Ajudar o outro a pensar, acreditar verdadeiramente no seu potencial e dar espaço para ele, requer de nós um tipo de grandeza e de desapego que não costuma ser a nossa natureza.
Todos nós já vivenciamos momentos em que queríamos muito ajudar alguém a resolver um problema e nos sentimos incapazes de fazê-lo. Não por não sabermos o que ela deveria fazer. Ao contrário, era tudo muito claro, simples, às vezes, óbvio. Mais fácil do que quando tratamos dos nossos próprios problemas. Seria apenas a pessoa fazer o que sabíamos que era o melhor caminho. Tentamos tirar o volante das mãos dela e assumir a direção, mas ela resistia e isto nos deixava tensos também. A pessoa, que poderia ser um amigo, um filho, ou um liderado, quer ajuda, mas não quer fazer o que dizemos para ela fazer. O que há de errado com ela? O que há de errado conosco?
Sabemos que não há nada de errado conosco. Só queremos ajudar, ou liderar, ou educar. E com a pessoa? Ela é apenas uma outra pessoa, com os seus próprios mapas mentais. Uma de suas necessidades mais humanas é fazer o seu próprio caminho e chegar às suas próprias respostas. É possível ajudar quando assumimos o simples e dificílimo papel de facilitadores e, não, de direcionadores. Para isso, é preciso mais do que vontade.
Estudo recém-publicado pela Case Western Reserve University confirmou um forte conflito entre duas maneiras de pensar sobre nós mesmos. Uma delas, centrada no que gostaríamos de ser ou fazer, o nosso eu ideal. O outro, o nosso eu real, acrescido de pensamentos autocríticos que, complemento eu, podem ser bastante cruéis.
O foco no problema e nas soluções externas nos coloca na esfera do eu real e não nos gera desenvolvimento. As neuroimagens do estudo mostram poucas áreas do cérebro sendo acionadas.
De maneira diferente, quando somos provocados a focar o futuro, buscarmos respostas internas e trabalharmos com o nosso eu ideal, enxergamos novas possibilidades, vivenciamos emoções positivas e criamos motivações intrínsecas mais consistentes. Somos nós os “proprietários” das soluções e das escolhas. As neuroimagens mostram muitas áreas do cérebro sendo acionadas.
Ajudar o outro a pensar, acreditar verdadeiramente no seu potencial e dar espaço para ele, requer de nós um tipo de grandeza e de desapego que não costuma ser a nossa natureza. É preciso agir conscientemente para isso, até que seja incorporado aos nossos hábitos e à nossa maneira de ser. Há competências a serem desenvolvidas e técnicas que podem ser aprendidas e treinadas.
É por isto que o estudo de técnicas do coaching profissional e do mentoring avançado, pode ser tão útil a qualquer pessoa que queira fazer uso de seus talentos para ajudar pessoas. Afinal, todos estamos aqui para fazer uso destes talentos e sermos úteis, não é mesmo? Vontade para fazer isto, é da nossa natureza. E é mesmo o primeiro passo. Saber fazer isto, requer preparo.
No MCI trabalhamos com a premissa de que para sermos melhor qualquer coisa, pai, mãe, amigo, profissional, precisamos ser antes uma pessoa ainda melhor. E é por isto que faz todo o sentido, além das técnicas, investirmos em autoconhecimento e em maneiras de ser e fazer feliz.
Puxa, você pode pensar: precisa tudo isso para ajudar alguém? Não sei que resposta você teria a esta pergunta. Me vem à mente outras duas perguntas: enxergando o meu eu ideal, o quanto isto seria realizador? O que posso fazer para chegar lá?
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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