Não quero tirar vantagem, mas quando era jovem, eu tinha um mundo de possibilidades. Hoje tenho um conjunto de realizações, que vivi e que existirão para sempre.
Fisicamente, posso não estar tão em forma quanto já estive, mas consigo fazer meus exercícios, trabalho como sempre trabalhei e me divirto bastante, fazendo tudo o que desejo fazer. Sei que um dia não será assim, mas que seja assim, enquanto é, como diz uma música.
O tempo também me deu experiência e me tirou a ansiedade, não toda, mas uma parte dela, a que era nociva. Ele me fez ser mais presente e a degustar melhor os momentos, os sabores, as pessoas, os amigos, a minha mulher. Também a lidar melhor com a complexidade e a simplicidade da vida. O tempo me tirou muito do desejo de ter e potencializou a ambição de ser. Também do saber. Boa parte da vida estudei para passar, tirar nota, receber certificados. Hoje leio e estudo muito mais, apenas para saber.
O passar dos anos me trouxe mais perguntas e menos certezas. Como consultor, já não tenho tantas respostas para os meus clientes. Tenho mais questões a fazer e consigo contribuir mais, pensando junto, ajudando-os a encontrar as suas próprias respostas. São respostas melhores. E para mim é libertador não ter o ônus de sempre saber e estar certo.
Quanto mais vou pensando, mais vou descobrindo ganhos que a vida me trouxe. É o tal vórtice positivo, a espiral que se retroalimenta e que torna efetivo o exercício da construção consciente da felicidade. Nossa mente e nosso espírito podem vibrar em frequências positivas ou negativas, diante da mesma realidade.
A vida trouxe perdas ao longo dos anos? Sim, é claro, mas em todas elas, tive a oportunidade de crescer e de aprender, o que não quer dizer que tenha conseguido sempre o melhor. Posso não ter escolhido o que veio, mas o que fiz com o que veio foi sempre uma questão minha.
Como um “velho senhor”, não quero tirar vantagem dos mais jovens. Sei como é ser jovem, porque já fui um dia. Sei que eles saberão o que é ser mais velho, quando chegarem até aqui. Isto não ocorre de imediato. A cada dia, o tempo nos oferece a transformação. Ela não é opcional, mas pode ser bem ou mal recebida e usufruída.
Como disse, não quero tirar vantagem, mas quando era jovem, eu tinha um mundo de possibilidades. Hoje tenho um conjunto de realizações, que vivi e que existirão para sempre. Elas estão lá no passado. Eu estou no presente. O futuro ainda vai chegar. Como é bom um novo ano. Como é bom envelhecer.
Sobre o autor
Julio Sampaio (PCC,ICF) é idealizador do MCI – Mentoring Coaching Institute, diretor da Resultado Consultoria, Mentoring e Coaching e autor do livro Felicidade, Pessoas e Empresas (Editora Ponto Vital). Texto publicado no Portal Amazônia e no https://mcinstitute.com.br/blog/.
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