O sonho, a missão e o propósito de Jacira

Jacira acredita na existência de um Criador e se questionava com frequência sobre o que veio fazer neste mundo. Teria que haver um sentido. Mas como descobrir a sua missão?

Desde cedo, Jacira demonstrava vocação para o magistério. Nas brincadeiras de boneca, ela não era a mãe, mas a professora. Seu primeiro emprego foi numa escola, como auxiliar de limpeza. Continuou os estudos, sonhando que um dia estaria naquela mesma escola dando aulas e sendo chamada de tia. Tentou o vestibular para pedagogia, só que não passou. Tentou outra vez e foi classificada para uma faculdade particular, muito fora de suas condições financeiras. Deixou o sonho de lado e agarrou a oportunidade de trabalhar em uma empresa de consultoria, como uma espécie de recepcionista e secretária. Ganhou confiança dos patrões e foi melhorando de ganho e de funções, ano a ano, durante dez anos. Precisou fazer outros cursos, desta vez, ligados à administração e a vendas. Enquanto estudava, o que mais a deixava feliz era ensinar depois aos colegas o que havia aprendido. Era querida e parecia que a sua carreira estava indo numa boa direção.

Foi quando Jacira participou de um programa de coaching em grupo, em que foi provocada a olhar para si mesma, identificar os seu valores e refletir sobre a sua missão. A palavra vem do latim, missĭo,ōnis, ação de enviar, incumbência que alguém deve executar a pedido ou por ordem de outrem. Estabelece a missão quem cria ou quem está na posição de atribuí-la. Jacira acredita na existência de um Criador e se questionava com frequência sobre o que veio fazer neste mundo. Teria que haver um sentido. Mas como descobrir a sua missão? A dica seria busca-la na sua própria história de vida, nos seus talentos e nos sonhos que tinha quando criança.

Foto: Reprodução/LinkedIn

Não demorou mais do que alguns minutos. Seu coração bateu mais forte e ela sentiu uma grande emoção. Sim, era isso. Essa era ela, Jacira. Sua missão estava agora clara. Ela veio ao mundo para ser educadora e era isto que ela iria fazer. Sabia que não poderia jogar tudo para o alto. Tinha compromissos com as pessoas, com a empresa em que trabalhava e tinha contas para pagar. Precisaria fazer uma ponte entre onde estava e onde queria estar.

Jacira pediu um horário com o seu chefe, expôs as suas descobertas e o quanto ela estava entusiasmada. Jacira agora tinha também um propósito, uma outra palavra que vem do latim, prospoĭtum,i ‘id., aquilo que se busca alcançar, vem de dentro e carregado de forte emoção. Ele muda de acordo com a fase de vida. Ao contrário da missão, que é atribuída, ninguém estabelece o propósito para outra pessoa. Sua emoção contagiou seu chefe, que mesmo lamentando a perda de sua saída, tornou-se um aliado ao propósito de Jacira, de construir a tal ponte para o seu sonho.

Jacira tinha pressa. Era preciso fazer o que veio fazer aqui, mesmo que isto representasse dar uns passos atrás na carreira e começar tudo de novo. Em poucos meses, Jacira ingressou numa faculdade de educação, saiu da empresa de consultoria e foi ser estagiária em uma escola, dedicando-se a crianças excepcionais. Seu salário era um terço do que já estava ganhando, mas Jacira estava mais feliz do que nunca. Estava indo na direção de seu sonho de ser professora e realizando o seu propósito de trocar de área naquele momento. Seu novo propósito seria ser uma boa estagiária com as crianças que cuidaria e se formar como educadora. Estava seguindo o seu coração e cumprindo a sua missão.

Nossos sonhos dizem muito sobre nós mesmos. Somando-se a nossa história e aos nossos talentos, podem nos ajudar a descobrir a nossa missão e a desenvolver um forte propósito. É o tal sentido, mais uma palavra que vem do latim, sentire, significado. Segundo Victor Frankl, é a sua ausência que gera o vazio existencial, o mal do século, origem de depressões e outras doenças.

Passaram-se anos e Jacira agora é a professora Jacira. Parabéns, professora. Que novos sonhos e propósitos se realizem, enquanto cumpre a sua bela missão.

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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