Onde você está? No passado, presente ou futuro?

Jorge, Maria, Silvia e Carlinhos, cada um vivendo uma relação difícil com o tempo. Sabemos que o tempo é generoso e é também rigoroso.

Jorge trabalhou 25 anos em uma empresa de aviação, tendo feito carreira e chegado a um cargo de diretoria. Foi nesta empresa que ele viveu suas maiores vitórias profissionais e os maiores desgastes. Depois de uma relação de tanto tempo, Jorge saiu magoado, revoltado, sentindo-se injustiçado. Mesmo tendo recebido uma boa bolada, mais do que teria direito por lei, Jorge estava indignado, levantando direitos questionáveis. Acionou a empresa juridicamente e perdeu, o que não era comum na esfera trabalhista. Até hoje Jorge só fala na empresa e nas pessoas que conviveram com ele, sempre ridicularizando os que considera responsáveis pela sua saída. Sua conversa sempre gira em torno do mesmo assunto. O que chama mais atenção, no entanto, é que Jorge já saiu da empresa há mais de 25 anos. Mais tempo que esteve por lá. Jorge está preso ao passado.

Maria, ao contrário. Para ela não existe o passado e nem mesmo o presente. Está sempre vivendo o futuro imediato, pensando no que vem depois. Os amigos a consideram ansiosa e, talvez, seja mesmo, embora ela resista ‘a ideia. Quando está num lugar, seu pensamento está no outro seguinte. Isto ocorre no trabalho, no lazer e até nos momentos com o namorado. Maria não consegue estar presente. Ela está presa ao futuro imediato.

Silvia, por sua vez, sentiu-se sempre numa relação saudável entre o presente e o futuro. Construiu sua trajetória traçando metas, conquistando várias delas. Era comum estabelecer objetivos para vários anos. Foi assim quando projetou sua carreira, seu casamento, a compra da casa própria, os estudos universitários dos filhos e até a vida pós-aposentadoria. Isto ocorreu até a pouco tempo, mas agora que está com mais idade, pensa que cada vez mais faz menos sentido pensar em futuro. Isto gerou nela o que é chamado na psicologia de presente indeterminado que costuma ser acompanhado de uma ausência de sentido. Silvia está sem futuro.

Imagem: Reprodução/LinkedIn

 O irmão de Silvia, Carlinhos, orgulhou-se durante toda a vida de ter vivido o presente cem por cento. Sua frase preferida era de que não existe o passado ou o futuro, mas apenas o presente. Por conta disso, sempre gastou o que tinha nas mãos e, agora na velhice, vive de ajuda da família, em condições bem precárias para quem já teve uma boa posição profissional na área de publicidade. O presente não é favorável para Carlinhos e foi o que ele sempre teve.

Jorge, Maria, Silvia e Carlinhos, cada um vivendo uma relação difícil com o tempo. Sabemos que o tempo é generoso e é também rigoroso. Há um provérbio oriental que diz que “com o tempo nem Deus pode” e outro que afirma “Tempo é Deus”. Sempre provoco os meus clientes com a questão: como é a sua relação com o tempo?

Há poucas semanas, ouvi de um deles: “Estou em guerra com o tempo. Está sempre faltando”. Algumas expressões que já ouvi: “estou correndo atrás do tempo” ou “estou sendo sufocado pelo tempo”. Nestas horas, costumo usar a metáfora das ondas do mar. Não seria melhor pegarmos a onda do tempo, ao invés de lutarmos, corrermos atrás dele ou sermos por ele sufocados?

Como diz a música do Lulu Santos: “Nada do que foi será do jeito que já foi um dia. Tudo passa, tudo sempre passará. A vida vem em ondas, como um mar, num indo e vindo infinito”.

Não aprendemos em casa ou na escola a lidar com o tempo e muito menos com as dimensões do passado, do presente e do futuro. Há uma beleza no passado que nos trouxe até aqui, com tudo que tenha sido agradável ou não. Há vida no presente e a nossa respiração e sentimentos nos fazem sentir existir. Há uma mágica no futuro que nos faz construir realidades a partir dos sonhos invisíveis.
E você, como é a sua relação com o tempo? Onde você está? Passado, presente ou futuro?

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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