9 sabores de cachaça criados com ingredientes amazônicos

Misturas de cachaça com madeira, sementes, ervas e raízes oriundos da Amazônia tem ganhado espaço entre os fãs da bebida.

Os insumos para a preparação das bebidas são escolhidos minuciosamente, desde a seleção até a preparação. Nesse cenário as possibilidades de combinações são inúmeras e, com isso, um exemplo é o dos sabores das cachaças amazônicas. 

São os mais variados – e até inusitados – como: andiroba, jambu, mangarataia, mastruz, açaí, guaraná, capim santo, catuaba, preciosa, puxuri, castanheira, crajiru, cacau, pau tenente e anis estrelado.

Os destilados utilizados como base da mistura na bebida são nomeados de licores. Cupuaçu, cajá, buriti e araçá-boi são alguns caracterizados por seus aromas e sabores fortes.

O Portal Amazônia conversou com o engenheiro químico e empresário Cássio Oliveira, dono da marca ‘Cachassio – Cachaça Saborizada’, idealizador de mais de 28 sabores de cachaças com insumos da Amazônia, e separou nove ingredientes usados como base de cachaças com sabores regionais.

Foto: Diego Oliveira/ Portal Amazônia

Dentro do mercado de bebidas alcoólicas, as bebidas com gosto amadeirado são as preferidas, segundo Cássio. Licores como preciosa, castanheira, copaíba e andiroba tem conquistado destaque entre os apreciadores em Manaus (AM).

“As ervas, sementes e raízes são trituradas para uma maior interação do material orgânico com o meio aquoso, no caso a cachaça. Em seguida ela passa por um processo desenvolvido na faculdade, que acelera o processo de maturação, ficando pronto em apenas três horas, o que normalmente, leva algo em torno de 30 dias”, revela Cássio. 

O engenheiro químico explicou um pouco sobre os insumos mais inusitados usados na produção regional da bebida.

Cássio Oliveira, dono da marca “Cachassio Cachaça Saborizada”. Foto: Diego Oliveira/ Portal Amazônia

Confira os ingredientes que mais fazem sucesso:

Andiroba 

É uma semente coletada da árvore de andiroba, que chega a atingir 30 metros de altura. A origem do nome vem do tupi-guarani e significa ‘gosto amargo’. O fruto possui um óleo conhecido na região como azeite de andiroba, que possui cor dourada e cheiro forte. O óleo de andiroba é rico em ácidos graxos insaturados, está presente na indústria de cosméticos, além de ser um ótimo inseticida, cicatrizante e anti-inflamatório.

Guaraná 

Possui propriedades estimulantes, dentre elas a grande quantidade de cafeína, que serve como fonte de energia. O guaranazeiro é uma trepadeira arbustiva típica da floresta amazônica, podendo chegar até 12 metros de altura, prendendo-se às árvores vizinhas. O fruto do guaraná é em formato de cachos, possui uma casca vermelha e quando está maduro surge uma polpa branca e suas sementes são parecidas com os olhos. Os indígenas da tribo sateré-mawé, de Maués, possuem diversas lendas e consideram o guaraná sagrado.  

Preciosa

Árvore de porte médio, podendo variar de 15 a 35 metros de altura, possui um aroma doce semelhante ao da canela. É utilizada para tratamento de catarro crônico, sífilis, candidíase, diarreia e estimulante do sistema nervoso. Seu óleo essencial é muito utilizado na perfumaria. 

Capim santo

Nativa das regiões tropicais da Ásia, a planta consegue se adaptar a diversas áreas do Brasil, dentre elas a Amazônia. Também conhecido como capim-cidreira, capim-cheiroso, capim-cidrão, chá-de-estrada e capim-catinga, é uma planta rica em terpenos, flavonóides e compostos fenólicos, gerando um efeito antioxidante. A planta possui aroma semelhante ao limão, além de suas propriedades medicinais utilizadas para ajudar no tratamento de diversas doenças, como dores estomacais, cólicas, insônia, ansiedade, resfriados e alívio de dores reumáticas.

Jambu

Suas folhas possuem um crescimento prostrado, atingindo de 20 cm a 40 cm. Na Amazônia, é encontrado em hortas domésticas e cultivado com finalidade comercial por pequenos agricultores. Suas folhas tem que ser mantidas sem amarelados, marcas de insetos ou machucados. As folhas quando mastigadas dão a sensação de formigamento nos lábios e na língua, devido a sua ação anestésica local.

Cássio explicou que: “O jambu é lavado somente com água corrente, depois ele é triturado com a cachaça e vai para a garrafa, onde a mesma é tampada com uma pinça de alumínio, depois vai para o descanso de 30 dias, onde todos os dias a garrafa é balançada para que o líquido e o material verde se misturem uniformemente”.

Foto: Diego Oliveira/ Portal Amazônia

Copaíba

A árvore, que é nativa da floresta amazônica, pode alcançar mais de 30 metros de altura. Através do óleo resina, extraído do tronco de suas espécies, com sua propriedade etnofarmacológica, a copaíba é utilizada por suas propriedades medicinais. O seu óleo é utilizado como fitoterápico, devido a sua capacidade de rápida cicatrização, além de ser anti-inflamatório.  

Cássio declarou: “A cachaça de copaíba é feita com a casca da árvore, a casca é divida em varias lasca pequenas, quanto menor a área das lascas, maior a interação química entra a cachaça e a madeira. Após o envase a garrafa vai para a cura de 30 dias, onde todos os dias a garrafa é balança, como no caso da jambu”.

Puxuri

A árvore é encontrada entre o médio e baixo Amazonas. A semente de puxuri é considerada a noz-moscada da Amazônia, pelo aroma semelhante ao de sassafrás e eucalipto. É uma semente versátil, seu sabor e cheiro misturam cravos e anis estrelado. Sua semente é bastante utilizada como calmante para tratamento de insônia.

Cumaru

A árvore pode atingir até 30 metros de altura e com tronco de até 70 cm de diâmetro. É conhecida como fava-de-cumaru e internacionalmente é conhecida como a ‘baunilha brasileira’ porque contém cumarina, substância bastante utilizada na gastronomia e na fabricação de perfumes, por ser sucedâneo à baunilha. 

Raiz de açaí

Presente na floresta amazônica, o açaizeiro pode atingir até 25 metros de altura. De cor arroxeada e rico em nutrientes, o fruto do açaizeiro é apreciado e consumido em forma de vinho e suco. A raiz dessa palmeira é utilizada em forma de chá para anemia, malária e hepatite. A bebida arroxeada é extraída quando colocam os caroços do açaí de molho na água para amolecer a casca fina que os reveste. Em seguida os caroços são amassados com água em alguidar de barro ou máquina própria, coando-se então a mistura em peneiras especiais para que se obtenha um líquido roxo, espesso e de sabor característico incomparável.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Rio Negro está a menos de um metro de bater seca recorde de 2023 em Manaus, aponta Defesa Civil

Manaus está em situação de emergência por conta da seca do rio, que tem mais de 1,7 mil quilômetros de extensão e é um dos principais afluentes do Rio Amazonas.

Leia também

Publicidade