Se engana quem pensa que o pilar social é voltado apenas para o público da comunidade.
O pilar “Social” do ESG (Environmental, Social and Governance – Meio Ambiente, Social e Governança) é um dos mais complexos dessa agenda criada em 2004, num relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) intitulado “Who Cares Wins” (“Ganha quem se importa”). O objetivo deste pilar é criar um laço cada vez mais forte e seguro para os colaboradores e fornecedores, mas ao mesmo tempo, uma rede de apoio à comunidade em que a empresa está inserida.
A especialista em ESG do Grupo Rede Amazônica (GRAM), Lilian Cortez, explica como as empresas aplicam o pilar “Social” na prática. “As empresas estão fazendo mais ações com os seus colaboradores voltadas a treinamentos, desenvolvimento, olhando seus direitos humanos trabalhistas, igualdade, equidade, buscando seu desenvolvimento profissional, além da atenção para os direitos humanos, trabalhista. O social também precisa refletir na sociedade, então o desenvolvimento da comunidade no entorno da empresa”, disse.
O pilar social também se estende a fornecedores dos serviços ou produtos oferecidos por uma empresa. “Precisa-se atentar também a cadeia produtiva que envolve os meus fornecedores. Eu preciso ter essa preocupação do S porque a partir do momento que eu falo sobre questões trabalhistas, eu tenho que garantir que meu fornecedor também tenha boas práticas sociais com seus colaboradores. Então se eu quero ter parceiros para somar com meu processo, eu também preciso garantir que os meus fornecedores tenham boas práticas sociais e ambientais”, explicou a especialista.
Na Região amazônica, uma das empresas com maior engajamento na agenda ESG é a Bemol, uma rede de lojas que atende 69 cidades na Amazônia Ocidental – Manaus, Porto Velho, Boa Vista e Rio Branco, com 39 lojas, 43 farmácias, 23 loterias, 4 Mercados e 6 Centros de Distribuição com cerca de 4.200 colaboradores.
Atualmente, a instituição desenvolve projetos sociais voltados aos colaboradores em virtude do pilar “Social” do ESG. “Nós temos um comitê específico para todas as iniciativas, que são políticas contra assédio, discriminação e também iniciativas que incentivam a inclusão a diversidade dos diferentes públicos e pessoas e também o desenvolvimentos dessas pessoas que são nossos colaboradores e a diferença que isso vai causar na sociedade naqueal estamos inseridos até porque esses colaboradores tem família, tem amigos”, disse a gerente de RH da Bemol, Rayssa Leite.
A execução do pilar acontece através de projetos que abrangem o público colaborador da empresa. “Os programas de inclusão ordenam diversas frentes: programas voltados à atração de talentos indígenas, estrangeiros e sênior, além dos PCD ́ s e jovens aprendizes. São talentos que nós auxiliamos no desenvolvimento. Quando a gente fala sobre inclusão, estamos falando do olhar para desenvolver o público diverso”, explicou.
Para o público estrangeiro, por exemplo, a barreira da linguagem se tornou vantajosa para a troca de conhecimento entre os colaboradores. “Temos vários estrangeiros na empresa e para que ele se sinta mais à vontade tanto conosco como com os nossos clientes, também ofertamos programas e facilidades em relação a quebra de barreira linguística que é o idioma para que eles possam aprender com a gente e também é claro, para que possamos aprender com eles”, disse ela.
Além dos estrangeiros, PCD´s também ganham total atenção quando se trata de seleção e por competência e currículo. “Sobre os PCD´s, a gente também traz a oportunidade e a clareza que eles possam entender que são incluídos na nossa empresa, no ambiente de trabalho, que também podem se desenvolver e o mais importante, que eles podem concorrer a qualquer cargo sem nenhum tipo de diferenciação, isso é muito importante deixar claro que todas as nossas vagas são ofertadas para todos os públicos, e sim, eles podem participar de qualquer seleção sem nenhuma diferenciação”, contou.
Com a visão voltada para a comunidade de 50 anos para cima, a Bemol criou um programa para a inserção desse público na concorrência de todas as vagas. “Nós percebemos que a partir de um período o nosso público estava se tornando mais jovem, o que não é ruim, mas entendemos que poderíamos trazer o público mais velho e foi aí que pensamos no programa 50+ que é um programa de fato voltado para o recrutamento de pessoas com idade a partir de 50 anos. E fizemos chamadas voltadas para isso para que eles entendessem que podem participar dos processos seletivos. Então hoje nossa empresa atua em diversos segmentos e não existe a questão do tipo: “ah, vamos chamar a partir dessa idade para esse tipo de caro”, até porque assim não é inclusão”, declarou.
“E é assim que trabalhamos o pilar social, e fazer com que sejamos cada vez mais diversos e que possamos incluir mais pessoas e trazer um impacto positivo para sociedade como um todo”, finalizou Rayssa Leite.
Entenda o contexto histórico do ESG
A sigla ESG surgiu pela primeira vez em 2004, em um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) intitulado “Who Cares Wins” (“Ganha quem se importa”). Com 20 instituições financeiras, de nove países, o documento foi criado para estabelecer diretrizes que incluíssem as questões ambientais, sociais e de governança para o mercado financeiro.
Contextualizando: No Brasil, o assunto ESG ganhou mais relevância nos últimos anos devido a uma série de fatores, incluindo a crescente pressão dos investidores por empresas responsáveis e sustentáveis, o aumento da preocupação com questões ambientais e sociais na sociedade brasileira e a mudança de percepção dos empresários sobre a importância da sustentabilidade como fator de competitividade.
É importante destacar que os critérios ESG estão totalmente relacionados aos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), estabelecidos pelo Pacto Global, iniciativa mundial que envolve a ONU e várias entidades internacionais.
Com o objetivo de entender a importância das práticas de ESG e de cada pilar que o sustenta é que a partir de hoje você poderá acompanhar no consciência limpa, uma série de reportagens sobre o tema. Para começar, escolhemos o ‘E’ de Environmental, que em português significa aspectos ambientais, que envolvem assuntos relacionados à emissão de gases poluentes, uso de recursos naturais, gestão de resíduos entre outros temas ambientais.
Assista aqui: