O bom lembrar

Foto: Reprodução/Shutterstock

Dentre os muitíssimos atributos necessários a um bom vivente, destaco e ressalto ser o dote da lembrança a mais esplendorosa e insuperável necessidade que porta o homem, que é a memória. Principalmente, aquela que é concedida aos que fazem do relato humano uma saborosa referência às ‘acontecências’ havidas e sabidas através de um ato vivido, ou então, por intermédio daquelas outras que são agregadas nas incontáveis andanças vida afora, parte indelével de todos os nossos cotidianos.

E nesse mister, sou o próprio acusado da mais trágica e profunda incapacidade de reter referências de memória que me oferte o deleite no que se entende pelo profundo prazer que contém o agradável e conveniente bom lembrar. Relembrar sempre será o mais excepcional motivo na existência de todas as havidas saudades.

Mas se desse predicado não fui agudamente favorecido, mesmo assim mantenho-me contente pelas lembranças que ainda guardo e saber do valor que contenha uma prosa enriquecida por detalhes minuciosos envolvendo assuntos de variadíssimos teores e de finas lembranças. Acima, fui de própria confissão ser parco o meu lembrar, mas não tanto que me leve a “esquecer” as fortes vozes amazonenses berrando o orgulho contido no valoroso coração de todos nós daqui do chão manauara.

E desse lembrar, este inesquecível por sua evidente atualidade e que ocorre agora em Manaus – como houvesse ser caprichosa e “repentemente” encantado mais pelos forasteiros de que por aqueles aqui mesmo paridos – onde nos recentes tempos tem dado demasiada “lembrança” àqueles que, mesmo na justificativa discutível de serem experts funcionais, perderiam consistência e importância se confrontados com as sapiências por aqui sabidamente havidas.

Falo dos cinquenta anos do conjunto musical Blue Birds Band, ou a Banda dos Pássaros Azuis que encantou Manaus, e de cuja trajetória já fiz três artigos. Mas mesmo com a dificuldade de lembrar, não posso esquecer aquela maravilhosa Lira de Prata no Cheik Clube, quando, Leonardo, Carlinhos, Manelzinho, Chain, Jander, Betão, Cromacio, Alcione, Nana, Gerê, Elson Conceição, e mais um crooneer que não me recordo o nome agora, em que sua característica era imitar o Ronie Von, principalmente na musica Cavaleiros de Aruanda, e o engenheiro de som Wagner Costa, todos comandados pelo grande empresário inesquecível, meu amigo Elcy Barroso, arrebataram o troféu dificílimo, face a grande performance dos outros conjuntos concorrentes.

Sem ser, e menos ainda querer pretender parecer xenófobo, intolerante ou piegas, o que se a mim imputado seria de profundo desconforto, insisto, porém, no inestimável valor que contém uma tarefa quando executada com a melodia do nosso sotaque e no benefício das nossas próprias genuinidades: – enquanto outras praças “vendem” suas qualidades, como os paraenses, os paulistas, os cariocas, nós nos lembramos de “comprar” prerrogativas! Retorno – todo aquele que isto faz ainda mantém a esperança de que nem tudo se “apague” nos registros do bom lembrar dizendo que, sem a existência da boa memória, duvido que melhor soubesse das minhas saudades!

E para não dizer que sou totalmente sem lembranças, lembro que hoje meu filho mais novo Gabriel, faz trinta anos, idade com desafios crescentes, mas com a beleza da virtude da pureza. Parabéns filho!

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