Caro leitor, quanto vale para você um forte abraço amigo?
Estamos ambos vacinados, o que nos deixou mais à vontade. Relembramos histórias antigas e acontecimentos recentes. Cláudio passara momentos difíceis nos últimos anos e finalmente estava conseguindo retornar ao mercado de trabalho. Mesmo sendo em uma posição bem aquém da que já ocupara, estava muito feliz. Todas as dificuldades que enfrentara o transformaram em uma outra pessoa. Mais humana, mais sensível, mais espiritualizada. Ele mudara a tal ponto de ser agora cobrado pela família e pelas pessoas mais próximas de já não ser o mesmo. Sua ex-mulher, agora amiga, reclama brincando: “no meu tempo você não era assim, não era tão gentil, por que somente agora?”. Pensei como é estranho o fato de sermos cobrados para não mudar, para sermos coerentes com os nossos defeitos, não é mesmo?
Somente no fim do almoço, soube dos motivos de sua viagem, primeiramente para Itajaí e depois para Curitiba. Na cidade de Santa Catarina mora um amigo dele que, não apenas encaminhou o currículo de Cláudio para uma conceituada empresa, como defendeu que ele fosse ao menos entrevistado, mesmo o seu currículo parecer inadequado para a função, pelos excessivos atributos. O resto seria com Cláudio, que conseguiu contrapor os questionamentos dos entrevistadores e conquistar a vaga. Cláudio viajou de São Paulo para Itajaí para agradecer pessoalmente ao tal amigo. Também era este o motivo de sua ida a Curitiba, para agradecer pessoalmente o apoio que diz ter recebido de mim nos últimos tempos. Não foi um apoio material, mas entendi o que ele reconheceu ter recebido, não sendo necessária nenhuma explicação adicional.
Alguém próximo lhe questionou: “precisa de tanto sacrifício, ir tão longe, para dizer obrigado? Você não pode enviar um e-mail, dar um telefonema, ou coisa assim? Não seria a mesma coisa?”. Não para Cláudio. Não também para um outro amigo, Moreira. Ele tem o estranho hábito de sair de Brasília para São Paulo, Manaus, Rio, Vitória e até Paris apenas para dar um abraço pessoalmente a um amigo, no dia de seu aniversário. Recebi dele e da esposa, Lourdinha, esta homenagem uma vez. Vieram a Curitiba, almoçamos e eles voltaram para Brasília. Como explicar isto? Parece tão ilógico neste mundo tão prático, não é mesmo?”
Faltou dizer que não é a mesma coisa somente para eles. Também para quem recebe este abraço é muito diferente. Como diz uma destas pessoas homenageadas: “É receber o presente de um amigo estar presente, sendo este o melhor presente”. Neste momento somos obrigados a fugir de contatos físicos e muita coisa é feita virtualmente, o que é útil e necessário. Além disso, é difícil estar 100% presentes com alguém, sem os desvios do celular e dos pensamentos. Por tudo isto, vale lembrar o quanto é especial um abraço amigo verdadeiro, por mais estranho e exótico que possa parecer. Caro leitor, quanto vale para você um forte abraço amigo?
Julio Sampaio (PCC, ICF)
Idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute
Diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching
Autor do Livro: Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital), dentre outros
Texto publicado no Portal Amazôna e no https://mcinstitute.com.br/blog/