Áreas com falta de profissionais autônomos

Muitos profissionais, ao serem desligados de seus empregos formais, pensam em migrar para a modalidade de trabalhos autônomos que, inclusive, têm crescido muito em percentual e sido tendência para os próximos anos. O(a) eletricista contratado agora trabalha de forma independente, o(a) mecânico(a) contratado agora começa a ser prestador de serviços, o pedreiro que era de uma construtora agora presta serviços de pequenos reparos, o(a) assistente administrativo que era de uma empresa agora começa a fazer serviços de digitações, documentais e outros, e assim por diante.

Com isso, começamos a refletir sobre as áreas convencionais de trabalho, se podemos suprir as demandas de mercado com novos caminhos e decisões profissionais (transições de careiras), se podemos trabalhar, de forma independente, para 3, 4 ou 5 empresas ao mesmo tempo, ou se podemos enveredar no caminho de prestações de serviços em geral.

Iniciar uma atuação dessa não é tão difícil, pois em várias áreas temos “buracos” que ficam abertos sem que ninguém foque neles. A área de salões de beleza, por exemplo, tem muitos profissionais generalistas, que fazem de tudo um pouco. Nesse segmento, a ideia de segmentar serviços é interessante. Por exemplo, se especializar em cabelos crespos, ou cabelos quimicamente tratados, ou cabelos de crianças, enfim. Dessa forma, podemos criar uma alternativa de público consumidor para quem era contratado de um salão. Cria-se a referência, cria-se a clientela do profissional autônomo.

Abaixo vou listar alguns mercados que possuem carências de ideias inovadoras e profissionais que as supram. Mas também escreverei alguns riscos existentes:

– Profissionais produtores de produtos para canhotos: do artesanato até a fabricação de um automóvel. Existe muitas alternativas para isso, afinal os canhotos são 10% da população mundial. Digamos que a sua cidade tem 2 milhões de habitantes. 10% disso significa 200 mil pessoas. Estamos falando em 200 mil novos potenciais clientes. As pessoas canhotas dificilmente encontram produtos adaptados a elas. É um caderno com o arame do lado esquerdo, que machuca o canto da mão. É um carro que só pode ser ligado do lado direito. São instrumentos de música que, para serem usados, precisam ser invertidos. Praticamente, tudo é adaptado para o público destro (que usa a direita como mão dominante). Já pensou se começarmos a criar produtos para esse público? Somente com eles, podemos conseguir enveredar no caminho do trabalho autônomo e termos sucesso.

– Construções focadas em reformas de prédios antigos: prédios é um assunto relativamente novo na sociedade. Eles vêm surgindo de 40 a 50 anos para cá. Com isso, nós criamos uma projeção significativa para reformas dessas estruturas. Você, da área de Engenharia Civil ou Arquitetura, ou afins, já chegou a contar quantos prédios antigos a sua cidade tem? Ou a sua rua? Já imaginou que em breve eles precisarão de reformas? Com isso, podemos sair do mercado convencional de construtoras, que está com um sério problema em relação a ter vagas no mercado de trabalho, e migrarmos para uma área que poucos têm dado atenção. Sim, essa pode ser a alternativa para o desemprego direto desse segmento. Como profissionais autônomos, conseguimos atender essas demandas específicas.

– Instalações de decorações em períodos festivos em condomínios: para os eletricistas, técnicos, instaladores e afins, também há excelentes alternativas. Para os profissionais dessas áreas que atuavam contratados em um indústria, ou comércio, ou prestadora de serviço, agora podem atender várias empresas ao mesmo tempo e ganhar mais. Você sabe quantos condomínios a sua cidade tem? Em período de Natal, por exemplo, já percebeu que poucos deles têm decorações do topo à base, ou na fachada principal? Já imaginou criar uma ideia que se cobre 500 reais, de cada um, para a instalação de luzes pisca pisca? Atendendo dois condomínios por dia, estamos falando 1.000 (um mil reais). Se fizermos isso por 15 dias, estamos falando em 15.000 (quinze mil reais). É claro que haverá custos com materiais, produtos e mão-de-obra de suporte, mas pode ser um valor interessante para um período específico. Infelizmente, por todo o Brasil, essa é uma falta real constatada no mercado.

– Se capacitar com cursos para áreas que aparecem como algo “na moda”: de tempos em tempos, surge uma área de mercado que tem um grande BOOMM social. Com isso, muitos profissionais migram para esse tipo de capacitação, realizando cursos de formações na área. Sem dúvida, no mercado de profissionais autônomos, muitas dessas “modas” podem dar certo, porém, com esse BOOMM muitos concorrentes surgem. Junto a isso, também vem a guerra de preços de serviços. Em muitos casos, a área se canibaliza e, ao passar do tempo, declina de forma sofrível. Se você pensa em atuar de forma autônoma, o ideal é que crie algo que a sociedade ainda não tem, pois quando ocorrer o BOOMM, você já estará saindo e migrando para outra ideia, que também tornará você pioneiro(a) e fará ganhar muito dinheiro. Na realidade, é um ciclo de atuações diferentes. O desafio que temos é sempre estarmos na frente.

– Pequenos reparos em geral: na sua residência algo já quebrou e você não sabia como consertar? Com isso, tentou recorrer a amigos que também não sabiam, e assim, ficou com o objeto quebrado por muitos anos, ou até precisou comprar um novo? Essa é uma das principais reclamações que vejo como demanda real para trabalhos autônomos. No grande volume podemos faturar muito com esse tipo de atuação: um conserto de uma porta emperrada aqui, um conserto de uma torneira que estourou ali, outro conserto de um portão eletrônico que travou, mais conserto de um chuveiro que não ativa a parte elétrica, etc, etc. São tantas as demandas que poderíamos citar em um artigo inteiro. A todos os segundos e minutos, algo se quebra em uma residência na sua cidade, mesmo que seja o menor objeto possível. Já imaginou 20 a 30 reais por cada conserto? 10 consertos por dia daria 200 a 300 reais. 200 a 300 reais x 30 dias de um mês = 6.000 a 9.000 (nove mil) por mês. Bom, né?

Não é a toa que a área de serviços tem crescido no Brasil nos mais diversos segmentos. A atuação como um(a) profissional autônomo(a) não muda o regime de aposentadoria. Podemos contribuir de forma independente. É a mesma situação se fosse uma empresa nos contratando em regime CLT.

Além disso, temos a possibilidade de ganharmos mais do que ganhávamos sendo profissionais contratados da maneira convencional.

Algo a se pensar, não?

Flávio Guimarães é diretor da Guimarães Consultoria, Administrador de Empresas, Especializado em Negócios, Comportamento e Recursos Humanos, Articulista dos Jornais Bom Dia Amazônia e Jornal do Amazonas 1ª Edição, CBN Amazônia, Portal Amazônia e Consultor em Avaliação e Reelaboração Curricular.

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