Convido você, caro leitor, a fazer uma breve visita a estas dimensões e que pensemos juntos sobre a Empresa como um ser vivo e como fazer dela um ser feliz.
O britânico Gareth Morgan escreveu o clássico Imagens da Organização, após anos de pesquisas sobre desenvolvimento organizacional. Elas foram estudadas e aprofundadas em diversas universidades em todo o mundo. No Brasil, o livro foi publicado em 1996 pela Editora Atlas. Nele, Morgan aborda as organizações como metáforas, imagens que assumimos inconscientemente e que acabam por estabelecer as nossas relações e expectativas em relação a elas.
Há a imagem da empresa como uma máquina, uma metáfora predominante na Era Industrial, mas que ainda existe até hoje. Há as empresas vistas como culturas, como se fossem um mundo quase à parte e que produz expressões do tipo “este é o jeito Google de fazer as coisas”. No livro, Garden explora imagens de organizações como grupos políticos, como prisões psíquicas, como cérebros, como instrumentos de dominação, dentre outras. Certamente, caro leitor, você já ouviu expressões como “aqui nós somos uma família”.
Não sei o que você pensa sobre isso. Talvez você se identifique com outras imagens ou nunca tenha parado para pensar sobre isso. Mesmo que não o tenha, provavelmente, no subconsciente, você pensa a empresa como algum tipo de imagem.
De todas as metáforas, a que mais me identifico é o da empresa como um ser vivo. Para mim, é uma imagem tão forte, que chego a enxergá-la como uma realidade inquestionável. Em meus trabalhos de consultoria, diversas vezes, passei por ela, como se fosse uma obviedade, para só depois perceber que nem todos compartilhavam com esta mesma imagem.
Enxergar a empresa como um ser vivo nos traz uma perspectiva completamente diferente, por exemplo, do que se a vermos como uma máquina, um prédio, um instrumento legal ou um conjunto de processos, ainda que ela contenha em si tudo isto. Nestes últimos casos, seria como pensar que eu ou você sejamos a nossa perna, ou o nosso corpo, ou a nossa raça, a nossa profissão ou os bens que possuímos. Temos e somos tudo isso, mas somos muito mais complexos. Somos seres vivos. Penso que muitos erros poderiam ser evitados nas empresas, se esta percepção fosse comum a quem supostamente as dirige. Destaco o “supostamente” porque seres vivos pensantes não são tão fáceis de serem dirigidos. Quem tem filhos, de qualquer idade, pode atestar isso.
Nos próximos artigos, pretendo abordar alguns tipos de implicações que este olhar provoca. Um ser vivo, por exemplo, tem uma história, uma biografia, vive um momento e possui um futuro incerto, fruto das escolhas que fizer. Um ser vivo tem uma identidade própria, que o faz um ser único, diferente de qualquer outro. Ele possui ainda uma personalidade, que estabelece os tipos de relações consigo mesmo e com o mundo exterior, assim como a maneira que será percebido. Como um ser vivo, ele possui um corpo físico, saudável ou não, constituído por recursos e processos metabólicos. Como um ser vivo, tudo isto pode contribuir para que seja um ser feliz, ou não.
Convido você, caro leitor, a fazer uma breve visita a estas dimensões e que pensemos juntos sobre a Empresa como um ser vivo e como fazer dela um ser feliz. Nos próximos artigos. Até lá!
Julio Sampaio (PCC, ICF)
Idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute
Diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching
Autor do Livro: Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital), dentre outros
Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/