosso território, com mais de onze mil quilômetros lineares de fronteira.
E, por isso, prosseguiremos com o nosso trabalho, seja no sentido da instalação de repetidoras, instantâneas ou não, por todo o interior e linha de fronteira da Amazônia, para apressar a ocupação desta outra metade do Brasil e para estreitar os laços de amizade com os nossos vizinhos, – seja no sentido da implantação do Centro de Produção da Amazônia, através do qual haveremos de formar mão de obra especializada para a televisão da área e, de mostrar, ainda este ano, as cores da nossa bela região ao país e ao mundo, positivando a capacidade realizadora, o trabalho fecundo dos homens que colocam, antes e acima de tudo, o seu amor pelo Brasil.
Finalmente a todos quantos nos ajudaram a efetivar este empreendimento, sem distinção de posição ou classe social – particularmente a Jorge Edo e seus prestimosos auxiliares de Maxwell, hoje virtualmente integrados nesta cruzada amazônica –, os nossos profundos agradecimentos, na certeza de que com a ajuda e a proteção de Deus, haveremos de corresponder à confiança que nos deposita o Ministério das Comunicações e de um modo geral o Governo Federal e aos anseios da população deste Amapá, que também já é nosso pelo coração e pelo ideal de servir à nossa querida pátria.