Segundo o Porto de Manaus, o Rio Negro atingiu 29,04 metros na última sexta-feira (5). Apesar de julho marcar o início do período de vazante, o nível continua subindo — situação que não ocorria desde 2014.
Imagens feitas por drone mostram que o muro de contenção do porto está praticamente coberto. Em setembro do ano passado, no auge da seca severa, a mesma área estava com ruas expostas e faixa de areia visível.
No bairro Educandos, parte dos moradores se locomove apenas de canoa. Uma das áreas que virou canal era, antes, um campo de futebol. Em outra casa, a dona de casa Nizomar de Souza Gomes conseguiu proteger os colchões, mas perdeu outros móveis.
“Quando alaga, a gente perde tudo. O que der pra salvar, a gente salva. O resto fica por aí mesmo”, relatou.
O lixo que se espalha com a enchente agrava a situação. Garrafas, entulho e restos de móveis boiam entre as casas. Com o acesso dificultado, a coleta é prejudicada e o descarte irregular se intensifica.
A Prefeitura de Manaus informou que intensificou ações emergenciais nos bairros mais afetados. Em todo o estado, mais de 530 mil pessoas foram atingidas pela cheia, segundo a Defesa Civil.
Ainda conforme a prefeitura, no bairro Educandos, mais de 800 metros de pontes provisórias já foram construídos para garantir o acesso da população a escolas, igrejas e serviços essenciais.

O Executivo municipal também informou que a distribuição de cestas básicas, kits de higiene e água potável está prevista para a próxima semana. Segundo a Defesa Civil de Manaus, não será necessário o deslocamento dos moradores, pois as estruturas emergenciais garantem segurança e mobilidade.
Com o aumento do volume de chuvas, a Secretaria Municipal de Limpeza Urbana (Semulsp) recolheu 2.559 toneladas de lixo entre janeiro e maio e barrou 1.359 toneladas de resíduos com ecobarreiras para evitar a poluição dos igarapés e do Rio Negro.
“A vontade nossa era sair daqui. Se tivesse um lugar melhor, já tinha ido. Mas enquanto não tem, a gente tenta dar um jeito de viver”, afirmou Jonas.
Situação atual da cheia de 2025 no Amazonas
De acordo com o último boletim do Comitê Permanente de Enfrentamento a Eventos Climáticos e Ambientais, 133.711 famílias foram atingidas — cerca de 534 mil pessoas afetadas diretamente. As nove calhas de rios do Amazonas seguem em processo de cheia, com picos variando entre março e julho.
Segundo os decretos municipais:
- – 40 cidades estão em Situação de Emergência
- – 18 em Alerta
- – 4 em Normalidade
Ajuda humanitária
Para enfrentar a situação, o Governo do Amazonas já enviou:
- – 580 toneladas de cestas básicas
- – 2.450 caixas d’água de 500 litros
- – 57 mil copos de água potável
- – 10 kits purificadores do programa Água Boa
- – 1 Estação de Tratamento Móvel (Etam)
O apoio tem alcançado principalmente os municípios de Humaitá, Manicoré, Apuí, Boca do Acre, Novo Aripuanã, Borba, Anamã, entre outros.
Alunos do interior estudam de casa
Na área da educação, 444 alunos foram impactados em quatro municípios — Anamã, Itacoatiara, Novo Aripuanã e Uarini — e seguem com aulas remotas pelo programa Aula em Casa.
Temporada do Amazônia Que Eu Quero debate gestão de resíduos

Neste ano de 2025, o projeto Amazônia Que Eu Quero estreou um novo tema: “Amazônia Integrada – Crescimento Sustentável e Consciência Fiscal”. A proposta desta temporada é discutir oportunidades para a região, com foco em temas como gestão de resíduos, reforma tributária e incentivos fiscais.
*Com informações de Alexandre Hisayasu, da Rede Amazônica.
