Com debates realizados na capital amazonense, o G20 pré-aprovou um documento que estabelece um roteiro de gestão de resíduos sólidos e economia circular. A proposta foi apresentada pela presidência brasileira do grupo durante a reunião do Grupo de Trabalho de Sustentabilidade Ambiental e Climática, realizada em Manaus entre os dias 19 e 21 de junho.
O texto incorpora contribuições de países como Canadá e Austrália e destaca recomendações para:
- Fortalecer a economia circular inclusiva, com foco no fechamento de lixões, expansão da reciclagem, ampliação da compostagem e redução do desperdício de alimentos;
- Empoderar e valorizar os catadores, reconhecendo seu papel essencial na cadeia de resíduos;
- Incorporar perspectivas sociais e dos povos indígenas na formulação de políticas públicas de gestão de resíduos.
De acordo com Adalberto Maluf, secretário de Meio Ambiente Urbano e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Brasil (MMA), o Brasil levou para o G20 o conceito de economia circular inclusiva, focada em ações de resíduos sólidos e no fechamento de lixões. Atualmente, 38% dos resíduos no mundo ainda não têm uma destinação correta.
“Criamos alguns conceitos internacionais, critérios para o empoderamento dos catadores, ampliação da reciclagem, estratégias nacionais de aumento da compostagem, redução do desperdício de alimentos e trouxemos esses novos conceitos, que ainda não existiam em nível mundial, de uma economia circular inclusiva. Pensamos em todo o impacto que o aumento da reciclagem tem nos trabalhadores informais e nas ações que precisam ser feitas para promover uma maior circularidade”, declarou Maluf.
O secretário também destacou que as discussões estão alinhadas, em nível global, à criação de critérios para promover o design de produtos e reduzir o uso de materiais que não podem ser reciclados, a fim de aumentar a circularidade dos produtos, tanto do ponto de vista técnico quanto biológico. A proposta é impactar diretamente governadores e prefeitos dos países-membros do G20, que são responsáveis pela execução das políticas públicas de gestão de resíduos sólidos.
“Saímos com uma estratégia de implementação que o Brasil propôs, para que a economia circular não seja só um conceito, mas sim uma estratégia prática, um caminho para atuação dos governos subnacionais. A presidência brasileira inovou ao trazer o papel de prefeitos e dos governos locais, que, em última instância, são quem executa as políticas de gestão de resíduos e promoção da economia circular”, pontuou.
O embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Meio Ambiente e Mudanças Climáticas do Ministério das Relações Exteriores (MRE), destacou que os países-membros concordaram em integrar a perspectiva social como elemento significativo nas discussões sobre gestão de resíduos sólidos. Segundo ele, o Brasil, junto com Canadá e Austrália, foi enfático na defesa da inclusão das populações originárias na formulação de políticas ambientais.
Para o embaixador, o foco recente nessas comunidades representa um avanço importante, refletindo uma nova percepção global sobre a necessidade de considerar as culturas e os conhecimentos tradicionais na busca por soluções sustentáveis.
“Quando o Brasil apresenta a questão dos catadores, percebemos a quantidade de países do G20 em que os catadores existem, mas são desconsiderados ou esquecidos. Foi muito impressionante esse foco do Brasil e o quanto os países estão reagindo bem. Esse debate está permitindo que a gente prepare documentos úteis, que serão levados para as próximas etapas do fórum, até a reunião da Cúpula de Líderes, em novembro, no Rio de Janeiro”, afirmou Corrêa do Lago.
Temporada do Amazônia Que Eu Quero debate gestão de resíduos

Neste ano de 2025, o projeto Amazônia Que Eu Quero estreou um novo tema: “Amazônia Integrada – Crescimento Sustentável e Consciência Fiscal”. A proposta desta temporada é discutir oportunidades para a região, com foco em temas como gestão de resíduos, reforma tributária e incentivos fiscais.
Próximos passos
- Revisão e consolidação do documento, que será apresentado na Cúpula de Líderes do G20, prevista para novembro de 2025, no Rio de Janeiro;
- Implementação de políticas públicas locais, com capacitação, recursos e apoio técnico para fortalecer sistemas de reciclagem e compostagem nos municípios dos países-membros do G20.
Esse movimento reforça o compromisso em integrar gestão de resíduos, economia circular e justiça social na agenda global, ampliando o debate e as ações também na temporada do Amazônia Que Eu Quero.