Tratar adultos como adultos

Boa parte dos líderes não age potencializando as duas coisas: pessoas e resultados. Alguns focam nas entregas a qualquer custo. Outros adotam uma atitude paternalista, tratando os colaboradores como se fossem frágeis e dependentes.

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

O CEO de uma boa empresa, que pode ser considerada de referência em seu setor de atuação, se manifesta em tom de desabafo: “Estamos fazendo as coisas por fazer, sem nos preocupar com os resultados. Quero colocar de lado um pouco a questão da felicidade e focar na expansão da empresa. Quero que os líderes sejam mais cobradores”.

Pessoalmente, tenho como propósito promover a felicidade de pessoas e de empresas. No entanto, sou obrigado a reconhecer que ele tem razão, parcialmente. Isto porque boa parte dos líderes não age potencializando as duas coisas: pessoas e resultados. Alguns focam nas entregas a qualquer custo, sacrificando a si mesmo e a equipe. Outros adotam uma atitude paternalista, tratando os colaboradores como se fossem frágeis e dependentes, como se não tivessem que entregar resultados. Eles estão sendo pagos por isto e precisam ser tratados como pessoas adultas.

Logicamente, uma empresa que não se desenvolve continuamente é um péssimo lugar para se trabalhar, em todos os sentidos. Para começar, ela perde qualidade e competitividade. Depois, deixa de gerar oportunidades, que somente ocorrem quando há expansão, e de oferecer boas condições, tanto de trabalho quanto de remuneração. Com o tempo, a empresa passa a ter dificuldades de honrar os seus compromissos e corre o risco de desaparecer. Ao invés de um bem, torna-se um mal social. Famílias podem ser fortemente atingidas.

Não fosse tudo isto mais do que suficiente, trabalhar em empresas não exigentes faz com que os profissionais fiquem defasados em relação ao mercado, desqualificando-os para futuras atribuições. Ou seja, não há vantagens para ninguém tratar adultos como seres frágeis. Pais que não assumem o papel de educadores, seja porque dá muito trabalho, seja porque querem agradar, estragam os filhos. O mesmo ocorre com gestores paternalistas.

O outro extremo também não é desejável, o de desconsiderar a importância da felicidade das pessoas que, quando atingida, favorece as empresas. É na frequência da felicidade (que não pode ser confundida apenas com alegria) que as pessoas são mais produtivas e exploram o seu maior potencial. Aqui, todos ganham.

Não cabe às empresas tornarem as pessoas felizes, que é responsabilidade de cada um. Às empresas, cabe criar as condições de trabalho para isto, cuidar do terreno. Isto envolve criar uma cultura que valorize pessoas e resultados, sem precisar fazer a opção entre um e outro. Envolve também desenvolver lideranças que trabalhem sobre estes dois eixos.

Aos líderes, cabe a responsabilidade de favorecer o desenvolvimento da equipe e da entrega dos melhores resultados. Como recomenda a liderança situacional, há momentos de direcionar e cobrar; de treinar e orientar; de compartilhar; e momentos de delegar. O que determina a adequação de uma ou de outra ação, não deve ser o “jeitão do gestor”, mas a situação em si e a maturidade da equipe ou do liderado.

O que é combinado nunca é caro e tratar adultos como adultos é um dos acordos que precisam ser estabelecidos desde o início da relação entre empresas e profissionais. Isto favorece os resultados e a felicidade, que se retroalimentam. Certamente é o que deseja o CEO citado acima e é o que todos queremos.

E você? Também acredita que adultos devem ser tratados como adultos? E que é possível focar em resultados e em felicidade?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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