Querida mente, você está me ouvindo?

“Ter que” é irmão gêmeo do “meu problema”. Hábitos de linguagem e de pensamento. Não quero que eles me sigam. Não tenho problemas e faço tudo por opção, porque quero.

Fazemos muitas coisas por hábito, não é mesmo? É assim que o cérebro economiza trabalho e delega tarefas para o piloto automático. Não fosse isso, nosso cérebro precisaria ser bem maior. Cabeças grandes, pesadas e pouca agilidade não teriam nos ajudado a ser a espécie dominante do planeta. Sem contar que ficaríamos feios, cabeçudos. Carecas como eu, então, pode-se imaginar. Ainda bem que temos os gânglios neurais e a cabeça do tamanho que temos. Além disso, o sistema que poupa o cérebro diminui o risco de ele entrar em colapso, pelo menos, enquanto formos jovens, o que já não é o meu caso.

Mas, sejamos justos. Nem todos são bons hábitos. Um péssimo hábito, por exemplo, é o da reclamação. Quem já não o teve? Quem não o tem de vez quando? Quem garante que conseguiu se livrar dele para sempre? Se não estivermos atentos, em pouco espaço de tempo, podemos disparar a nossa metralhadora de reclamações e críticas, e não deixar pedra sobre pedra. O circuito neural da reclamação é forte e continua lá, mesmo quando conseguimos fortalecer um outro muito mais útil e agradável, como o da gratidão.
A gratidão, o otimismo e o olhar positivo são redes neurais mais difíceis de serem criadas, pois todo o nosso sistema tende a prestar mais atenção no negativo e na ameaça do que no positivo e nas coisas boas. Isso também foi necessário para a sobrevivência da espécie. Para sobreviver, não para ser feliz. Para isso, precisaremos da rede neural positiva.
Imagem: Reprodução/LinkedIn

Outro hábito da nossa mente é o de procurar problemas. Nossa mente é boa nisso. Se estivermos parados, sem fazer nada, nosso pensamento começa a buscar algum. Encontramos problemas rapidamente em casa, no trabalho, no médico, no banco ou em qualquer outro lugar. Este é o estado natural da nossa mente, também chamado de entropia, uma espécie de caos interior, como o quarto de qualquer adolescente. Por isso, precisamos de algo que coloque ordem na casa. A oração, o foco, a meditação e o flow nos levam para a ordem. Ou é ela, ou é o problema, que nossa vagante mente logo vai encontrar.

Tarde demais. Acabei chegando no problema (aconteceu de novo). Tenho dito isto para minha mente, mas ela não me escuta. Não quero saber de problema. Cheguei à conclusão de que não tenho problema. Estou lutando para eliminar a palavra de meu vocabulário. Não quero que a minha mente enxergue ou ouça problema. Tenho desafios, dilemas, questionamentos, mas não tenho problemas. Digo isso para que ela, minha mente, encare cada situação com as oportunidades que o desafio traz. Minha mente tem que…

Não, ela não tem que… nada. Outro hábito que tento corrigir. Eu não tenho que…nada (sou a minha mente ou é ela que sou seu)? De qualquer maneira, faço tudo por opção, porque quero. Vou fazer isso porque desejo aquilo ou quero evitar que tal coisa aconteça, comigo ou com outras pessoas.

“Ter que” é irmão gêmeo do “meu problema”. Hábitos de linguagem e de pensamento. Não quero que eles me sigam. Eles não me pertencem. Tenho que, ops, quero eliminá-los, tapar ou ouvidos, jogá-los fora sempre que aparecerem, sem serem chamados. Não é que eu tenha que. Afinal, não tenho que nada e não tenho problemas. Será que a minha mente está ouvindo isto? 

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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