Milton de Magalhães Cordeiro: uma lenda do jornalismo no Amazonas

No Grupo Rede Amazônica, Milton de Magalhães Cordeiro exerceu a função de Vice-Presidente de Jornalismo.

A chuva caía monótona sob a tarde morna do município de Itacoatiara, cujas gotas deslizavam sobre o velho telhado da residência da família Cordeiro. Haveria de nascer amparado por muito amor o menino que mais tarde se consagraria em um dos maiores jornalistas de todos os tempos. Amazonense de Itacoatiara nascido aos quatro dias do mês de dezembro de 1931. Filho de Raymundo Nonato de Magalhães Cordeiro e da senhora Ângela Saboya de Magalhães Cordeiro.

Fez os primeiros contatos com as letras do curso primário no Colégio São Geraldo dirigido à época pela professora Diana Pinheiro, educadora famosa de grandes cabeças no Amazonas e os dois anos seguintes no Colégio Progresso da professora Júlia Barjona, cuja supervisão era da professora Neuza Lemos. Aluno dedicado à leitura e aos estudos, logo prestou exame de admissão ao Ginásio Amazonense Pedro II (hoje Colégio Estadual do Amazonas), fazendo quatro anos de estudos de ginásio e três anos do clássico, dedicado e líder estudantil, logo foi escolhido para representar a turma como orador.

Milton de Magalhães Cordeiro. Foto: Reprodução/Rede Amazônica

O tempo passa e o jovem Milton de Magalhães Cordeiro presta exame de seleção para ingressar na Faculdade de Direito do Amazonas bacharelando-se na turma de 1963. A arte de escrever foi sendo construída nos matutinos da cidade de Manaus, em companhia do também jornalista Phelippe Daou. Exerceu neste período com muita dignidade e independência o jornalismo impresso e televisivo, na sua trajetória como repórter nos jornais A Gazeta, O Jornal e Diário da Tarde, hoje fora de circulação. Nesses dois últimos que pertenceram à Empresa Archer Pinto foi posteriormente redator, redator – secretário do Diário da Tarde e Superintendente Executivo.

Leiloeiro Judicial e Depositário Público do Amazonas entre os anos 1951 e 1956. Secretário Executivo da Superintendência da Zona Franca de Manaus em 1960 (Administração José Ribeiro Soares); Delegado de Manaus em 1960; Delegado de Ordem Política e Social na Administração do Governador Arthur Cezar Ferreira Reis em 1965; algumas vezes respondendo pela Chefia de Polícia da Secretaria de Estado de Segurança Pública. Mais tarde demitindo-se para assumir a Secretaria Executiva da Cooperativa do Banco Popular de Manaus, exerceu também a função de Assistente Jurídico da Celetramazon em 1970.

O jornalista Milton Cordeiro acompanhado do empresário Joaquim Margarido, Nivelle Daou Junior e o presidente da Rede Amazônica, Phelippe Daou, recebendo das mãos do diretor-presidente do Amazon Sat, Phelippe Daou Júnior, o primeiro troféu, no lançamento do Prêmio Milton Cordeiro de Jornalismo. Foto: Reprodução/Rede Amazônica

Em 1968 os amigos Milton de Magalhães Cordeiro, Phelippe Daou e Joaquim Margarido haveriam de juntar forças e fundaram a Amazonas Publicidade Ltda, empresa que revolucionou na época em Manaus o conceito de propaganda com mensagens modernas e arte-final de bom gosto. Em 1980 a empresa foi desdobrada com a criação de um Departamento para a distribuição das revistas Bloch, Imprensa e Abril.

Em 1969, mais uma vez a convite dos amigos Phelippe Daou e Joaquim Margarido participa da criação da Rádio TV do Amazonas Ltda, empresa que acabara de concorrer e vencer a concorrência pública do Ministério das Comunicações para as concessões das Tvs Amazonas em Manaus, Amapá em Macapá, Acre em Rio Branco, Rondônia em Porto Velho e Roraima em Boa Vista, como também as Rádios Amazonas FM, Acre FM, Amapá FM e CBN Amazônia.

Lançamento do Prêmio Milton Cordeiro de Jornalismo, em novembro de 2011. Foto: Reprodução/Rede Amazônica

No Grupo Rede Amazônica, Milton de Magalhães Cordeiro exerceu de forma primorosa a função de Vice-Presidente de Jornalismo. Fez parte do quadro societário das empresas do Grupo Modalva, Estúdio Amazônico e Studio 5 Festival Mall.

Foi fundador do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Amazonas, com a inscrição de número 21/59. No sindicato, na administração do jornalista Arlindo Porto, coordenou e secretariou a realização em Manaus da 5° Conferência Nacional de Jornalistas em 1961.

Foi fundador do Lions Club de Manaus – Centro, onde exerceu todas as funções de diretoria, inclusive de presidente. Em nível de Distrito, à época, foi presidente de Divisão, Vice-Governador, Assessor de Leonismo e Diretor-Geral da Convenção Distrital de 1969 em Manaus. Fundador do Lions Club de Boa Vista, em Roraima.

No seu período de acadêmico na Faculdade de Direito fundou a União dos Estudantes Secundaristas do Amazonas – UESA, ao lado de Francisco Ferreira Batista, Hernando Marques, Vinícius Câmara, Annibal Teixeira de Souza, Almir Diniz de Carvalho, Agnelo Balbi e Delfim Manuel de Souza Filho, tendo presidido a Instituição por dois mandatos. Ainda como acadêmico fez parte do Diretório XI de Agosto como Secretário de Cultura.

Fundador do AMERT – Associação Amazonense de Emissoras de Rádio e Televisão, tendo presidido por três mandatos. Fundador do SINDERPAM – Sindicato das Empresas de Radiodifusão (TV e Rádio) do Amazonas, tendo presidido essa Instituição em três mandatos.
Foi Diretor da Associação Comercial do Amazonas, da Federação e Centro do Comércio do Estado do Amazonas. Foi Membro Titular do Conselho Fiscal da ABERT – Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão.

Foi casado com a Senhora Maria Edy Cerejo Cordeiro, de cujo, matrimônio nasceram os filhos Lúcia Helena, Cláudia Maria Themis e Milton Júnior.

[…] “Poucas instituições impactam a sociedade de forma tão avassaladora quanto a impressa, chamando para si a atenção de sujeitos e grupos sociais, cujas, demandas e projetos se veem por ela alcançados, seja no sentido do acolhimento e enfrentamento a eles. Não há pois, que se questionar o protagonismo do Jornal “impresso” na vida política e social brasileira, conforme resulta assentado pela hoje expressiva historiografia da imprensa, o que não significa, em absoluto, que os processos pelos quais tais interações se realizam estejam devidamente esclarecidos, ou seja, do domínio público. Não é o caso”.

* Trechos do prefácio da obra Histórias Impressas – Imprensa e Periodismo na Região Norte (1930-1988). Professor Dr. Luís Balkar Pinheiro.

Honrarias


• Medalha do Mérito JG Araújo da Associação Comercial do Amazonas;

• Medalha do Mérito Comercial da Federação do comércio;

• Medalha Luso-Brasileiro do Amazonas no Grau de Comendador Emídio Vaz d’ Oliveira da Beneficente Portuguesa do Amazonas;

• Medalha do Mérito Tamandaré;

• Medalha do Mérito Pacificador Santos Dumont;

• Medalha do Mérito da Radiodifusão. 

Sobre o autor

Abrahim Baze é jornalista, graduado em História, especialista em ensino à distância pelo Centro Universitário UniSEB Interativo COC em Ribeirão Preto (SP). Cursou Atualização em Introdução à Museologia e Museugrafia pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas e recebeu o título de Notório Saber em História, conferido pelo Centro Universitário de Ensino Superior do Amazonas (CIESA). É âncora dos programas Literatura em Foco e Documentos da Amazônia, no canal Amazon Sat, e colunista na CBN Amazônia. É membro da Academia Amazonense de Letras e do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), com 40 livros publicados, sendo três na Europa.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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