​O que seria aprender a aprender?

Se todas as respostas estão disponíveis em abundância, o aprender a aprender seria, então, buscar as melhores perguntas?

Não sei se para você é uma coisa clara, mas para mim sempre foi uma expressão um tanto abstrata. O que seria aprender a aprender? Aprender a ler, aprender a escrever, aprender a estudar, aprender a decorar, me parecem ideias objetivas, nem sempre tão fáceis de executar, mas que sugerem algo, até certo ponto, palpável. Aprender a aprender seria uma espécie de looping?

A ideia de que temos as respostas dentro de nós também contraria uma lógica concreta. Como assim? Não vamos desde cedo à escola para um professor nos ensinar as respostas de perguntas que eles mesmos nos farão? Quanto é 8 x 9? Como se conjugam os verbos? Quando e o que foi a revolução francesa? Quais são as partes do corpo humano? O que é uma molécula? Como saberemos destas coisas e de tantas outras, sem um professor ou ao menos um livro? O que significa dizer que as respostas se encontram dentro de nós?

Sócrates, Platão e Aristóteles viveram há mais de 2000 anos e, ainda hoje, influenciam o pensamento humano. Sócrates criou a maiêutica e saía por aí fazendo perguntas para as pessoas, deixando-as confusas, buscando respostas. Era considerado o homem mais sábio da Grécia. Ele dizia que, se era o mais sábio, era porque era o único que sabia que nada sabia. Era preciso procurar as respostas, a verdade.

Foto: Reprodução/LinkedIn

Os gregos antigos acreditavam que o ser humano traz dentro de si todo o conhecimento que precisaria para viver. Que a verdadeira educação seria a busca deste conhecimento. O aprendizado deveria vir da experiência pessoal e não de fontes externas. A vivência de uma determinada situação deveria gerar um tipo de conhecimento, aplicável em uma outra mais complexa. Algo como: o que aprendi ao fazer um bom molho de uma massa no domingo, pode me ajudar a contornar uma situação de conflito na reunião de segunda com a equipe.

Temos hoje um volume infinito de informações e há estudos que dizem que o conhecimento da humanidade dobra a cada duas horas. Se fosse a cada 24 horas, ou 48, ou mesmo a cada ano, já seria algo inimaginável e inatingível para qualquer um de nós. Muito deste conhecimento será descartado em pouco tempo. No entanto, qualquer adolescente hoje tem acesso, na palma das mãos, a mais informações do que o presidente da nação mais poderosa do mundo, há apenas alguns anos. A pergunta é: como isto pode ser processado, aplicado e, principalmente, servir como fonte de felicidade? Caso contrário, do que valeria?

Creio que é aí que o looping do aprender a aprender e a sabedoria grega se aproximam. As respostas estariam em nós mesmos: coração, mente e espírito? Parece mesmo que é aí que estão as respostas para as perguntas que realmente importam. Se todas as respostas estão disponíveis em abundância, o aprender a aprender seria, então, buscar as melhores perguntas? As perguntas que ajudarão a construir felicidade, para nós mesmos e para os outros? Seria isto o aprender a aprender?

Para terminar, caro leitor, deixo mais uma questão: “qual seria a pergunta mais importante que você poderia fazer a você mesmo?”

Sobre o autor

Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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