Driblando as ciladas que desclassificam em entrevistas de emprego

O ano de 2020 já começou!!! E começou com tudo!!! Acompanhando o ritmo de chamamentos para entrevistas que os meses finais de 2019 tiveram, é um ano que começou bem e com um índice interessante de processos seletivos sendo abertos, tanto para Indústria, quanto para o Comércio, Serviços e Terceiro Setor (a maior surpresa dos últimos meses).


Seguindo essa tendência, hoje vamos conseguir entender algumas ciladas que ocorrem em entrevistas, decifrando o que os(as) recrutadores(as) querem avaliar em nós, profissionais, com algumas perguntas específicas que fazem e também algumas colocações feitas que podem ser determinantes para a desclassificação.


Foto: Reprodução/Shutterstock

Abaixo leremos sobre essas perguntas e o entendimento sobre a interpretação que eles(elas) buscam.

“Se você tivesse que demitir alguém, como faria?”


Esse questionamento normalmente é feito para profissionais que estão disputando vagas de liderança/gestão. Mas, em alguns casos, ele também é feito para cargos mais operacionais que não envolverão gestão de equipes, mas sim convivência com colegas de outros setores. Com essa pergunta, o(a) recrutador(a) quer entender o nível de autoritarismo e empatia que o(a) profissional tem em seu perfil comportamental.


Sendo assim, se a resposta for muito fria, a interpretação será que o(a) profissional que está concorrendo à vaga não tem tato para lidar com pessoas, caso seja uma vaga de liderança. Se for para uma vaga mais operacional, a interpretação gerada é que profissional não tem habilidade de lidar com outras pessoas de setores, e assim, as soluções de problemas podem ter problemas truncados de comunicação ou de relacionamento interpessoal.


Se a resposta for maleável, cuidadosa e com argumentos concretos, a interpretação que o(a) recrutador(a) terá é que o(a) profissional tem habilidade de liderança, se for para um cargo de gestão. Se for para uma área mais operacional, a interpretação é que o(a) profissional tem boa habilidade para lidar com diferenças e o nível de autoritarismo é baixo ou quase nulo.


Dessa forma, precisamos pensar num tipo de resposta que não seja como “Você não está dando resultados e está sendo demitido”, ou “A empresa não quer mais os trabalhos”, ou “A empresa me mandou te demitir”, ou “Você está demitido a partir de hoje”, ou afins. O ideal é que seja uma resposta argumentada, que dê uma visão ao recrutador(a) que haverá equilíbrio emocional nas colocações realizadas ao profissional que estará sendo demitido(a).


“O que mais irrita você?”


Esse questionamento normalmente é feito para medir o nível de individualismo do(a) profissional, seja para vagas de gestão ou operacional.


Se a resposta do(a) profissional que está concorrendo à vaga for de cunho pessoal como “Me irrita quando alguém me incomoda quando estou fazendo algo”, ou “Barulho alto me irrita”, ou “Me irrita quando alguém não faz o que eu falo”, ou “Me irrita quando alguém faz errado alguma coisa” ou afins, mostra que o(a) profissional candidato(a) tem um alto nível comportamento de individualismo, pois quer que algo seja feito do seu jeito, ou sequer analisará o motivo de alguém ter feito algo errado, ou que não gosta de ser interrompido por ninguém quando está fazendo algo. “Mas e se for o chefe lhe chamando?”, pode ser a reação de quem estiver recrutando. A interpretação do(a) recrutador(a) será que essa pessoa poderá alguma reação negativa quando algum desses exemplos ocorrer. Isso é ponto negativo ao extremo em qualquer entrevista.


“Você tem perfil de ter o negócio próprio. Em quanto tempo pretende fazer isso?”


Normalmente esse questionamento é realizado para medir a tendência do(a) profissional de sair da empresa daqui a algum tempo para abrir uma empresa própria. Mesmo que o(a) recrutador(a) não veja efetivamente no(a) profissional o perfil de ter o negócio próprio, pode fazer essa pergunta para checar se há esse desejo.


Se a resposta for positiva e que esteja expondo o intervalo de tempo que fará o(a) profissional concorrente migrar para o negócio próprio, a interpretação de quem estiver recrutando é que será uma função passageira. Assim, entenderá que não poderá investir no profissional a médio ou longo prazo. A tendência é que haja desclassificação, dependendo se a função for apenas por um período determinado temporário ou não.


Mas além disso, também temos algumas respostas dadas por profissionais concorrentes às vagas e que podem desclassificar no ato da conversa, quando a pergunta é “Por que você saiu do seu último emprego?


“Saí do meu último emprego porque era longe da minha casa”


Quando um(a) profissional responde ou diz isso mostra que tem tendências comportamentais para a zona de conforto (para um trabalho que seja próximo e cômodo para sua locomoção). Lembrando que essas colocações feitas nesse artigo não são pessoais, mas sim científicas. A própria Ciência Comportamental comprova esse tipo de afirmação.


Em algumas entrevistas, o(a) próprio(a) recrutador(a), quando ouve essa resposta, pergunta “Mas eu tenho profissionais aqui que moram do outro lado da cidade e chegam todos os dias no horário correto. Como você pode me explicar isso?”. Com isso, automaticamente se gerou um afastamento no processo de comunicação entre contratante e candidato(a) à contratação. Dessa forma, a tendência para a aprovação se tornou quase nula.


“Havia muita pressão por resultados”


Num mundo de informações rápidas e processos cada vez mais enxutos, a pressão por resultados é um fator que ocorre em qualquer empresa. Na realidade, isso sempre ocorreu, porém, claro, com níveis diferentes de organização para organização.


Quem não conseguir trabalhar sob pressão nos dias de hoje dificilmente conseguirá passar em etapas de processos seletivos, pois os resultados são a base de qualquer organização, seja pública ou privada.
Dessa forma, se houver uma resposta nesse sentido, a tendência é de desclassificação, principalmente se for para vagas de gestão, que requer um grau de limite emocional maior do que cargos mais operacionais.


“A chefia tinha medo de perder o lugar”


Esse tipo de resposta normalmente é interpretada como uma colocação arrogante. Um(a) recrutador(a), ao ouvir isso, pensa “Será que ele(a) acha que é tão bom assim que o(a) chefe(a) o demitiu porque estava com medo de ser demitido e perder o lugar? Mesmo que seja, o grau de convencimento pode ser ruim, pois mostra que ele se sente superior em relação às outras pessoas. Isso pode ser ruim para o meu ambiente organizacional”. Com isso, a tendência também é que ocorra desclassificação.


Quanto a essa resposta existe uma ressalva. Se o motivo real for esse, que tenha sido dito pelo(a) próprio(a) chefe(a) anterior, isso deve ser exposto naturalmente como algo que foi dito.

Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista de Carreira, Emprego e Oportunidade dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação/Reelaboração Curricular.

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Pará perde Mestre Laurentino; artista completaria 99 anos em janeiro de 2025

Natural da cidade de Ponta de Pedras, na Ilha do Marajó, ele era conhecido como o roqueiro mais antigo do Brasil.

Leia também

Publicidade