Duas jovens deusas, vivendo hoje em planos diferentes. Ambas nos lembram uma verdade que já sabemos.
Tia Rita está lá, onde quer que seja. Está vivendo o seu presente, como sempre o fez. “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”, disse Caetano. Mas é preciso estar presente na sua própria vida, o que também deve valer para depois dela.
Convido para esta conversa a Wendy Mitchel, um outro tipo de deusa. Ela convive com demência desde 2014. Tinha uma vida comum até que a demência a alcançou aos 41 anos. Hoje, vive um propósito maior do que ela mesma. Mora sozinha, é palestrante internacional, luta pelos portadores do mesmo mal e escreveu dois livros depois de diagnosticada a doença: Alguém que eu costumava conhecer e O que eu gostaria que as pessoas soubessem sobre a demência. São livros humanos, que trazem a voz de pessoas humanas que, frequentemente, são tratadas com impaciência ou como se já não estivessem aqui. Sem julgamentos. Sabemos o quanto é difícil para quem está por perto também. Meu pai teve Alzheimer e sei o quanto foi duro para a minha mãe, sempre do seu lado, cumprindo o “até que a morte os separe”.
Neste momento, o que quero é trazer de Wendy é uma de suas reflexões sobre felicidade. “A felicidade para mim e muitos dos meus amigos, envolve a atenção plena e a apreciação do momento presente, porque o passado frequentemente é um borrão e o futuro é incerto. Entretanto será que algo realmente mudou? Não deveríamos todos viver no presente”?
Presença é um dos quesitos para a felicidade. É difícil estar presente. Enquanto escrevo sou interrompido pelas mensagens que não param de chegar. Elas vêm como que a gritar que são urgentes. Não são. Elas podem esperar, mas eu preciso convencer a minha mente disso.
A felicidade só pode ser desfrutada no presente. É a própria Wendy quem complementa: “ao crescermos perdemos o hábito de focar uma coisa de cada vez e deixamos que o desejo por outras, estrague o que estamos vivendo no momento. Mais do que tudo, a demência me ensinou que precisamos retornar ao agora”.
Wendy e Rita, duas jovens deusas, vivendo hoje em planos diferentes. Ambas nos lembram uma verdade que já sabemos. Não é hora de nos prender ao passado e o futuro será sempre futuro. Somos felizes, ou não, unicamente no presente. Estando presentes no presente. É simples, embora não seja fácil. Vale para os mortais como eu e você. Vale para as deusas, roqueiras ou não.
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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