Que tipo de competidor você é?

Segundo o escritor Arthur da Távola, há uma diferença radical entre o “competir com” e o “competir contra”.

Por Julio Sampaio de Andrade – juliosampaio@consultoriaresultado.com.br

Ouço a Mariana dizer: “estou tentando melhorar, mas eu sou muito competitiva”. Já o José declara abertamente: “uma das minhas principais forças é a competição. Sou movido a desafios”. Mariana encara a competição como algo ruim, algo que ela deveria melhorar. José, ao contrário, enxerga como algo positivo, que o impulsiona para frente. Ser competitivo, afinal, é bom ou ruim?

Alguns encaram a vitória sobre um adversário como um sinal de superioridade, uma espécie de confirmação de seu valor. Outros fogem da competição de tanto a valorizarem, pois se não forem vencedores, isto seria confundido com o seu valor. Talvez conseguissem vencer, mas se abstiveram de tentar, com medo do fracasso. Nos dois casos, o que prevalece é a insegurança e a necessidade de atender às expectativas externas. O segundo ainda poderá enganar a si mesmo e aos demais, demonstrando um comportamento mais passivo, mas a competição estará lá guardada, na verdade, escondida. Nos dois casos, podemos dizer que temos uma atitude competitiva negativa.

Timothy Gallwey, em determinado momento de seu livro O Jogo Interior do Tênis, afirma: “quando reconhecemos a importância da existência dos obstáculos, fica fácil entender os benefícios potenciais dos esportes competitivos”. E complementa mais adiante: “no tênis quem é o responsável por apresentar os obstáculos? O adversário. Então ele é um amigo ou inimigo? Desempenhando o papel de inimigo ele está sendo seu amigo. E competindo, ele coopera com a sua melhora”. Timothy procurava demonstrar que na vida, ocorre o mesmo que nos esportes.

Ao contrário dos exemplos anteriores, podemos dizer que o olhar de Gallwey sobre o adversário é uma atitude competitiva positiva. Neste olhar, o adversário, assim como as dificuldades, nos faz crescer, nos fortalece, nos faz ser melhores do que somos. Se acreditarmos assim, dentro de uma dosagem e intensidade adequadas, a competição é boa e não ruim. Não teremos por que fugir dela.

Segundo o escritor Arthur da Távola, há uma diferença radical entre o “competir com” e o “competir contra”. No “competir com”, utilizamos o adversário como um impulsionador e poderemos até desenvolver uma certa admiração e sentimento positivo por ele. É o que Adam Grant chama de “rival digno”. No “competir contra”, queremos a destruição do adversário e poderemos desenvolver sentimentos negativos que, talvez, nem o atinjam significativamente, mas que serão prejudiciais para nós mesmos. Afinal, emoções positivas são ingredientes necessários para a construção de felicidade.

Um outro ingrediente para a felicidade é a superação de metas e desafios, o que às vezes, envolve superar o concorrente ou o adversário. Isto não é ruim, não é pecado e nem significa que fizemos um mal para ele. Um bom jogo é para ser jogado. Haverá um vencedor, e que possamos ser nós, se o merecermos. E sempre haverá novos jogos. Bons jogos terão bons jogadores, como são Mariana e José. Eles sempre poderão usufruir e sair maiores, como nos ensinou Nelson Mandela quando disse: “Eu nunca perco. Ou eu ganho, ou aprendo”. Voltando a Gallwey, é dele a afirmação: “descobri que a verdadeira competição é igual a verdadeira cooperação”.

Somos todos competidores, mas não somos todos iguais. Que tipo de competidor você é?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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