Comendador José dos Santos da Silva Azevedo: a saga de um Imigrante Português

 
 

No dia 24 de julho de 1933, nascera o menino que haveria de escrever uma das mais belas histórias da vida comercial da Amazônia

 
 
Em uma paisagem de muita tranquilidade e silêncio, a cidade ao norte de Portugal que lhe serviu de berço, foi Albergaria-a-Velha. Localizada junto a uma estrada de paralelepípedos e de muita tranquilidade e traçado rural, a casa só se distinguia das demais pelo seu traçado em duas águas, cuja, beleza marcava o lugar.
 
Foto:Residência da família em Portugal, onde nasceu José dos Santos da Silva Azevedo | Foto: Acervo Abrahim Baze

Fora ali, que no dia 24 de julho de 1933, nascera o menino que haveria de escrever uma das mais belas histórias da vida comercial da Amazônia, seu nome José dos Santos da Silva Azevedo.

Foram seus pais José da Silva Azevedo e Maria da Silva Santos Azevedo. Sua mãe nascera em Portugal e acostumada a contemplação do sol quente do final de tarde, amenizado pelo sopro do vento com o acompanhamento de cantos dos grilos e de pássaros, cujo o sol preguiçosamente teimava em adormecer.

José dos Santos da Silva Azevedo aos 6 meses de idade, 1936 | Foto: Acervo Abrahim Baze

Ele o pai, nascera em Manaus em um sobrado de frente para baía do Rio Negro na antiga rua Ramalho Júnior, hoje Barão de São Domingos e, acostumado com o calor amazônico, ela filho de verdureiro que trabalhava duro no Mercado Adolpho Lisboa e de uma lavadeira.

Foto de casamento de José da Silva Azevedo e Maria da Silva Santos – Portugal, 24 de setembro de 1932 – os pais do comendador José dos Santos da Silva Azevedo | Foto: Acervo Abrahim Baze

José dos Santos da Silva Azevedo casou-se com a senhora Zuila Maria de Araújo Azevedo e dessa união vieram ao mundo os filhos: José Maria dos Santos da Silva Azevedo, Manuel Maria dos Santos da Silva Azevedo, Antônio Maria dos Santos da Silva e Rosa Maria dos Santos da Silva Azevedo.

José dos Santos da Silva Azevedo aos 4 anos de idade e sua irmã Maria da Conceição dos Santos da Silva Azevedo aos 2 anso de idade | Foto: Acervo Abrahim Baze

O empresário sempre foi conhecido como um homem preferencialmente de duas pátrias e naturalmente pela comunhão com o Brasil, pátria que o recebeu. Homem extremamente justo e generoso, inteligente e empreendedor. Na sua intimidade, guardava expressiva amor e gratidão a sua avó, que assumiu o binômio de avó e mãe, pois ficou órfão muito cedo de sua mãe.
    

José dos Santos da Silva Azevedo e sua irmã Maria da Conceição dos Santos da Silva Azevedo. Em 31 de maio de 1942 no primeiro Congresso Eucarístico em Manaus fazendo a primeira comunhão | Foto: Acervo Abrahim Baze

Bebeu na fonte dos primeiros estudos no Instituto São Geraldo, à época dirigido pela famosa mestra Diana Pinheiro, fato que ele ressaltava com orgulho entre os anos de 1941 a 1945. Com tudo esforço de sua avó, trabalhando como lavadeira foi estudar o curso ginasial e técnico e, Contabilidade no Colégio Dom Bosco, entre os anos de 1946 a 1952. Em seguida, o amor ao rádio, o levou a fazer o curso de Técnica em Eletrônica por correspondência no Instituto Universal Brasileiro que tinha sede no Estado de São Paulo.

José dos Santos da Silva Azevedo, em frente a sua residência na rua Henrique Martins, Centro de Manaus | Foto: Acervo Abrahim Baze

Seu primeiro emprego foi na empresa hoje extinta Antônio M. Henriques e Companhia na Rua Marechal Deodoro como técnico de aparelhos elétricos e eletrônicos, entre os anos de 1950 a 1958. Seu interesse pelo rádio e a eletrônica o levou a fazer o curso de especialização em eletrônica pela Phillips do Brasil, Semp Rádio, Televisão Semp e Philco. Chefiou o setor de Assistência Técnica e Eletrônica da Empresa S. Monteiro Ltda. entre os anos de 1959 a 1962.

Momento histórico da vida da dramaturgia do Amazonas: Francisco Barbosa, Procópio Ferreira e José Azevedo no Teatro Amazonas, contracenando com Procópio Ferreira no Teatro Amazonas em 1958 | Foto: Abrahim Baze

Outro fato interessante na vida do Comendar e Empresário José dos Santos da Silva Azevedo foi a performance pelo Rádio Teatro, neste período Manaus tinha rádios e jornais e os rádios era a época os veículos de maior audiência.
    

Mario Lago com Lina Abreu, José Azevedo, Josaphat Pires (diretor de rádio teatro da Radio Baré de Manaus), José Renato, Jerusa, Bia e Sebastião | Foto: Abrahim Baze

Os registros históricos da Igreja Católica nos levam a uma amostragem de sua influência na formação de grupos de teatros. O sucesso era enorme e ele passa a fazer parte do Grupo Cênico e o espaço teatral no Teatro Juvenil da Divina Providência. Além do rádio teatro de grande sucesso a época, ele contracenou no Teatro Amazonas com Procópio Ferreira, grande nome do Teatro Nacional em 1958. Outro fato interessante foi a Rádio Novela com texto de Mário Lago e entregue pessoalmente ao Grupo de teatro com o título “Faltou uma palavra”.
    

A memória do empresário é um exemplo de liderança com grande visão do futuro empresarial e de persistência, foi um empreendedor de tal forma reconhecido no mundo empresarial.

José Azevedo, esposa e seu filho Antônio Maria Azevedo | Foto: Abrahim Baze

Atividades exercidas:

  •     Professor na área de Eletrônica e Rádio no SENAC-AM, entre 1958 a 1963.
  •     Desde 1962 dedicou-se a criação de Gado Zebu.
  •     Fundou em 6 de fevereiro de 1964 a firma J. Santos, Razão Social da Importadora TV Lar, especializada na Assistência Técnica em Aparelhos Elétricos e Eletrônicos, bem como venda de componentes eletrônicos.
  •     Sócio Diretor da Yamaha Motor da Amazônia Ltda, desde agosto de 1983.
  •     Presidente do Clube de Diretores Lojistas – CDL, entre 1981 a 1985.
  •     Presidente da Associação dos Pecuaristas do Amazonas, entre 1970 a 1980.
  •     Diretor-Presidente da Empresa Importadora TV Lar Ltda, sucessora de J. Santos Azevedo.

Entidades que participou:

 

  •     Conselheiro do SESC/SENAC.
  •     Membro do Conselho Superior dos Diretores Lojistas de Manaus.
  •     Membro do Rotary Clube de Manaus – Centro.
  •     Membro do Conselho Deliberativo do SEBRAE.
  •     Presidente do Sindicato do Comércio e Varejista do Amazonas.
  •     Vice-Presidente da Federação e Agricultura do Estado do Amazonas.
  •     Vice-Presidente da Federação do Comércio do Estado do Amazonas.
  •     Ex-Presidente da Associação Comercial do Amazonas.
  •     Membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Amazonas.
  •     Cônsul Honorário de Portugal em Manaus.

    Distinções recebidas:

 

  •     Comerciante do Ano em 1985.
  •     Comendador da Ordem do Mérito conferido pelo Governo Português em 1987.
  •     Industrial do Ano em 1990.
  •     Medalha do Mérito J. G. de Araújo conferido pela Associação Comercial do Amazonas em 1993.
  •     Cidadão da Cidade de Manacapuru conferido pela Câmara Municipal de Manacapuru, em 1994.
  •     Medalha de Ouro Cidade de Manaus, conferido pela Câmara Municipal de Manaus, em 2001.
  •     Medalha Rui Araújo e Título de Cidadão Amazonense conferido pela Câmara Municipal de Manaus, em 2011.
  •     Medalha de Honra ao Mérito Legislativo Jamil Seffair, conferido pela Câmara Municipal de Manacapuru, em 2011.
  •     Comenda Jornalista Phelippe Daou conferido pela Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas, em 2018, In Memoriam.
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