Pra não dizer que não falei de futebol

Esta semana cansei de falar de mensalão, corrupção, sobre enamorados, sobre o Parlamento e na busca de inspiração para a crônica semanal, resolvi falar de nossa seleção canarinho que empatou com a Suiça no primeiro jogo da Copa do Mundo domingo passado. É claro que com apenas um jogo não podemos julgar a seleção como um todo, mas a estreia foi apática, diferentemente dos amistosos que antecederam a Copa, os jogadores, pareciam anestesiados, sem volume de jogo, até o capitão Marcelo, errou 20 passes, coisa que não acontece no seu clube nem na seleção quando é amistoso.

Foto:Reprodução/Agência Brasil

Dos jogadores que atuam na seleção canarinho noventa por cento joga fora do Brasil. Tinha decidido não escrever mais sobre futebol, deixando para os editores do caderno de esportes tal missão, porém o jogo da seleção e o endividamento dos clubes brasileiros não me permitiram cumprir minha decisão.

O futebol brasileiro mesmo tendo conquistado pela quinta vez a Copa do Mundo da Fifa, fora do campo continua amadorístico, corrupto e desorganizado, como já denunciava o treinador Flávio Costa nos anos 50. A diferença é que agora também está falido. É o que demonstram os balanços divulgados pelos clubes por força de lei, pela primeira vez em mais de cem anos de História.

O Santos Futebol Clube, campeão nacional tinha R$ 0,02 de ativo por cada R$ 1 de passivo de curto prazo no fim de 2017. No Rio, o Clube de Regatas do Flamengo, com a maior torcida do País (34 milhões de “fanáticos”, segundo pesquisa do Ibope para o jornal Lance!), exibia um patrimônio líquido negativo (total da dívida menos todo o patrimônio) de R$ 70,3 milhões.

A situação do “mais querido” denuncia o descalabro de gestões que, ao longo dos anos, explorando a paixão das torcidas, malbarataram marcas de valor inestimável nesse negócio que emociona e mobiliza a Nação inteira. Na verdade, culpa maior deve ser atribuída à chamada “cultura dos cartolas”, que frustrou todos os planos das consultorias multinacionais especializadas, que tentaram profissionalizar a gestão do futebol brasileiro e transformá-lo num negócio, além de arte, capaz de ter o quinhão que merece dos US$ 5,5 bilhões que ele gera por ano no mundo.

A gestão dos clubes esportivos brasileiros é tão obsoleta que nem sequer se sabe ao certo qual o capital que gira nessa “Pátria em chuteiras”. A divulgação dos balanços, um avanço para um setor cujas rendas antes eram segredo de Estado dos dirigentes, ainda não basta para revelar sua verdadeira contabilidade, pois as informações prestadas são imprecisas e de difícil entendimento, mesmo para especialistas. Esperemos que na sexta feita contra a fraca Costa Rica, o Brasil comece a ganhar terreno, e tentar esperar a Alemanha na outra fase para pelo menos vencer, e não devolver os 7×1, coisa praticamente impossível no futebol que está jogando hoje. Ainda penso no hexa.

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