É comum ouvirmos histórias de sonhos, inspirações ou lembranças em momentos oportunos, que nos ajudam em nossa jornada e, às vezes, nos livram de maus bocados. Seriam apenas coincidências?
Nesta semana, comemoramos o Dia dos Finados aqui no Brasil. Centenas de milhares de pessoas visitarão cemitérios em todo o país, levando flores, velas e farão orações pelos seus entes queridos. O Solo Sagrado do Brasil, templo da Igreja Messiânica, em São Paulo, vai receber milhares de pessoas para cultuar os seus antepassados e outras milhares participarão pela internet. O clima é de festa e não de tristeza. O mesmo ocorre em países como o México, cujas famílias se reúnem para comer, beber e relembrar as pessoas que partiram.
O filme ‘A Vida é um Festa’ mostra de uma maneira criativa e divertida esta comemoração, com várias mensagens importantes. Uma delas é que as pessoas que são lembradas permanecem vivas, só desaparecendo quando são completamente esquecidas. Avôs e avós participam das festas enquanto são lembrados, recebem o amor da família e se divertem bastante. Os que são esquecidos vão perdendo energia gradualmente, não têm permissão de passar do portão e ficam muito tristes com isso. Também no filme ‘O Pássaro Azul’, avós despertam do sono profundo quando os seus descendentes se lembram deles.
Talvez isso explique por que nesta época do ano eu costume sonhar tanto com pessoas que amo e que já partiram. Estariam elas querendo ser lembradas, convidadas para a festa? Já ouvi que isto ocorre com outras pessoas também. É possível que aconteça com várias que não associam uma coisa a outra. Quem sabe? Há coisas difíceis de serem explicadas.
Cresci ouvindo de minha mãe que, quando tinha meses de idade, fora desenganado por médicos. “Senhora, veja esta criança como está. Veja a sua pele e sua respiração. Está muito fraca e se viver até amanhã já será muito coisa. Lamento, senhora”, teria dito o médico para minha mãe. “Doutor, eu não trouxe meu filho aqui para o senhor dar o atestado de óbito para ele. Se o senhor não sabe o que fazer, me dê ele de volta”. Disse minha mãe, arrancando-me dos braços do conceituado médico e saindo pisando firme, batendo a porta do consultório. Minha mãe era uma pessoa decidida e, às vezes, muito brava.
Outros médicos já haviam dado um diagnóstico semelhante, embora nenhum deles de forma tão direta. Ela contava que, então, foi para casa, chorando e desesperada, agarrada ao filho, que era eu. Imagino que meu pai devia estar junto, sem saber o que fazer, e pelo seu temperamento, tentado inutilmente confortá-la.
Exausta, minha mãe teria cochilado por alguns minutos. Acordou com o nome de um remédio que havia sido prescrito por uma índia velha (minha mãe era descendente de índios, por parte de mãe) no seu breve sono. “Dê a seu filho e ele ficará curado”. Minha mãe, ainda acordando, chamou a moça que trabalhava lá em casa e disse para ela: “Vá à farmácia e veja se este remédio existe. Se existir, compre por qualquer preço. Vá correndo”. Nunca tive interesse de gravar o nome deste remédio, que minha mãe nunca esqueceu. Ela agora não está mais aqui e, provavelmente, nunca saberei. A menos que a velha índia apareça nos meus sonhos também. Seria ela um antepassado, uma avó distante, que protegeu a minha mãe e salvou a minha vida, também seu neto? Seria isto possível?
Talvez, caro leitor, você tenha a sua própria história, de algo inexplicável, por algum tipo de mensagem do além, seja lá o que você acredite. Parece mesmo que fatos como estes, independem de nossas crenças, eles simplesmente acontecem. É comum ouvirmos histórias de sonhos, inspirações ou lembranças em momentos oportunos, que nos ajudam em nossa jornada e, às vezes, nos livram de maus bocados. Seriam apenas coincidências? Fruto, quem sabe, de nosso inconsciente? Ou será que temos esta conexão com o além, recebendo e podendo enviar mensagens?
De qualquer maneira, que tal nesta semana, e em especial neste dia 2 de novembro, enviarmos boas mensagens de gratidão e alegria às pessoas amadas que já partiram, mas que continuarão existindo, ao menos, enquanto nos lembrarmos delas?
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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