Há pessoas, porém, que têm muita dificuldade em sonhar. Sentem uma espécie de bloqueio, como se dissessem a si mesmas que não vão conseguir, que não é para elas, que não merecem, ou algo assim.
No último artigo falamos sobre três estágios diferentes de orçamentos financeiros – pessoal e familiar. Partindo da realidade atual, o primeiro estágio pode ser bem rigoroso, se ainda envolver dívidas. Um segundo cenário, intermediário, já sem as dívidas, e finalmente o terceiro, que representa os nossos sonhos e de nossa família. Para quem passou pelos estágios anteriores, este último significa um prêmio, mais do que merecido. Por enquanto, ele existe apenas no invisível, mas como vimos, é onde tudo se inicia. A consciência disso nos permite começar a construir hoje o que queremos desfrutar amanhã. Há pessoas, porém, que têm muita dificuldade em sonhar. Sentem uma espécie de bloqueio, como se dissessem a si mesmas que não vão conseguir, que não é para elas, que não merecem, ou algo assim. Talvez seja uma tentativa de defender-se de uma frustração. Do tipo, se eu não sonhar com nada, se não acreditar em nada ou em ninguém, não vou me frustrar. Tudo que vier é lucro.
Mas, pensando assim, o que vem? Provavelmente, nem tanto quanto poderia vir, pois os sonhos possuem grande poder. E, como sonhos, quanto maiores e mais vivenciados, mais fortes serão. Não há qualquer vantagem em economizar nos sonhos. Eles são um grande impulsionador do que poderemos ser, fazer ou ter, um dia qualquer. Para que isso aconteça, eles precisarão se transformar em metas, que são a ponte entre este dia qualquer e o hoje.
Antes de falarmos em metas, porém, que tal nos determos um pouco mais nos nossos sonhos? Eles deverão ser de que tipo? Se não vamos economizar, eles podem ser grandes e ousados, que vão além de nossos limites.Que tal? Também devem ser suficientemente gratificantes, compensadores, que nos proporcionem muita satisfação e senso de realização. Para atingi-los, certamente precisaremos de muito esforço e dedicação. Ele precisará ser inspirador e se transformar em um Propósito, quem sabe até mesmo se alinhar ao que entendemos ser a nossa Missão. Se for isso tudo, ele não apenas fará sentido quando o atingirmos, como nos dará força hoje, quando colocarmos os primeiros tijolos.
Mas será que isso não os torna muito sérios? Os sonhos devem ser sérios, politicamente corretos? Ou será que devem ser apenas sonhos? Quem poderá ter esta resposta? Certamente não serão outras pessoas, por mais capacitadas, inteligentes e sábias. Somente quem poderá responder isso, somos nós mesmos.
E daí se o nosso sonho não fizer sentido para outras pessoas? Nem para o nosso cônjuge, pais, filhos, sacerdotes, professores ou nossos chefes?Ele somente precisa fazer sentido para nós mesmos.
Como diz a música de Flávio Venturini, sonhos não envelhecem. Talvez eles já existissem quando éramos ainda crianças. Ou surgiram mais tarde. Ou ainda estão nascendo para alguém com 20, 40, 60 ou 80 anos. Talvez eles substituam outros, já realizados, ou abandonados. Talvez abranjam outras centenas, milhares ou milhões de pessoas. Talvez possam ser mais egoístas e atender apenas a nós mesmos, como tornar-se uma referência na carreira, um fazer um curso no exterior ou “uma casa de campo, onde possa guardar meus livros e discos“, agora na música de Zé Rodrix.
Sonhos não pediram para nascer. Para nós basta deixar que eles sejam eles mesmos, ganhem vida própria, como se fossem filhos, que Kalil Gibran tão bem definiu no clássico O Profeta: “vem através de vós, mas não de vós”. Quer dizer, vamos deixar viver os nossos sonhos? Vamos viver os nossos sonhos?
Julio Sampaio de Andrade é mentor e Fundador do MCI – Mentoring Coaching Institute. Diretor da Resultado Consultoria e autor do Livro: O Espírito do Dinheiro (Editora Ponto Vital)
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