Que tipo de inteligente é você?

E para que serve mesmo a inteligência? Qual seria a relação entre inteligência e felicidade? Conheço pessoas reconhecidamente inteligentes em muitas áreas, mas que são céticas, mal-humoradas e excessivamente críticas.

Somos todos inteligentes. Somos todos diferentemente inteligentes. Talvez você seja o tipo de inteligente com elevado QI, sigla para coeficiente intelectual. Durante muito tempo, era o próprio sinônimo de inteligência. Uma inteligência lógica, matemática, racional. Einstein possuía um QI estimado de 165. Jô Soares, um QI de 156, contra uma média brasileira estimada em torno de 85. O humor em si é inteligente. Não sou nem tão racional e nem engraçado. Percebo agora, ao escrever este texto, que nunca fiz um teste de QI, talvez para não me desapontar comigo mesmo. O máximo que fiz, foram os testes psicotécnicos dos concursos de bolsa para os cursinhos de vestibular, que existiam em tempos longínquos. Neles eu me saía bem, conseguindo bons percentuais de bolsa, mas, possivelmente, fosse apenas uma técnica de vendas, onde todos os candidatos ganhavam alguma vantagem.

Daniel Golleman fez um grande sucesso, quando apresentou um outro tipo de inteligência, a Inteligência Emocional (QE). O tema caiu de grande agrado não apenas com o seu bestseller, como no mundo acadêmico e mesmo no empresarial. A tese de Golleman era de que a inteligência emocional era tão ou mais valiosa que o QI. São vários exemplos de pessoas de sucesso sem o nível de QI tão elevado, mas reconhecidas pela sua inteligência emocional. É uma inteligência que está relacionada, de uma forma bem simplificada, com a maneira como lidamos conosco mesmos e a maneira como lidamos com os outros. O melhor de tudo é que é um tipo de inteligência que pode ser desenvolvido por qualquer pessoa. Eu me identifiquei mais com este tipo de inteligência e salvei a minha autoestima. Mesmo que o meu QI não fosse tão elevado, restaria o QE.
Imagem: Reprodução/LinkedIn

Em algum momento, imaginei que poderia haver pelo menos um outro tipo de inteligência, a Inteligência Espiritual. Antes que eu fizesse alguma coisa com esta conclusão, Danah Zohar e Ian Marshall escreveram um livro exatamente com este título, propondo o índice QS. O termo pode gerar interpretações errôneas, como tudo o que envolve o termo espiritual. Neste tipo de inteligência, um QS elevado nos faria estar bem resolvidos em questões existenciais como a missão, o propósito, o legado e, no seu conjunto, o que no MCI chamamos de sentido. A idade parece favorecer a QS, embora não a garanta, assim como ser velho não significa ser maduro. De qualquer maneira, a QS pode ser trabalhada e desenvolvida, o que é uma ótima notícia. Seria a QS uma evolução da QE, ou seria o contrário?

E para que serve mesmo a inteligência? Qual seria a relação entre inteligência e felicidade? Conheço pessoas reconhecidamente inteligentes em muitas áreas, mas que são céticas, mal-humoradas e excessivamente críticas. Veem o mundo em preto e branco, não são gratas e nem percebem graça em nada. Usam a sua inteligência para provar a si mesmas e, se puderem aos outros, que nada e ninguém é tão bom como possa parecer. Não sei você, mas fujo deste tipo de inteligência.

Shizard Shamine fala em um tipo de inteligência que nos aproxima da felicidade, independentemente de nosso QI. É o que ele chama de QP, coeficiente de positividade ou Inteligência Positiva. A relação deste tipo de inteligência com a felicidade pode ser encontrada em diversos estudos da neurociência e da psicologia positiva, todos eles convergindo para o fato de que, por exemplo, uma mente treinada para ser grata, altruísta e para enxergar oportunidades, mesmo diante das dificuldades, tende a se sair melhor, ser mais feliz.

Uma pessoa com inteligência positiva elevada vivenciará com mais facilidade, ao menos, três vezes mais momentos positivos do que negativos, proporção mínima, segundo os estudos, para a percepção de felicidade. Isto equivale a 75% do tempo. Ou seja, em um dia de 16 horas em que estejamos acordados, experimentarmos o mínimo de 12 horas de uma sensação de bem-estar ou de momentos positivos. Está aí um tipo de inteligência que desejo ter e desenvolver.

E você, que tipo de inteligente é você? Que tipo deseja ser?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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