Seu nome é difícil de se pronunciar e precisei treinar para aprender a fazê-lo, já que o citava com frequência quando abordava o tema felicidade. Tinha que fazê-lo pois ele foi um dos criadores da Psicologia Positiva e um dos responsáveis pelo tema ter ganhado tanta força nos meios científicos nas últimas décadas. O assunto sempre esteve presente na filosofia e nas diversas doutrinas religiosas, mas não na ciência. Aristóteles dizia que a felicidade é o grande anseio humano e está por trás de todo o empenho e objetivo de cada um de nós. Ainda assim, não era assunto da ciência. Também não era assunto dos negócios, pois, em um mundo cartesiano e departamentalizado, cada macaco no seu galho.
Mihaly Csikszentmihalyi e Martin Selligman quebraram esta barreira no final dos anos 80 e deram início a um movimento que se estende até hoje e que abrange uma vasta bibliografia e uma imensidão de estudos científicos nas principais universidades e centros de pesquisas do mundo.
Em um dos seus livros mais conhecidos, Flow – a psicologia do alto desempenho, Selligman afirma: “Descobri que a felicidade não é algo que acontece. Não é o resultado da boa sorte nem do acaso aleatório. Não é algo que o dinheiro pode comprar ou o poder consegue controlar. Não depende de eventos externos, mas, antes, de como os interpretamos. A felicidade, na verdade, é uma condição para a qual devemos nos preparar, que deve ser cultivada e defendida particularmente por cada um”.
Outros pensadores defenderam ideias semelhantes, mas eram criticados pelos que precisam de um carimbo da ciência para definir o que e o que não é válido. É algo que podemos observar empiricamente em nossas próprias vidas e hoje também com embasamento científico: a felicidade não cai do céu e deve ser intencionalmente construída. Ela não depende tanto de fatores externos, como costumamos acreditar, e está diretamente relacionada a nossas atitudes e ações conscientes, diante dos acontecimentos. É uma ideia simples, mas com poder revolucionário, pois traz para cada um de nós a responsabilidade de sermos felizes.
Quem reforça esta mensagem é Eddie Jaku. “Estou vivo a um século e sei o que é olhar o mal na cara. Vi o pior da humanidade. Os horrores dos campos da morte, os esforços nazistas para exterminar minha vida e a de todo o meu povo. Mas hoje me considero o homem mais feliz do mundo. Ao longo de todos estes anos, aprendi o seguinte: a vida pode ser bela se você a torna bela. A felicidade não cai do céu; está em suas mãos. E se você é saudável e feliz, você é um milionário”.
Eddie passou por 4 campos de concentração, dentre eles Buchenwald e Auschwitz. Nascido alemão, foi preso por ser judeu. Conseguiu fugir para a Bélgica e foi preso, não por ser judeu, mas por ser alemão. Perdeu sua família e tudo que tinha. Estava próximo de perder a esperança e sabia que aí seria o seu fim também. No extremo de uma situação, prometeu a Deus e a si mesmo que, se sobrevivesse, seria feliz a cada dia de sua vida. O título de seu livro é O homem mais feliz do mundo.
Eddie Jaku partiu no dia último dia 12/10 aos 101 anos e Mihaly Csikszentmihalyi no dia 20/10 aos 87 anos. Ambos deixam este importante recado para cada um de nós. Se queremos ser felizes, e queremos, não vamos delegar isto para ninguém e nem para qualquer coisa. É nosso trabalho cuidar disso.
Muito obrigado Mihally e Eddie, que as portas dos céus se abram para vocês e que sigam construindo felicidade, por onde estiverem.
Julio Sampaio (PCC, ICF)
Idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute
Diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching
Autor do Livro: Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital), dentre outros
Texto publicado no Portal Amazôna e no https://mcinstitute.com.br/blog/